APP de namoro é só para jovem?
Existe a crença de que os idosos têm a tendência de se
isolar e de resistir a novidades – sejam avanços tecnológicos,
fazer amizades ou viver relações amorosas. Para especialistas, essa visão é ultrapassada. A sociedade envelhece e está
cada vez mais conectada, especialmente após a pandemia.
Segundo a Confederação Nacional dos Lojistas (CNDL/SPC
Brasil), 68% dos idosos acessavam a internet em 2018 e, em
2021, o índice subiu para 97%.
As redes sociais se tornaram ferramentas muito usadas
para lidar com a solidão – e com os idosos não é diferente.
Eles também estão se adaptando às transformações, inclusive por meio de aplicativos de relacionamento, o que é positivo para a saúde mental e o bem-estar.
É o caso de Ivone, 82 anos, que tem três filhos, seis netos
e um bisneto. Em 2019, ela começou a usar apps de namoro.
“Decidi entrar no Tinder, que me abriu as portas novamente.
Conheci pessoas, fiz amigos, tive um namoro muito bom de
um ano.
Ivone acredita que ainda há estigmas sobre relacionamentos na terceira idade, mas não se deixa afetar por isso.
“As pessoas dizem que quem tem mais idade não pode isso e
aquilo. Não é verdade. Posso tudo, sou feliz, a gente tem de
ser feliz. Meu sentimento é o mesmo de quando tinha 40 anos,
não tem diferença”, conta.
Segundo a socióloga Silvana Maria Bitencourt, professora
da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), a sociedade
não quer falar sobre envelhecimento porque remete à ideia de
morte. “A gente se prepara para viver e não para envelhecer.
Nos preocupamos muito com a aparência. A sociedade precisa
entender que as pessoas mais velhas querem ser felizes. Quando a pessoa vai atrás de um relacionamento na terceira idade,
é porque ela se aceita e aceita os outros. Ela está buscando a
felicidade”, destaca.
(Sofia Lungui. https://www.estadao.com.br/saude/app-de-namoro-e-so-
-para-jovem-eles-tambem-buscam-o-match-depois-dos-60-continuo-
-beijando/?utm_source=estadao:mail Adaptado)