Questões de Concurso Público Prefeitura de Cerquilho - SP 2019 para Professor de Educação Básica - História

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Q1142180 História
A historiografia brasileira tradicional, pautada na concepção positivista, que privilegiou a ação dos “heróis nacionais”, em detrimento de outros sujeitos históricos, teve respaldo na política de preservação patrimonial em nosso país. Elegemos, no decorrer da História, os bens culturais representativos dos segmentos dominantes, sobretudo os ligados ao elemento de origem europeia, e relegamos ao esquecimento a contribuição de outros segmentos étnicos na formação da cultura brasileira.
[Ricardo Oriá. Memória e ensino de história. Em Circe Bittencourt (org). O saber histórico na sala de aula]

Segundo o fragmento citado, é correto afirmar que

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Q1142182 História
Ao utilizar-se do filme no processo de ensino, ainda acredito que todo o esforço do professor de humanidades deve ser no sentido de mostrar à maneira do conhecimento histórico – o filme também é produzido, também ele irradia um processo de pluralização de sentidos ou de verdades – e, da mesma forma que na História, o filme é uma construção imaginativa que necessita ser pensada e trabalhada interminavelmente.

[Elias Thomé Saliba. Experiências e representações sociais: reflexões sobre o uso e o consumo das imagens. Em Circe Bittencourt (org). O saber histórico na sala de aula]

A partir do excerto, é correto afirmar que o professor em sala de aula deve considerar que
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Q1142183 História
Dessa maneira não basta apresentar os objetos em uma sequência que só faz sentido para o pesquisador das áreas de História, Arqueologia e Etnologia, pois, neste momento – que já não é mais o da preocupação da pesquisa básica dessas áreas –, os objetos devem estar reunidos para produzirem um discurso museográfico inteligível para os leigos, através dos documentos materiais ali apresentados.

[Adriana Mortara Almeida e Camilo de Mello Vasconcellos. Por que visitar museus. Em Circe Bittencourt (org). O saber histórico na sala de aula]

De acordo com o fragmento em questão, é correto afirmar que a visita aos museus é
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Q1142184 História
Podemos dizer que todos esses documentos são obras humanas, não sendo possível, segundo Bakhtin, lê-los ou compreendê-los como simples objetos ou coisas que exemplificam contextos. Nos documentos existem sujeitos que falam e que constroem sentidos específicos para a realidade retratada, através de estilos comuns às suas épocas, de formas, de contornos e de materialidades que são, simultaneamente, originais.

[Antonia Terra. História e dialogismo. Em Circe Bittencourt (org). O saber histórico na sala de aula]

A partir do excerto e do artigo, é correto afirmar que
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Q1142185 História
Assim, o papel do livro didático na vida escolar pode ser o de instrumento de reprodução de ideologias e do saber oficial imposto por determinados setores do poder e pelo Estado. É necessário enfatizar que o livro didático possui vários sujeitos em seu processo de elaboração e passa pela intervenção de professores e alunos que realizam práticas diferentes de leitura e de trabalho escolar.

[Circe Bittencourt. Livro didático entre textos e imagens. Em Circe Bittencourt (org). O saber histórico na sala de aula]

O excerto sugere que o livro didático para o ensino de História deve
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Q1142186 História
As mudanças têm sido importantes para fazer com que os alunos passem da análise, observação e descrição do documento para uma fase em que este sirva para introduzi-lo no método histórico. Outro aspecto a destacar é que tais mudanças podem levar à superação da compreensão do documento como prova do real, para entendê-lo como documento figurado, como ponto de partida do fazer histórico na sala de aula. Isso pode ajudar o aluno a desenvolver o espirito crítico, reduzir a intervenção do professor, e diminuir a distância entre a história que se ensina e a história que se escreve.

