Leia o texto para responder à questão.
Estacionados na arrogância
Um dos problemas das grandes cidades, e até das pequenas, é encontrar lugar para estacionar. Uma vaga livre,
hoje, é um bilhete premiado. Muitos ficam indignados com
motoristas que não dão a mínima importância para as linhas
que delimitam o espaço para os automóveis nos estacionamentos de shoppings e demais áreas comerciais.
Então lá vem o piloto, com pressa. O estacionamento está quase vazio, há vagas ainda disponíveis. Ele nem
titubeia: imbica o carro de qualquer jeito, sem reparar que
avançou em cima daquela faixa branca ou amarela, impossibilitando que outro motorista estacione a seu lado. Ele está
ocupando duas vagas e não se importa, pois não enxerga
além do próprio umbigo e não é da sua conta se daí a pouco
aquele estacionamento estiver lotado de pessoas procurando
vaga – ele não foi programado para pensar nos outros.
O que ele deveria fazer, sem gastar mais do que 10 segundos do seu precioso tempo, era manobrar até deixar o
carro reto entre as duas faixas, com espaço suficiente para
ter vizinhos que, além de estacionarem, conseguirão abrir as
portas de seus veículos. Muitos motoristas manobram até
deixar o carro retinho e nem por isso perderam os braços
ou aumentaram o consumo de combustível. E quantos motoristas não se preocupam em repetir o que outros fizeram!
Isso criará uma corrente em que todos, durante todo o dia,
estacionarão em cima das faixas e o resultado será menos
vagas disponíveis.
Não deveria ser preciso esmolar a compreensão das
pessoas. Se todos estacionassem seus carros direitinho no
espaço destinado a eles, sem deixá-los tortos, sem avançar
na vaga alheia, sem abandonar os carros com displicência,
teriam sua contribuição reconhecida e haveria grande chance
de nós, dali a algum tempo, não termos de pagar multa por
causa disso também, já que a única didática eficaz do país
é mexer no bolso das pessoas. Vamos tentar ser educados
de graça!
(Martha Medeiros. Simples assim. Porto Alegre: L&PM, 2015. Adaptado)