Leia o texto para responder à questão.
A força do movimento feminista é uma característica da
década atual. As passeatas e manifestações em defesa das
mulheres e contra a violência sexual, o coro unido do “Não é
não”, a dissonância política são demonstrações inequívocas
disso. De certa maneira, ecoam movimentos contestadores
que surgiram desde 2008, como os protestos do acampamento “Occupy Wall Street” nos Estados Unidos, as grandes manifestações na Índia contra o estupro e as passeatas
gigantescas na Argentina em defesa do direito ao aborto.
No campo intelectual, pesquisadoras mundo afora se
debruçaram na busca por respostas a questões complexas:
que resultados as antigas feministas conseguiram e quão
adequados eles foram para as necessidades das mulheres?
Que mudanças foram trazidas globalmente para alterar relações injustas de gênero? O poder masculino na esfera pública ruiu na mesma velocidade que na esfera particular ou se
transferiu de um polo para outro?
Não são poucos os estudos a apontar que os avanços
na igualdade de gênero têm andado de mãos dadas com o
crescimento da desigualdade socioeconômica pelo mundo.
A britânica Susan Watkins, editora da revista New Left
Review, publicou um longo ensaio em que analisa as principais conquistas do feminismo global nos últimos 25 anos.
Disse que, sem dúvida, o maior ganho foi um notável avanço
de conhecimento, com a expansão da coleta de dados, estudos de campo e análise comparativa.
“A mudança social concreta atribuível à agenda feminista
global, entretanto, tem sido menor e está em grande parte
concentrada no topo da pirâmide social. O mais significativo
tem sido o aumento de mulheres jovens no ensino superior,
em parte devido à expansão dos sistemas universitários na
China, no Oriente Médio e na América Latina. No plano político, a proporção total de mulheres nos parlamentos nacionais
aumentou de 12% em 1997 para 24% em 2017, com alguns
dos maiores aumentos na América Latina (53% na Bolívia); a
eficiência com que essas gestões femininas representam os
interesses das mulheres, uma vez eleitas, é outra questão”,
analisou.
(Victor Calcagno, “Sobre o feminismo”. Época, 17.06.2019. Adaptado)