CRESCIMENTO DO BRASIL LEVA ESTRANGEIROS A APRENDEREM PORTUGUÊS
O crescimento da economia brasileira e a maior presença de multinacionais no País aumentaram o
interesse de estrangeiros em aprender a língua portuguesa.
Enquanto europeus e americanos enfrentam altas taxas de desemprego e risco de recessão, o Brasil
se tornou o país da moda no exterior - e a língua portuguesa está cada vez mais pop.
Na última década, o número de inscritos no Celpe-Bras, exame de proficiência em português
reconhecido pelo Ministério da Educação, saltou de 1.155 para 6.139.
“A importância [do português] está crescendo, uma vez que o Brasil tem se destacado
internacionalmente por sua economia considerada estável e suas relações internacionais. O valor de uma
língua está extremamente associado ao mercado”, afirma Matilde Scaramucci, diretora do Instituto de
Estudos da Linguagem da Unicamp.
Aplicado em 48 países, o Celpe-Bras pode ser usado, por exemplo, por um executivo que queira
comprovar a proficiência no idioma para atuar em multinacionais do Brasil ou por um estrangeiro
interessado em estudar numa universidade brasileira.
É o caso da italiana Luisa Fantini, 23, formada em línguas e relações internacionais. Ela chegou há
pouco menos de um ano a Brasília acompanhada do namorado brasileiro, que conheceu em Madri, e
pretende voltar a estudar em breve - ela fará o exame ainda neste mês. Para entender as regras do
português e os complexos tempos verbais, estudantes e executivos estrangeiros têm procurado cada vez
mais as escolas de idiomas.
“Começou a ter tanta demanda que criamos diferentes níveis e o preparatório para o Celpe-Bras.
As notícias de que o Brasil está crescendo, de que não está sendo afetado pela crise, chamam a atenção”,
diz Lourdes Zilberberg, coordenadora do Departamento de Intercâmbio e Internacionalização da Faap.
Hoje, a faculdade paulista atende, em média, a 120 alunos por semestre. No início do ano, assim
que desembarcou no Brasil, o franco-espanhol Manuel Rodriguez, 41, gerente de operações da Philips,
matriculou-se numa turma de português em São Paulo.
A empresa holandesa tem incentivado executivos mais experientes a assumir funções em países que
consideram estratégicos. O “boom” de estrangeiros fazendo cursos de português também é perceptível no
exterior. O número de inscritos em centros culturais brasileiros custeados pelo Itamaraty e espalhados por
diversos países subiu de 17,5 mil em 2004 para 31,7 mil no ano passado.
Flávia Foreque, Mercado, publicado na Folha de São Paulo, em 16/10/2011.