Em “Estamos vivendo uma crise intensa: a das relações humana...

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Q2349384 Português
No lugar do outro

   Estamos vivendo uma crise intensa: a das relações humanas. Todos os dias testemunhamos ou protagonizamos, tanto na vida presencial quanto na virtual, comportamentos e atitudes que vão do ódio declarado ou sutil ao desdém em relação ao outro. As relações humanas, sempre tão complexas, exigem, no entanto, delicadeza, atenção e compromisso social. Tem sido difícil manter a saúde mental e a qualidade de vida no contexto atual.

   Crianças e adolescentes já dão sinais claros de que têm aprendido muito com nossa dificuldade em conviver com as diferenças e de respeitá-las, de tentar colocar-se no lugar do outro para compreender suas posições e atitudes; de ter compaixão; de conflitar em vez de confrontar, de agir com doçura, por exemplo. Conseguir fazer isso é ter empatia com o outro.

  Pais e professores têm reclamado de comportamentos provocativos desrespeitosos, desafiadores e desobedientes dos mais novos. Entretanto, se pudéssemos nos dedicar por alguns momentos à auto-observação, constataríamos essas características também em nós, adultos. 

  Mas são os mais novos que levam a pior nessa história: Crianças e adolescentes que desobedecem, desafiam e têm comportamentos considerados agressivos, como os nossos, podem receber diagnósticos e orientação para tratamento. Conheço famílias com filhos diagnosticados com “Transtorno Desafiador Opositivo”, porque têm comportamentos típicos da idade. Há uma grande preocupação global com a nossa atual falta de empatia. Um sinal disso foi a inauguração, em Londres, do primeiro Museu da Empatia.

  Nele, os visitantes são convocados a experimentar/enxergar o mundo pelo olhar de um outro – não próximo ou conhecido, mas um outro com quem eles não têm qualquer relação. A expressão que deu sentido ao museu é a expressão inglesa “in your shoes” (em seus sapatos), que em língua portuguesa significa “em seu lugar”. Os visitantes se deparam, na entrada, com uma caixa com diferentes pares de sapatos usados. Escolhem um de seu número para calçar e recebem um áudio que conta uma parte da história da pessoa que foi dona daquele par.

   Desenvolver a empatia é uma condição absolutamente necessária para ensiná-la aos mais novos.

   Aliás, eles podem tê-la mais facilmente do que nós. Um pai me contou, comovido, que conversava com um amigo a respeito da situação de muitos refugiados de países em guerra e que comentou que não adiantava a busca por outro local, já que a crise de empregos era mundial. Seu filho, de sete anos, que estava por perto, perguntou de imediato: “Pai, se tivesse guerra aqui, você preferiria que eu morresse?”. Ele mudou de ideia.

   Estacionar o carro em vaga de idosos, grávidas e portadores de deficiência é mais do que contravenção: é falta de empatia. Reclamar da lentidão dos velhos é mais do que desrespeito: é falta de empatia. Agredir ostensivamente o outro por suas posições é mais do que dificuldade em lidar com as diferenças: é falta de empatia. Do mesmo modo, reclamar do comportamento dos mais novos é falta de empatia.

   A empatia pode provocar uma grande mudança social, diz Roman Krznari, estudioso do tema. Vamos desenvolvê-la para ensiná-la? 

(SAYÃO, Rosely. Folha de S. Paulo. Em: 22 de setembro de 2015.) 

Em “Estamos vivendo uma crise intensa: a das relações humanas.” (1º§), acerca da expressão destacada, pode-se afirmar que:
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Comentários

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[ GABARITO C - CORRETO ]''Por meio do emprego de uma figura de linguagem, pode-se identificar e reconhecer a supressão de um termo anteriormente expresso.'' ✔✔✍

➡ “Estamos vivendo uma crise intensa: a (CRISE) das relações humanas. ( Zeugma)

''Zeugma é uma figura de linguagem na qual um termo já expresso no enunciado seria repetido, mas acaba sendo omitido. Isso ocorre porque a repetição seria desnecessária, já que esse termo fica subentendido no enunciado a partir do contexto.''

Complementando a resposta do colega Renan Gomes:

Zeugma, assim como a elipse, também é uma figura de sintaxe caracterizada pela omissão de um termo. Porém, na elipse, o elemento omitido fica subentendido pelo contexto. No zeugma, essa omissão se dá especificamente com um elemento que já apareceu explicitamente em momento anterior no enunciado.

✔️ PARA AJUDAR A FIXAR

Erros ➯ COR

A) O termo “a” classifica-se como pronome pessoal indicando a referência à crise citada anteriormente. 

  • Na verdade esse A é um artigo feminino. a crise

B) Caso a expressão “das relações humanas” fosse substituída por sua variante no singular, o emprego da crase seria obrigatório.

  • Crase proibida pois não há fusão de preposição mais o artigo A que aparece na passagem. Troque 'crise' por 'processo' e verá que não temos AO processo. Estamos vivendo ALGO. Sem A+A

C) Por meio do emprego de uma figura de linguagem, pode-se identificar e reconhecer a supressão de um termo anteriormente expresso.

  • Se o termo apareceu anteriormente se tem a ZEUGMA. Ex.: Ele passou na PF, eu na PRF
  • Se o termo não apareceu anteriormente se tem a ELIPSE. Ex.: Passamos na PF e PRF (Nós passamos). Oculto/subentendido
  • As duas são uma figura de sintaxe.

D) O artigo “a” que compõe a expressão destacada tem como principal função evitar a redundância quanto ao significado da estrutura apresentada. 

  • Quem teve como principal função evitar a redundância foi a ZEUGMA e não o artigo.

Bons estudos

Vamos juntos!!

✍ GABARITO: C

A) ERRADA - "A" é um artigo feminino que acompanha a palavra "Crises"

B) ERRADA - Não há crase, uma vez que "a da relação humana" não há artigo feminino.

C) CORRETA- Temos um exemplo fiel de uma zeugma, em que o artigo "a" omite o termo que já foi mencionado, sendo esse termo "a crise".

D) ERRADA - A ideia não é redundância e sim sinalizar uma zeugma.

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