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Teto de vidro
Em 1940, apenas 34% das mulheres no Brasil sabiam ler
e escrever, segundo dados do Censo do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE). Ir além da alfabetização e
ingressar em uma universidade era atividade rara para elas.
A primeira universidade brasileira, estruturada na maneira como conhecemos hoje, administrada por uma reitoria e
organizada nas vertentes do ensino, pesquisa e extensão,
surgiu na década de 1920, com a Universidade do Rio de
Janeiro, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Na década de 1930, surge a principal universidade do Brasil:
a Universidade de São Paulo (USP).
A criação da USP se dá com a organização da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, atualmente Faculdade
de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). Desde a
década de 1930 até hoje, a Faculdade teve somente uma
mulher no cargo de diretora: Sandra Margarida Nitrini, que
desempenhou a função entre 2008 e 2012.
A advogada Esther de Figueiredo Ferraz foi a primeira
professora mulher da USP, ocupando o cargo na década de
1950, vinte anos após a criação da universidade. Mais que
isso, Esther se tornou a primeira docente mulher na Faculdade mais antiga do Brasil, a Faculdade de Direito de São
Paulo, fundada em 1827 e integrada à USP em 1932. Desde
o século 19, a Faculdade de Direito da USP teve somente
uma mulher no cargo de diretora, Ivette Senise Fonseca, que
ocupou a cadeira entre 1998 e 2002.
Ser a primeira docente universitária do Brasil permitiu
que Esther fosse também pioneira em outras áreas: foi a primeira reitora mulher da Universidade Mackenzie e a primeira
ministra da história nacional, em 1982, ocupando a pasta da
Educação. Apesar de muitos avanços das mulheres no setor
educacional, Esther ainda é a única mulher nomeada ministra
da Educação no Brasil.
(Laís Modelli, Teto de vidro. Revista Cult, setembro de 2016)