Mais um massacre
No sábado (14.05), um jovem de 18 anos dirigiu seu carro por cerca de 300 km até um supermercado localizado em
Buffalo, no estado americano de Nova York. Com um rifle
semiautomático nas mãos, abriu fogo contra pessoas que
estavam dentro e fora do estabelecimento, matando dez e
ferindo três.
Embora as motivações do massacre ainda estejam sob
investigação, suspeita-se que Payton Gendron tenha sido estimulado, em seu ato insano e abominável, por teorias racistas conspiratórias que têm deixado as franjas do extremismo
para ganhar cada vez mais adeptos nos Estados Unidos.
Se o ominoso extremismo de direita aparece como provável motivação do atentado em Buffalo, é o acesso praticamente irrestrito a armas, inclusive às de uso militar, que torna
morticínios do tipo tão comuns nos EUA. O tiroteio de sábado
foi o 198°, somente neste ano, no qual ao menos quatro pessoas foram mortas ou feridas, segundo a ONG Gun Violence
Archive.
O fato de Gendron ter sido submetido a uma avaliação
mental há pouco menos de um ano, em razão de uma ameaça
de ataque suicida feita quando era estudante, e ainda assim
conseguir comprar legalmente um rifle de altíssima letalidade,
exemplifica bem a permissividade da legislação do país.
Calcula-se que existam em solo americano cerca de
120 armas para cada 100 habitantes, fazendo dos EUA,
de longe, o líder mundial em número per capita.
Apesar do firme compromisso do presidente Joe Biden
com a reforma das leis sobre o tema, as principais iniciativas para tornar mais restrito o acesso acabam barradas num
Congresso em que o lobby armamentista tem grande peso.
(Editorial. Folha de S.Paulo, 17.05.2022. Adaptado)