[Maria Auxiliadora Schmidt. A formação do professor de História e o cotidiano da sala de aula. Em Circe Bittencourt (org). O saber histórico na sala de aula]

De acordo com o excerto em destaque, é correto afirmar que
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Q1142187 História
A lista de conteúdos, sua distribuição pelas séries da escola secundária, as orientações para o trabalho pedagógico elaboradas pelas instituições educacionais durante o período Vargas e expressas nas Orientações Metodológicas (parte importante dos Programas) traduziam a preocupação oficial e as discussões que perpassavam os meios intelectuais brasileiros. Mais do que isso, eram um instrumento ideológico para a valorização de um corpus de ideias, crenças e valores centrados na unidade de um Brasil, num processo de uniformização no qual o sentimento de identidade nacional permitisse o ocultamento da divisão social e a direção das massas pelas elites.

[Katia Abud. Currículos de História e Políticas públicas: os programas de História do Brasil na escola secundária. Em Circe Bittencourt (org). O saber histórico na sala de aula]

O excerto sugere que, no período Vargas,
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Q1142189 História
Assim, alicerçaram-se nesse ambiente duas formulações assaz arraigadas no imaginário brasileiro contemporâneo sobre o passado do país. Primeiramente, o mito de que o português é um povo “burro”, de onde derivam as milhares de piadas e anedotas, nas quais sempre aparece um luso estúpido, de raciocínio pífio e ilógico, que tem comportamento desviante e que chega sempre a conclusões estapafúrdias e burlescas. A segunda formulação sintetiza-se no tradicional bordão repetido pelo senso comum: “se o Brasil tivesse sido colonizado pelos ingleses...”, com variações que substituem os ingleses por holandeses e por franceses.

[Eduardo França Paiva. De português a mestiço: o imaginário brasileiro sobre a colonização e sobre o Brasil. Em Lana Mara de Castro Siman e Thais Nívia de Lima e Fonseca (org). Inaugurando a História e construindo a nação. Discursos e imagens no ensino de História]

De acordo com o excerto, é correto afirmar que


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Q1142190 História
Se, nas Minas Gerais, imperavam, desde longa data, “as tumultuosas ambições, desordens, prepotências e tiranias”, é possível afirmar que muitos dos inconfidentes, coparticipantes e gestores das estruturas de poder implantadas, não seriam completamente infensos a estes comportamentos e, portanto, também acumulavam e alimentavam seus próprios quinhões de ambição e prepotência. Não foram, nesse sentido, “generosos paladinos”, preocupados apenas com o interesse público ou, por outro lado, “feios, loucos e espantados”. Foram homens que existiram cotidiana e concretamente e, nessa dimensão deixaram alguns registros documentais que informam sobre aspectos substantivos de sua existência, os quais foram relativamente pouco explorados pela historiografia.

[João Pinto Furtado. Imaginando a nação: o ensino da história da Inconfidência Mineira na perspectiva da crítica historiográfica. Em Lana Mara de Castro Siman e Thais Nívia de Lima e Fonseca (org). Inaugurando a História e construindo a nação. Discursos e imagens no ensino de História]

De acordo com o excerto, é correto afirmar que a Inconfidência Mineira
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Q1142192 História
Poucos historiadores hoje vivos são tão originais e poucos escrevem tão bem quanto ele e ainda menos compartilham de sua notável amplitude de interesses. Seu primeiro livro, Os andarilhos do bem: feitiçaria e cultos agrários nos séculos XVI e XVII (1966), publicado quando tinha 27 anos de idade, já foi um trabalho extremamente polêmico e inovador. Foi, no entanto, O queijo e os vermes: o cotidiano e as ideias de um moleiro perseguido pela Inquisição (1976), o estudo da cosmologia de um moleiro do século XVI (também interrogado pela inquisição sob a acusação de heresia), que tornou esse historiador internacionalmente famoso.
Foi a partir dessa obra que, a despeito de seu horror por etiquetas, ele ficou conhecido como um dos líderes da chamada “micro-história”.

