O texto seguinte servirá de base para responder à questão.
Por que pessoas param de tomar remédios de um dia
para o outro
O principal motivo que leva alguém a parar com um
medicamento é o quadro que estava sendo tratado
aparentemente se estabilizar. "Quando se experimenta a
melhora da depressão e da ansiedade, é natural sentir
que os medicamentos não são mais necessários, já que
os sintomas parecem ter diminuído", explica Asevedo.
"Porém, a armadilha aqui é que essa melhoria nos
sintomas, muitas vezes, ocorre antes da melhoria física
no cérebro."
O médico compara o cérebro a um computador, e a
doença, a um programa instalado na máquina. O
tratamento remove o programa, explica ele, mas, para
que o cérebro se proteja contra futuras recaídas, é
necessário um período considerável de uso da
medicação para que o cérebro crie novos caminhos para
funcionar sem a influência da depressão. "É
recomendável que antidepressivos sejam usados por,
pelo menos, doze meses após a alta médica e pode
chegar a até dois anos ou mesmo ser por tempo
indeterminado, caso o paciente tenha tido dois ou mais
episódios de depressão ao longo da vida", afirma
Antônio Geraldo, presidente da Associação Brasileira de
Psiquiatria (ABP).
Vanessa Favaro, do IPq-USP, diz que muitos pacientes
não veem o tratamento como parte de uma busca
contínua por saúde mental. "Compreender a abordagem
de longo prazo pode ser desafiador para alguns
pacientes, especialmente quando estão angustiados. A
busca por alívio imediato é natural, mas nem todo
sofrimento exige apenas alívio momentâneo", diz a
médica. "O entendimento do transtorno, suas bases
biológicas e a manutenção da saúde mental ao longo do
tempo são essenciais. É importante considerar não
apenas a medicação, mas também outras ações, como a
psicoterapia e técnicas de respiração."
Outra razão bastante frequente para o abandono dos
medicamentos são os efeitos indesejados sobre o corpo.
"É relativamente fácil tolerar os efeitos colaterais de um
antibiótico que só precisaremos tomar por sete dias", diz
Asevedo. "Mas, quando se trata de um quadro
depressivo que exige um tratamento contínuo de um
ano, é muito mais difícil lidar."
Entre os efeitos colaterais mais comuns dos
medicamentos psiquiátricos, o médico cita
redução da libido, sonolência, ganho de peso, efeitos
gastrointestinais, enjoo, náuseas, tremores.
https://www.bbc.com/portuguese/articles/cqv7ly8nx2qo. Adaptado.