Leia o texto, para responder à questão.
Um dia na vida de Adão e Eva
Para entender nossa natureza, nossa história e nossa
psicologia, devemos entrar na cabeça dos nossos ancestrais
caçadores-coletores.
O campo próspero da psicologia evolutiva afirma que
muitas de nossas características psicológicas e sociais do
presente foram moldadas durante essa longa era pré-agrícola. Ainda hoje, afirmam especialistas da área, nosso cérebro
e nossa mente são adaptados para uma vida de caça e coleta. Nossos hábitos alimentares e nossos conflitos são todos
consequência do modo como nossa mente de caçadores-
-coletores interage com o ambiente pós-industrial de nossos
dias, com megacidades, aviões, telefones e computadores.
Esse ambiente nos dá mais recursos materiais e vida mais
longa do que a desfrutada por qualquer geração anterior, mas
também nos faz sentir alienados, deprimidos e pressionados.
Para entender por quê, apontam os psicólogos evolutivos, precisamos nos aprofundar no mundo de caçadores-coletores que nos moldou, o mundo que, subconscientemente,
ainda habitamos.
Por que, por exemplo, as pessoas se regalam com alimentos altamente calóricos que tão pouco bem fazem a seus
corpos? Nas savanas e florestas que caçadores-coletores
habitavam, alimentos doces e calóricos eram extremamente
raros, e a comida em geral era escassa. Se uma mulher da
Idade da Pedra se deparasse com uma árvore repleta de figos, a coisa mais razoável a fazer era ingerir o máximo que
pudesse imediatamente, antes que um bando de babuínos
comesse tudo. Hoje, podemos morar em apartamentos com
geladeiras abarrotadas, mas nosso DNA ainda pensa que estamos em uma savana. É o que nos motiva a comer um pote
inteiro de sorvete.
(Yuval Noah Harari. Sapiens: uma breve história da humanidade.
34ª ed. – Porto Alegre, RS: L&PM, 2018. Excerto adaptado)