A rapidez da Internet e o fácil acesso à troca de informação começam a tornar obrigatória uma revisão das relações
trabalhistas. Hoje bastam um computador e uma conexão
wi-fi para estabelecer uma relação profissional. Munidos de
smartphones, tablets e notebooks, profissionais passam a
trabalhar de qualquer lugar, seja em casa, seja no parque ou
no escritório – ambiente cada vez mais descartável. É uma
mudança radical, já nomeada de “revolução do emprego flexível”.
O risco, para os críticos desse movimento, pode ser
o início de uma peleja entre empregadores e funcionários,
com a deterioração das condições de trabalho. A cada ano, a
adoção desse novo método aumenta em até 70%, em substituição
à forma tradicional de bater ponto.
O economista inglês Guy Standing, autor de O Precariado:
a Nova Classe Perigosa, livro sobre as atuais condições
instáveis de trabalho, afirma que o novo método tem espalhado
insegurança. Ele calcula que, em cinco anos, uma em
cada três relações trabalhistas será realizada on-line. Para
Standing, é urgente achar uma forma de fazer a transição
sem que, no caminho, funcionários tenham direitos desrespeitados.
Já os defensores do trabalho on-line apostam que a transformação
aliviará crises de desemprego, eliminará a ideia de
escassez de mão de obra e fundará o conceito de meritocracia
global. Funcionários não serão avaliados por quão bem
se relacionam com chefes. No trabalho on-line, ninguém tem
rosto e, por isso, todos passam a ser julgados apenas pela
eficiência. Gostemos ou não, é irreal combatê-lo. Nas palavras
do escritor George Bernard Shaw: “O homem razoável
se adapta ao mundo; o insensato persiste em tentar adaptar
o mundo a ele.”
(Veja. 28.10.2015. Adaptado)