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Q2349383 Português
No lugar do outro

   Estamos vivendo uma crise intensa: a das relações humanas. Todos os dias testemunhamos ou protagonizamos, tanto na vida presencial quanto na virtual, comportamentos e atitudes que vão do ódio declarado ou sutil ao desdém em relação ao outro. As relações humanas, sempre tão complexas, exigem, no entanto, delicadeza, atenção e compromisso social. Tem sido difícil manter a saúde mental e a qualidade de vida no contexto atual.

   Crianças e adolescentes já dão sinais claros de que têm aprendido muito com nossa dificuldade em conviver com as diferenças e de respeitá-las, de tentar colocar-se no lugar do outro para compreender suas posições e atitudes; de ter compaixão; de conflitar em vez de confrontar, de agir com doçura, por exemplo. Conseguir fazer isso é ter empatia com o outro.

  Pais e professores têm reclamado de comportamentos provocativos desrespeitosos, desafiadores e desobedientes dos mais novos. Entretanto, se pudéssemos nos dedicar por alguns momentos à auto-observação, constataríamos essas características também em nós, adultos. 

  Mas são os mais novos que levam a pior nessa história: Crianças e adolescentes que desobedecem, desafiam e têm comportamentos considerados agressivos, como os nossos, podem receber diagnósticos e orientação para tratamento. Conheço famílias com filhos diagnosticados com “Transtorno Desafiador Opositivo”, porque têm comportamentos típicos da idade. Há uma grande preocupação global com a nossa atual falta de empatia. Um sinal disso foi a inauguração, em Londres, do primeiro Museu da Empatia.

  Nele, os visitantes são convocados a experimentar/enxergar o mundo pelo olhar de um outro – não próximo ou conhecido, mas um outro com quem eles não têm qualquer relação. A expressão que deu sentido ao museu é a expressão inglesa “in your shoes” (em seus sapatos), que em língua portuguesa significa “em seu lugar”. Os visitantes se deparam, na entrada, com uma caixa com diferentes pares de sapatos usados. Escolhem um de seu número para calçar e recebem um áudio que conta uma parte da história da pessoa que foi dona daquele par.

   Desenvolver a empatia é uma condição absolutamente necessária para ensiná-la aos mais novos.

   Aliás, eles podem tê-la mais facilmente do que nós. Um pai me contou, comovido, que conversava com um amigo a respeito da situação de muitos refugiados de países em guerra e que comentou que não adiantava a busca por outro local, já que a crise de empregos era mundial. Seu filho, de sete anos, que estava por perto, perguntou de imediato: “Pai, se tivesse guerra aqui, você preferiria que eu morresse?”. Ele mudou de ideia.

   Estacionar o carro em vaga de idosos, grávidas e portadores de deficiência é mais do que contravenção: é falta de empatia. Reclamar da lentidão dos velhos é mais do que desrespeito: é falta de empatia. Agredir ostensivamente o outro por suas posições é mais do que dificuldade em lidar com as diferenças: é falta de empatia. Do mesmo modo, reclamar do comportamento dos mais novos é falta de empatia.

   A empatia pode provocar uma grande mudança social, diz Roman Krznari, estudioso do tema. Vamos desenvolvê-la para ensiná-la? 

(SAYÃO, Rosely. Folha de S. Paulo. Em: 22 de setembro de 2015.) 

Analise as afirmativas a seguir, considerando as ideias e informações apresentadas no texto.
I. A aprendizagem por meio do exemplo é apresentada como uma situação real, mas não desejada considerando-se os resultados obtidos no contexto apresentado.
II. Pode-se inferir, a partir da exposição do ponto de vista da autora acerca da dificuldade que envolve a manutenção da saúde mental, que tal situação provoca a negação de uma expectativa desejada.
III. A crise vivenciada pela sociedade a que se refere o texto está inserida no cotidiano de forma pontual, permitindo a promoção de reflexões e ações que impeçam que tal situação seja uma realidade sistemática.
Está correto o que se afirma em
Alternativas

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 A crise vivenciada pela sociedade a que se refere o texto está inserida no cotidiano de forma pontual, permitindo a promoção de reflexões e ações que impeçam que tal situação seja uma realidade sistemática.

A crise vivenciada pela sociedade a que se refere o texto está inserida no cotidiano de forma pontual, permitindo a promoção de reflexões e ações , facilitam OU deixam que tal situação seja uma realidade sistemática.

Gabarito A

C

Vamos analisar as assertivas:

I - A aprendizagem por meio do exemplo é apresentada como uma situação real, mas não desejada considerando-se os resultados obtidos no contexto apresentado.

R: Verdadeiro. Veja que no próprio texto informa que "...Crianças e adolescentes já dão sinais claros de que têm aprendido muito com nossa dificuldade em conviver com as diferenças e de respeitá-las..." Ou seja, as crianças e adolescentes aprendem conosco através de nossos próprios exemplos e comportamentos, porém não é o mais desejado já que isso tem impactado negativamente.

II - Pode-se inferir, a partir da exposição do ponto de vista da autora acerca da dificuldade que envolve a manutenção da saúde mental, que tal situação provoca a negação de uma expectativa desejada..

R: Verdadeiro. A autora diz no texto "...Tem sido difícil manter a saúde mental e a qualidade de vida no contexto atual..." Ela reforça que essa falta de empatia favorece esse cenário.

III - A crise vivenciada pela sociedade a que se refere o texto está inserida no cotidiano de forma pontual, permitindo a promoção de reflexões e ações que impeçam que tal situação seja uma realidade sistemática.

R: Falso. Essa assertiva informa que a crise não afeta a sociedade de maneira contínua, o que não é verdade visto que a própria autora traz o texto e menciona acontecimentos complexos.

questão para ler e fazer rápido, se pensar muito vai errar

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