Exerce função predicativa o termo transcrito em
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Ano: 2017
Banca:
Crescer Concursos
Órgão:
Prefeitura de Urbano Santos - MA
Prova:
Crescer Consultorias - 2017 - Prefeitura de Urbano Santos - MA - Guarda Municipal |
Q2042798
Português
Texto associado
Até [recentemente] toda a produção e grande parte da cultura estavam baseadas no trabalho humano. As constituições das nações enfatizam a centralidade do trabalho. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu artigo 23, estipula que "toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de seu trabalho e a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à proteção contra o desemprego". O trabalho emergia assim, tanto para o capitalismo quanto para o socialismo, como o construtor do mundo e da cultura, como um direito humano fundamental, como a forma mediante a qual o ser humano se constrói a si mesmo como criador. O desemprego, na sociedade clássica, significava um disfuncionamento passageiro. O ideal visado pela sociedade era criar o pleno emprego para todos. Inadmissível seria compreender e aceitar o desemprego como consequência de uma nova revolução tecnológica. Tudo era montado para dar emprego e trabalho a todos. Ora, é exatamente o contrário que está correndo de forma irrecuperável. O aparelho produtivo informatizado e robotizado produz mais e melhor e com quase nenhum trabalho humano. A produção excede às necessidades dos países ricos. Desfez-se a conexão produção versus necessidade. A questão é nunca deixar de produzir cada vez mais. Em razão desta lógica, devem-se suscitar, mesmo artificialmente, necessidades para satisfazê-las mediante uma maior produção.
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A informatização e a robotização junto com as relações desiguais no comércio internacional, favorecendo os países ricos, à custa dos pobres, produziram este fenômeno surpreendente: nos últimos trinta anos, a Europa triplicou na riqueza e ao mesmo tempo diminuiu em um quarto o tempo de trabalho.
Na medida em que cresce a abundância de bens e de serviços produzidos pela informatização, cresce também o número dos excluídos do emprego e dos excluídos sociais.
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A lógica desse tipo de desenvolvimento (...) prolonga a perversidade da lógica presente no modelo capitalista de desenvolvimento: o primado do quantitativo sobre o qualitativo, o privilégio do capital dos meios novos de produção sobre a pessoa humana trabalhadora; a predominância do material sobre o humanístico, sobre o ético e sobre o espiritual.
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(...) Observador atento das mudanças mundiais, o teólogo da libertação, vivendo no Brasil, José Comblin, escreveu com acerto: "Na atualidade, está se formando outra concepção da vida: o papel da pessoa na sociedade, ou melhor dito, no espetáculo da sociedade, é mais importante do que o trabalho. Por isso as atividades sociais, de representação, de diversão, de espetáculo são as mais importantes. Para um empresário, mais importante do que o trabalho são as entrevistas dadas à imprensa e à TV. O trabalho é o meio de acesso a um certo status social, uma figuração. Não vale pelo trabalho, mas pela figuração que permite. No trabalho, o que importa não é a produção, mas o prestígio que confere, a iluminação que dá ao sujeito na sociedade". (...)
Nesta sociedade em mutação, a realização de si mesmo constitui a preocupação principal; nem sempre esta realização passa pelo trabalho, pois pode passar por outra atividade qualquer, ocupação alternativa e autônoma. (...) Daí a importância, nesta nova fase, do tempo livre, das férias em função das quais se trabalha o ano todo. O fim de semana livre é mais importante que os demais dias de trabalho da semana.
A própria vivência da sociedade muda. Antes, conhecia-se a sociedade pela participação nela através de mil e uma atividades. Agora, pelos meios de comunicação. Sabemos o que se passa na nossa cidade por aquilo que o rádio, a televisão e os jornais mostram. A cidade virou um grande espetáculo: são os shopping centers, as vitrines, os jogos, os shows. Tudo se transformou em imagem dos mass media. O que a TV não noticia não existe e não aconteceu. O espetáculo é mundial, dos jogos olímpicos, dos campeonatos internacionais de futebol, dos shows-business, dos grandes cantores como Pavaroti, Carreras, Elton John e os Beatles e até dos conflitos e das guerras. Todos participam na TV do desenrolar das batalhas e tranquilamente torcem por um dos contendores como se estivessem numa disputa esportiva.
Todos se transformaram em espectadores e querem sê-lo. É pelas imagens que os cidadãos se contemplam e projetam sua identidade. E a identidade de uma pessoa é mais e mais a imagem que se projeta dela para os outros e menos o que ela é em si mesma em sua profundidade, em sua dialogação consigo e com seu universo interior e exterior. Ou se participa efetivamente deste tipo de sociedade-espetáculo, sendo um ator real, ou se participa pelo imaginário e pela imagem. Comenta José Comblin que as massas não praticam esporte, mas o veem pela TV; não produzem música, mas escutam-na; não fazem história, mas comentam-na. Pela imagem se sentem também participantes e não excluídos da história.
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