Questões de Concurso Público UFAM 2022 para Bibliotecário Documentalista

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Q1909094 Português
   Antes de responder à questão, leia o artigo a seguir, de autoria do escritor amazonense Márcio Souza. Foi publicado no jornal “A Crítica” de 14/01/2007, na seção “Crônica de domingo”, numa coluna cujo título era “Mormaço”.

   Sim, caros leitores, há uma coisa maravilhosa nesta terra que ninguém até hoje foi capaz de conspurcar. É o rio Negro, a quem Manaus pertence, mas não domina. Somos todos filhos deste rio poderoso, caudatário de civilizações e muito maior que nossa urbe maltratada e orgulhosa. A cidade lança detritos e esgotos nas águas escuras e de lá vem a água que nos serve. De vez em quando ele se faz presente e invade a cidade sem pedir licença. O rio Negro é o nosso portento
   Mergulhar nas águas desse rio tinto é como regressar à placenta materna. Nós, os nativos, sabemos disso há séculos. Eis porque, ao longo das margens, há tanta gente a banhar-se, o que não é tão natural no Madeira, ou Nhamundá, ou Trombetas, muito menos nas solenes águas barrentas do Amazonas.
   O afluente magno do Rio-Mar, que expressa o seu orgulho numa recusa teimosa em ter suas águas misturadas, por muitas e muitas milhas náuticas, correnteza abaixo. É o rio Negro que nasce dos mistérios minerais das cordilheiras guianenses e desliza-se turbilhonando em corredeiras vertiginosas, em diagonal ao subcontinente, para confrontar-se com o rio do Rei Salomão (Solimões) e formar o rio máximo Amazonas. Rio de origem de tantos povos, elo de união deste mundo com outras dimensões, o rio Negro é um traço de união geográfico a plasmar culturas.
   Talvez seja difícil para as psicologias de litoral marítimo, como é a psicologia brasileira, compreender o que significa ser ribeirinho, ser filho dos rios poderosos da Amazônia e crescer numa cultura baseada no ciclo das águas. Esta dificuldade dos litorâneos, provocada pelas vertigens marinheiras, faz com que se busque igualar um rio ao outro, como se tudo fosse a mesma coisa, a mesma correnteza, a mesma água e a mesmice dos rios em seu leito. Mas a capacidade de inventar dos rios é infinita, e somente a observação detalhada é capaz de dar conta de tanta diversidade.
   É por isso que alguns rios se tornam eixos históricos, referenciais da experiência humana: berços civilizatórios. O mar é vasto demais e convida à dispersão, inimiga do processo civilizador. Há, assim, os fulcros civilizatórios do Nilo, do Mississipi, do Reno, do Volga... e, no grande planeta dos rios que é a Amazônia, a linha sinuosa do rio Negro em seu testemunho permanente de tantas civilizações que ali se cruzaram, se hostilizaram e se esvaíram no tempo, porque de todos os rios do vale amazônico o Negro é o mais especial, único.
   Nos tempos heroicos, antes dos europeus, suas águas de veludo testemunharam a glória de grandes tuxauas. Nações de milhares de habitantes, como a brava nação Muhra, viviam na boca do rio Negro, dominando as várzeas férteis e os campos de terra firme que se estendem entre a margem esquerda, a campina de Manacapuru, até as alagadiças barrancas do Careiro e Cambixe. Os Muhras, durante séculos, foram os senhores daquelas paragens, súditos do reino do encontro das águas. Mais acima, no médio Amazonas, os gentis Baré, os Passé e os famosos Manaú. E no alto rio Negro, após as corredeiras letais, o reino do grande tuxaua Buopé e sua amada Kukuy.
   No próximo domingo, enquanto o centro de Manaus se enche de imundos carrinhos de churrascos (ó Oswaldo Cruz, em que mundo te escondes de vergonha?) e as autoridades cruzam os braços, vamos continuar falando do rio Negro, o nosso rio amado.
Sobre o texto de Márcio Souza, leia as afirmativas a seguir:

I. Em determinado(s) trecho(s), o rio Negro aparece personificado, constituindo isso uma figura de linguagem denominada prosopopeia.
II. Observa-se conotação no seguinte trecho: “suas águas de veludo testemunharam a glória de grandes tuxauas”.
III. No início do terceiro parágrafo, a oração principal não apresenta sequência após a oração adjetiva explicativa.
IV. Uma ideia do texto é que, quem nasce à beira-mar, tem dificuldade para entender o modo de vida de populações ribeirinhas.
V. O rio Negro, em virtude de em suas margens terem surgido civilizações indígenas, não é menos importante que rios como o Nilo, no Egito.

Assinale a alternativa CORRETA:
Alternativas
Q1909095 Português
   Antes de responder à questão, leia o artigo a seguir, de autoria do escritor amazonense Márcio Souza. Foi publicado no jornal “A Crítica” de 14/01/2007, na seção “Crônica de domingo”, numa coluna cujo título era “Mormaço”.

