Leia o texto para responder a questão.
Do lado de fora, nada de extraordinário: apenas mais um
prédio residencial envelhecido no bairro Kung Tong, em Hong
Kong. Muitos deles têm lojas e restaurantes no primeiro e no
segundo piso, placas penduradas na fachada.
Por dentro, os apartamentos não são iguais. Alguns
deles foram subdivididos nos ilegais “apartamentos-gaveta”:
compartimentos minúsculos, onde é difícil conceber que uma
pessoa possa viver.
Kung Tong é o bairro mais densamente povoado do
território chinês. São mais de 57 mil pessoas por quilômetro
quadrado, uma das taxas mais altas do mundo. Espaço é um
luxo que muita gente não tem como pagar. A miséria é vertical.
É preciso entrar para entender.
Um dos apartamentos tem 58 metros quadrados e nele
moram 19 pessoas. Um banheiro minúsculo e imundo, assim
como a cozinha, são de uso compartilhado.
O espaço foi divido em dois “andares”. Os cubículos de
cima têm 1,4 metro quadrado, enquanto os de baixo têm
menos de 3 metros quadrados. Nesses, é possível ficar de pé,
mas, nos outros, só sentar ou deitar. A “gaveta” nada mais é
que um caixão para vivos.
Esses moradores pagam cerca de R$ 700 por mês, o
valor mais baixo possível por um teto, e sofrem ainda com
o calor e a falta de higiene. Não há controle dos preços do
aluguel ou do tamanho dos espaços habitáveis, e faltam
moradias sociais. Idosos e famílias têm prioridade nas mais
de 750 mil habitações subvencionadas da cidade, mas a
espera é longa — leva em média mais de quatro anos.
No bairro de Happy Valley, onde apartamentos são
facilmente alugados por mais de 10 mil dólares por mês, ao
menos 20 pessoas vivem em uma passagem subterrânea
para pedestres.
Imigrantes indianos, chineses e quatro idosos locais são
alguns dos sem-teto morando ao lado do prestigioso Jóquei
Clube de Hong Kong.
(Luiza Duarte. Pequim elege crise da moradia como raiz da mobilização
civil em Hong Kong. www.folha.uol.com.br, 25.09.2019. Adaptado)