A frase do sociólogo Alain Touraine (5º parágrafo) é conside...

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Q1247394 Português
Atenção: Para responder a questão, considere o texto abaixo.

    Acredito que o leitor já deva ter ouvido, em alguma ocasião, esta frase: “Parem o mundo, que eu quero descer!”
    Talvez porque essas últimas décadas tenham sido − e continuarão a ser − de congestionamento dos sentidos. Há uma sensação de que não se sabe muito bem o que está acontecendo.
    Fazendo parte dos quadros de uma escola de Comunicação, muitas vezes tive de lembrar a mim mesmo, aos meus pares e alunos que, por mais complexa, tecnologicamente, que se tenha tornado a intermediação entre os indivíduos e a realidade externa, nada mudou, essencialmente, nas relações interpessoais: entre eu e o(s) outros(s). Essa é apenas uma das razões pelas quais os especialistas em psicologia continuam a explicar os conflitos da alma humana a partir das mesmas lendas da civilização grega de três mil anos atrás.
    Identidade e cultura sempre estiveram relacionadas. A identidade de cada um é moldada, socialmente, pelas influências culturais, por meio da comunicação. Simbolicamente, é como se alguém só se reconhecesse como indivíduo ao ver o seu reflexo no espelho da sociedade. Isso é válido para os mais diversos aspectos identitários, tais como etnia, gênero, religião, idioma etc.
    Na época dos festejos do bicentenário da Revolução Francesa, assisti a um programa de debates da TV em que, para definir igualdade, o sociólogo Alain Touraine ironizou: “Qualquer francês lhe dirá que é o direito que têm todas as pessoas do mundo de serem iguais a ele!”
    Descobri, então, que diversidade era exatamente o contrário. Deve ser a percepção de que existem “lá fora” seres que não são iguais a mim − seja eu francês, hotentote, homem, mulher, destro ou canhoto − e que pode haver algo em relação a esses entes diversos que possa me afetar − positiva ou negativamente.
(Adaptado de: PENTEADO, José Roberto Whitaker. “A comunicação intercultural: nem Eco nem Narciso”. In: SANTOS, Juana Elbein dos
(org.). Criatividade: Âmago das diversidades culturais − A estética do sagrado. Salvador: Sociedade de Estudo das Culturas e da Cultura
Negra no Brasil, 2010, p. 204-205) 
A frase do sociólogo Alain Touraine (5º parágrafo) é considerada irônica porque
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Esta questão avalia duas habilidades do candidato: 1) a de saber interpretar corretamente um texto; e 2) a de perceber como as figuras de linguagem são importantes para os efeitos de sentido dos textos. Figuras de linguagem são recursos utilizados exatamente para alcançar esses efeitos de sentido e causar determinada impressão no leitor e é importante que o concurseiro compreenda o funcionamento daquelas que são as mais utilizadas. Dito isto, vamos à resolução.

 

O enunciado dá uma informação importante: a frase de Alain Touraine, retirada do texto original, é irônica. Ora, então, a figura de linguagem em questão no exercício é a ironia, que é a representação de uma ideia contrária ao que está sendo originalmente dito.

 

Exemplo:

 

  • Muito bonito o senhor chegar atrasado de novo, não?

 

É evidente que um funcionário que ouça seu chefe dizer a frase acima não irá achar que seu ato (chegar atrasado) é, de fato, bonito. A frase contém ironia, isto é, expressa uma ideia totalmente contrária.

 

Mas como esse conhecimento ajuda a responder à questão? Ora se o candidato deve localizar ironia, ou seja, uma figura de linguagem, ele pode eliminar opções cujo sentido seja o literal. A ironia subverte o sentido, assim como acontece na frase dita por Alain Touraine. Quando ele diz: “Qualquer francês lhe dirá que é o direito que têm todas as pessoas do mundo de serem iguais a ele!" ele está subvertendo o sentido de igualdade. Além disso, uma leitura atenta do texto perceberá a presença da palavra ironizou logo após o nome de Touraine. Juntando a palavra irônica, do enunciado, ao vocábulo ironizou, do texto, e aplicando os conhecimentos a respeito de figuras de linguagem, o candidato só terá uma opção de resposta: a letra C.

 

Gabarito do Professor: Letra C.

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✅ Gabarito: C

Na época dos festejos do bicentenário da Revolução Francesa, assisti a um programa de debates da TV em que, para definir igualdade, o sociólogo Alain Touraine ironizou: “Qualquer francês lhe dirá que é o direito que têm todas as pessoas do mundo de serem iguais a ele!” [...].

➥ A ironia consiste em declarar o oposto do que realmente se pensa ou do que é, com tom de deboche, normalmente. A ideia para pelo sociólogo Alain Touraine é de que os franceses se consideram seres superiores,  julga que é um modelo a ser seguido pelos representantes de outras nacionalidades.

➥ FORÇA, GUERREIROS(AS)!! 

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