(Maria Lúcia Garcia Pallares-Burke. As muitas faces da história. Nove entrevistas. Adaptado)

O excerto faz referência ao historiador
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Q1142193 História
Embora os historiadores estejam naturalmente cientes de que os índices de mudança variam nas diferentes camadas ou setores da sociedade, o hábito e a conveniência mandam, em geral, que a forma de uma obra implique ou obedeça a um monismo cronológico. Vale dizer, seus materiais são tratados como se compartilhassem um ponto de partida comum e um mesmo ponto de chegada, abarcados por um único espaço de tempo. Neste estudo, não há tal meio temporal, uniforme: pois os tempos dos absolutismos mais importantes da Europa – oriental e ocidental – foram, precisamente, caracterizados por uma enorme diversidade, constitutiva ela mesma de sua natureza respectiva, enquanto sistemas estatais.
(Perry Anderson. Linhagens do Estado absolutista)
Como argumento para a tese apresentada, Perry Anderson mostra que
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Q1142195 História
O marco inaugural nas análises da cultura brasileira seria Casa Grande & Senzala, estampada em 1933. Fecho de um período do pensamento brasileiro, e início de outro, é [...] obra híbrida de tradição e inovação, em muitos pontos nostálgica de um Brasil que chegava ao fim – o de antes de 1930, visto por Gilberto Freyre de forma análoga à douceur de vivre que coloriu certas análises saudosistas do Antigo Regime francês.
[Laura de Mello e Souza, Aspectos da historiografia sobre o Brasil colonial. Em Marcos Cezar de Freitas (org.). Historiografia brasileira em perspectiva]
Nas suas obras, Gilberto Freyre
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Q1142197 História
Concordo com o argumento de que traços totalitários são identificáveis nos discursos e práticas de Vargas, mas não se pode dizer que tenha havido, no período, “efetivação histórica do conceito em plano macro-institucional e societário”, como diz Roberto Romano.
[Maria Helena Rolim Capelato, Estado Novo: novas histórias. Em Marcos Cezar de Freitas (org.). Historiografia brasileira em perspectiva]

Entre outros argumentos para não definir o Estado Novo como uma ordem totalitária, a historiadora aponta que
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Q1142198 História
Quanto a pátrias, o texto d’O Paraense é claro: estas são as províncias, locais de reiteração de trajetórias particulares engendradoras dos “Povos” e de suas identidades coletivas. O plural do periodista tanto remete a um linguajar ancien régime, quanto demarca a multiplicidade dos âmbitos reais, concretos, da difícil “amalgamação” das diferenças, tanto aquelas às quais se referia José Bonifácio, quanto das que distinguiam o Pará de Pernambuco ou Minas Gerais da Cisplatina, e fazia os maranhenses saberem-se diferentes dos baianos. O Brasil, por seu turno, é o país, enorme mosaico de diferenças, cujas peças mal se acomodavam no império emergente do rompimento com Portugal, a partir de então “pátria mãe” e não mais “reino irmão”. E nesse quadro de contradições, não parece ser irrelevante destacar que a identidade nacional brasileira emergiu para expressar a adesão a uma nação que deliberadamente rejeitava identificar-se com todo o corpo social do país, e dotou-se para tanto de um Estado para manter sob controle o inimigo interno.
(István Jancsó e João Paulo G. Pimenta, Peças de um mosaico (ou apontamentos para o estudo da emergência da identidade nacional brasileira). Em Carlos Guilherme Mota (org). A experiência brasileira. Formação: histórias. Adaptado)

Segundo o artigo, no contexto apresentado, “inimigo interno” refere-se

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Q1142199 História
Em Portugal, gradativamente, foi surgindo uma legislação que tinha como referência os indígenas. Já o Regimento de Tomé de Souza, outorgado por D. João III (1548), fazia referência ao tratamento amistoso que se deveria dar aos índios. Mas esse documento também permitia as “guerras justas” [...]

[Sílvio Coelho dos Santos, Os direitos dos indígenas no Brasil. Em Aracy Lopes da Silva & Luís Donisete Benzi Grupioni (org.). A temática indígena na escola. Novos subsídios para professores de 1.º e 2.º graus.]