   Sim, caros leitores, há uma coisa maravilhosa nesta terra que ninguém até hoje foi capaz de conspurcar. É o rio Negro, a quem Manaus pertence, mas não domina. Somos todos filhos deste rio poderoso, caudatário de civilizações e muito maior que nossa urbe maltratada e orgulhosa. A cidade lança detritos e esgotos nas águas escuras e de lá vem a água que nos serve. De vez em quando ele se faz presente e invade a cidade sem pedir licença. O rio Negro é o nosso portento
   Mergulhar nas águas desse rio tinto é como regressar à placenta materna. Nós, os nativos, sabemos disso há séculos. Eis porque, ao longo das margens, há tanta gente a banhar-se, o que não é tão natural no Madeira, ou Nhamundá, ou Trombetas, muito menos nas solenes águas barrentas do Amazonas.
   O afluente magno do Rio-Mar, que expressa o seu orgulho numa recusa teimosa em ter suas águas misturadas, por muitas e muitas milhas náuticas, correnteza abaixo. É o rio Negro que nasce dos mistérios minerais das cordilheiras guianenses e desliza-se turbilhonando em corredeiras vertiginosas, em diagonal ao subcontinente, para confrontar-se com o rio do Rei Salomão (Solimões) e formar o rio máximo Amazonas. Rio de origem de tantos povos, elo de união deste mundo com outras dimensões, o rio Negro é um traço de união geográfico a plasmar culturas.
   Talvez seja difícil para as psicologias de litoral marítimo, como é a psicologia brasileira, compreender o que significa ser ribeirinho, ser filho dos rios poderosos da Amazônia e crescer numa cultura baseada no ciclo das águas. Esta dificuldade dos litorâneos, provocada pelas vertigens marinheiras, faz com que se busque igualar um rio ao outro, como se tudo fosse a mesma coisa, a mesma correnteza, a mesma água e a mesmice dos rios em seu leito. Mas a capacidade de inventar dos rios é infinita, e somente a observação detalhada é capaz de dar conta de tanta diversidade.
   É por isso que alguns rios se tornam eixos históricos, referenciais da experiência humana: berços civilizatórios. O mar é vasto demais e convida à dispersão, inimiga do processo civilizador. Há, assim, os fulcros civilizatórios do Nilo, do Mississipi, do Reno, do Volga... e, no grande planeta dos rios que é a Amazônia, a linha sinuosa do rio Negro em seu testemunho permanente de tantas civilizações que ali se cruzaram, se hostilizaram e se esvaíram no tempo, porque de todos os rios do vale amazônico o Negro é o mais especial, único.
   Nos tempos heroicos, antes dos europeus, suas águas de veludo testemunharam a glória de grandes tuxauas. Nações de milhares de habitantes, como a brava nação Muhra, viviam na boca do rio Negro, dominando as várzeas férteis e os campos de terra firme que se estendem entre a margem esquerda, a campina de Manacapuru, até as alagadiças barrancas do Careiro e Cambixe. Os Muhras, durante séculos, foram os senhores daquelas paragens, súditos do reino do encontro das águas. Mais acima, no médio Amazonas, os gentis Baré, os Passé e os famosos Manaú. E no alto rio Negro, após as corredeiras letais, o reino do grande tuxaua Buopé e sua amada Kukuy.
   No próximo domingo, enquanto o centro de Manaus se enche de imundos carrinhos de churrascos (ó Oswaldo Cruz, em que mundo te escondes de vergonha?) e as autoridades cruzam os braços, vamos continuar falando do rio Negro, o nosso rio amado.
Os vocábulos “conspurcar”, “portento” e “plasmar” (destacados em negrito), de acordo com o texto, apresentam, respectivamente, os seguintes sentidos:
Alternativas
Q1909096 Português
Leia a frase a seguir, de autoria de Monteiro Lobato, extraída e adaptada do livro Ideias de Jeca Tatu (São Paulo: Globo, 2008, p. 57):
Na verdade, ainda não temos uma fisionomia cultural, mas, se ainda não a temos, nós a teremos um dia.
Se transformarmos o sujeito simples da última oração em sujeito elíptico (ou oculto), a forma verbal destacada em negrito, ficará da seguinte forma:
Alternativas
Q1909097 Português
Leia as frases a seguir; depois, coloque nos parênteses que as antecedem C, se o emprego ou a ausência do acento indicativo de crase estiver correto, e E, se estiver errado:

( ) Todos se levantaram à uma, para comemorar o gol do Palmeiras na Copa Libertadores.
( ) As argumentações do palestrante ninguém foi capaz de contrapor nenhuma outra.
( ) Os homens sempre foram mais leais à força da espada do que à da lei.
( ) Caía a tarde, quando observei que as duas senhoras se dirigiam àquela casa comercial.
( ) A melhor aluna da classe será destinado um prêmio: uma viagem à Europa.
( ) Mário bebeu tanto que cheirava a álcool a três metros de distância.

Assinale e alternativa que preenche CORRETAMENTE os parênteses, de cima para baixo:
Alternativas
Q1909098 Português
Leia os versos a seguir, constantes de O Livro sobre nada, de Manoel de Barros: 

01 É mais fácil fazer da tolice um regalo do que da sensatez. 02 Tudo que não invento é falso. 03 Há muitas maneiras sérias de não dizer nada, mas só a poesia é verdadeira. 04 Tem mais presença em mim o que me falta. 05 Melhor jeito que achei pra me conhecer foi fazendo o contrário. 06 Sou muito preparado de conflitos. 07 Não pode haver ausência de boca nas palavras: nenhuma fique desamparada do ser que a revelou. 08 O meu amanhecer vai ser de noite. 09 Melhor que nomear é aludir. Verso não precisa dar noção. 10 O que sustenta a encantação de um verso (além do ritmo) é o ilogismo. 11 Meu avesso é mais visível do que um poste. 12 Sábio é o que adivinha. 13 Para ter mais certezas tenho que saber de imperfeições. 14 A inércia é meu ato principal. 15 Não saio de dentro de mim nem pra pescar.

Assinale agora a afirmativa que NÃO se refere de modo correto aos versos: 
Alternativas
Respostas
1: E
2: C
3: D
4: B
5: A