Releia o trecho a seguir. “O resultado foi o uso indiscrimi...
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Ano: 2019
Banca:
FUNDEP (Gestão de Concursos)
Órgão:
Prefeitura de Teixeiras - MG
Provas:
FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2019 - Prefeitura de Teixeiras - MG - Enfermeiro - 40H
|
FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2019 - Prefeitura de Teixeiras - MG - Especialista em Educação Básica |
FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2019 - Prefeitura de Teixeiras - MG - Farmacêutico |
FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2019 - Prefeitura de Teixeiras - MG - Nutricionista |
FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2019 - Prefeitura de Teixeiras - MG - Professor PEB II - Ensino Fundamental Anos Iniciais |
FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2019 - Prefeitura de Teixeiras - MG - Professor PEB III - Educação Física |
Q1613851
Português
Texto associado
Trinta anos atrás, uma senhora que sofria de reumatismo me contou ter sido tratada com óleo de rícino. Duas vezes por semana, ela ia ao consultório, e o médico perguntava: “Hoje a senhora prefere o vermelho ou o alaranjado?”. Vermelha era a cor no pote que continha óleo de rícino com groselha; no outro, o óleo vinha misturado com essência de laranja, para disfarçar o gosto insuportável do purgativo.
Óleo de rícino
Trinta anos atrás, uma senhora que sofria de reumatismo me contou ter sido tratada com óleo de rícino. Duas vezes por semana, ela ia ao consultório, e o médico perguntava: “Hoje a senhora prefere o vermelho ou o alaranjado?”. Vermelha era a cor no pote que continha óleo de rícino com groselha; no outro, o óleo vinha misturado com essência de laranja, para disfarçar o gosto insuportável do purgativo.
Até aí, nenhuma novidade; em tantos anos de profissão,
já vi os tratamentos mais estapafúrdios prescritos tanto
por médicos tradicionais como pela autodenominada
medicina alternativa; o curioso, nesse caso, é que a
receita vinha de um renomado professor universitário,
autor de um tratado de clínica médica adotado em várias
faculdades. E, mais desconcertante: a senhora estava
convencida de que, graças à ação do famigerado óleo,
as dores entravam em períodos de acalmia.
Óleo de rícino é dotado de atividade antirreumática?
É muito pouco provável que seja, mas a medicina daquele
tempo oferecia poucos recursos e não era baseada
em evidências experimentais. Os médicos adotavam
condutas e receitavam remédios com base em teorias
jamais comprovadas cientificamente ou de acordo
com ideias pré-concebidas e experiências pessoais.
Parte expressiva desse entulho do empirismo ainda se
acotovela nas prateleiras das farmácias sob o rótulo
de protetores do fígado, fortificantes, revitalizadores,
complexos vitamínicos e de mirabolantes associações
de panaceias que apregoam, no rádio e na TV, curar
males tão diversos quanto falta de memória, fraqueza,
irregularidades menstruais, gripes e doenças do fígado.
A explosão do conhecimento científico, que revolucionou
a forma de praticar medicina na segunda metade do
século 20, implantou o paradigma de que qualquer
tratamento médico só pode ser adotado depois de
haver demonstrado eficácia estatisticamente significante
em estudos conduzidos com absoluto rigor científico.
A experiência pessoal ou de terceiros é importante para
ajudar o médico a interpretar resultados e referendar ou
não as conclusões tiradas nesses estudos, mas não é
suficiente para substituí-los.
Por que a exigência desse rigor? Primeiro, porque
as doenças evoluem de forma imprevisível: curas e
recaídas podem suceder-se sem qualquer relação com o
tratamento instituído. Segundo, porque cada organismo
reage de acordo com suas idiossincrasias: o remédio
que cura um pode matar outro. Terceiro, por causa
da existência do efeito placebo, isto é, do alívio que o
simples ato de ir ao médico e de tomar remédio pode
trazer para algumas pessoas.
O caso da vitamina C é um bom exemplo. Nos anos
1970, o cientista Linus Pauling lançou a ideia de que
vitamina C em doses altas melhoraria a imunidade,
preveniria gripes, resfriados e até câncer.
Por falta de apenas um, Pauling havia sido agraciado
com dois prêmios Nobel: o de Química e o da Paz, mas
entendia de medicina tanto quanto eu de pontes e de
barragens.
O resultado foi o uso indiscriminado de vitamina C,
porque usuários contumazes que passam dois anos
sem gripe atribuem à vitamina o poder protetor; quem
teve um resfriado que foi embora em dois ou três dias,
enquanto o do vizinho levou cinco, faz o mesmo.
O uso de vitamina C alardeado por Pauling ainda rende
centenas de milhões de dólares em vendas anuais, mas
não foi suficiente para livrá-lo do câncer de próstata no
fim da vida nem demonstrou qualquer eficácia na
prevenção ou tratamento de gripes e resfriados, em
nenhum estudo realizado.
[...]
A medicina baseada em evidências decretou o fim do
médico lacônico, que impõe tratamentos prescritos em
hieróglifos. Na medicina moderna, o papel do profissional
é apresentar as evidências e ajudar o doente a decidir
qual das opções é a mais adequada para seu caso.
Disponível em: <https://drauziovarella.uol.com.br/drauzio/ artigos/oleo-de-ricino/>. Acesso em: 22 jul. 2019.
Releia o trecho a seguir.
“O resultado foi o uso indiscriminado de vitamina C, porque usuários contumazes que passam dois anos sem gripe atribuem à vitamina o poder protetor; quem teve um resfriado que foi embora em dois ou três dias, enquanto o do vizinho levou cinco, faz o mesmo.”
Considerando o contexto em que está inserido, pode-se afirmar que nesse trecho o autor
“O resultado foi o uso indiscriminado de vitamina C, porque usuários contumazes que passam dois anos sem gripe atribuem à vitamina o poder protetor; quem teve um resfriado que foi embora em dois ou três dias, enquanto o do vizinho levou cinco, faz o mesmo.”
Considerando o contexto em que está inserido, pode-se afirmar que nesse trecho o autor