Segundo o autor do artigo, as “guerras justas”
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Q1142200 História
Leia um discurso de Oswaldo Aranha.
A Revolução de Outubro articulou-se conosco, venceu com o nosso sangue, revigorou-se com o nosso idealismo, armou-se com a força dos nossos estados, mas ela nem nasceu da Aliança Liberal, nem do heroísmo de Copacabana, nem da audácia dos cruzadores do nosso sertão. Ela não é militar, nem civil: é ela mesma. Não tem dono, nem senhores, nem chefes. [...] Suas origens são longínquas e obscuras, vêm do passado que violou as leis econômicas e as sociais, e os seus destinos perdem- -se num futuro, cujo mistério ultrapassa o estado atual dos nossos conhecimentos.
[Apud Vavy Pacheco Borges. Em Marcos Cezar de Freitas (org.). Historiografia brasileira em perspectiva]
Oswaldo Aranha trata
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Q1142201 História
O interregno confuso de João Goulart seria apenas o prenúncio do golpe, que viria em 1964, pois a tentativa do Plano Trienal fracassou, tanto quanto seu governo agravou muitíssimo o terror das elites a quaisquer melhorias no campo social, propagandeadas como “ameaças comunistas” ou, como se alegou na época, como risco de instauração de uma “República sindicalista”, pois Jango apelou bastante para o viés “populista”.

[Carlos Fico, O Brasil no contexto da Guerra Fria: democracia, subdesenvolvimento e ideologia do planejamento (1946-1964). Em Carlos Guilherme Mota (org). A experiência brasileira. A grande transação. Adaptado]
O Plano Trienal
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Q1142202 História
A transição democrática iniciara com o reconhecimento da legitimidade do conflito. Com o transcurso da transição, a política teria passado a ser percebida como experiência eminentemente conflituosa, aberta, avessa a determinismos, sem espaço para sujeitos oniscientes ou verdades inelutáveis. Seria agora extemporâneo cogitar eliminar o conflito em nome de metas supostamente consensuais como estabilidade econômica ou reforma do Estado. [...] O governo Fernando Collor de Mello viria pôr à prova esse entendimento.

[Tarcísio Costa, Os anos noventa: o ocaso da política e a sacralização do mercado. Em Carlos Guilherme Mota (org). A experiência brasileira. A grande transação.]

O governo Collor, segundo o autor do artigo,

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Q1142203 História
[Em 1933], o presidente argentino Juan B. Justo visitou o Brasil e, na ocasião, Vargas deu enorme destaque à amizade argentino-brasileira, “tradição arraigada na alma dos dois povos”. [...] Salientou a identidade de interesses entre os dois países e as “possibilidades de intercâmbio econômico, cultural e de mútua assistência para assegurar a tranquilidade interna e a paz exterior”.

[Maria Helena Capelato, O “gigante brasileiro” na América Latina: ser ou não ser latino-americano. Em Carlos Guilherme Mota (org). A experiência brasileira. A grande transação]

Segundo o artigo de Maria Helena Capelato, a aproximação latino-americana pode ser explicada
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Q1142205 História
A Igreja foi a indispensável ponte entre duas épocas, numa passagem “catastrófica” e não cumulativa entre dois modos de produção [...]. Significativamente, foi o mentor oficial da primeira tentativa sistemática de fazer “renascer” o Império no Ocidente – a monarquia carolíngia. Com o Estado Carolíngio começa a história do feudalismo propriamente dito. Este esforço maciço ideológico e administrativo de “recriar” o sistema imperial do velho Mundo Antigo, na verdade, por uma inversão característica, incluía e ocultava o involuntário assentamento das fundações do novo. Na era carolíngia foram dados os passos decisivos para a formação do feudalismo.

(Perry Anderson. Passagens da Antiguidade ao Feudalismo)

Entre esses “passos decisivos”, é correto apontar
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Respostas
1: B
2: C
3: D
4: E
5: E
6: A
7: B
8: D
9: A
10: B
11: A
12: E
13: A
14: D
15: E
16: B
17: E
18: B
19: D
20: C