Em “Mas são os mais novos que levam a pior nessa história.”...

Próximas questões
Com base no mesmo assunto
Q2349391 Português
No lugar do outro

   Estamos vivendo uma crise intensa: a das relações humanas. Todos os dias testemunhamos ou protagonizamos, tanto na vida presencial quanto na virtual, comportamentos e atitudes que vão do ódio declarado ou sutil ao desdém em relação ao outro. As relações humanas, sempre tão complexas, exigem, no entanto, delicadeza, atenção e compromisso social. Tem sido difícil manter a saúde mental e a qualidade de vida no contexto atual.

   Crianças e adolescentes já dão sinais claros de que têm aprendido muito com nossa dificuldade em conviver com as diferenças e de respeitá-las, de tentar colocar-se no lugar do outro para compreender suas posições e atitudes; de ter compaixão; de conflitar em vez de confrontar, de agir com doçura, por exemplo. Conseguir fazer isso é ter empatia com o outro.

  Pais e professores têm reclamado de comportamentos provocativos desrespeitosos, desafiadores e desobedientes dos mais novos. Entretanto, se pudéssemos nos dedicar por alguns momentos à auto-observação, constataríamos essas características também em nós, adultos. 

  Mas são os mais novos que levam a pior nessa história: Crianças e adolescentes que desobedecem, desafiam e têm comportamentos considerados agressivos, como os nossos, podem receber diagnósticos e orientação para tratamento. Conheço famílias com filhos diagnosticados com “Transtorno Desafiador Opositivo”, porque têm comportamentos típicos da idade. Há uma grande preocupação global com a nossa atual falta de empatia. Um sinal disso foi a inauguração, em Londres, do primeiro Museu da Empatia.

  Nele, os visitantes são convocados a experimentar/enxergar o mundo pelo olhar de um outro – não próximo ou conhecido, mas um outro com quem eles não têm qualquer relação. A expressão que deu sentido ao museu é a expressão inglesa “in your shoes” (em seus sapatos), que em língua portuguesa significa “em seu lugar”. Os visitantes se deparam, na entrada, com uma caixa com diferentes pares de sapatos usados. Escolhem um de seu número para calçar e recebem um áudio que conta uma parte da história da pessoa que foi dona daquele par.

   Desenvolver a empatia é uma condição absolutamente necessária para ensiná-la aos mais novos.

   Aliás, eles podem tê-la mais facilmente do que nós. Um pai me contou, comovido, que conversava com um amigo a respeito da situação de muitos refugiados de países em guerra e que comentou que não adiantava a busca por outro local, já que a crise de empregos era mundial. Seu filho, de sete anos, que estava por perto, perguntou de imediato: “Pai, se tivesse guerra aqui, você preferiria que eu morresse?”. Ele mudou de ideia.

   Estacionar o carro em vaga de idosos, grávidas e portadores de deficiência é mais do que contravenção: é falta de empatia. Reclamar da lentidão dos velhos é mais do que desrespeito: é falta de empatia. Agredir ostensivamente o outro por suas posições é mais do que dificuldade em lidar com as diferenças: é falta de empatia. Do mesmo modo, reclamar do comportamento dos mais novos é falta de empatia.

   A empatia pode provocar uma grande mudança social, diz Roman Krznari, estudioso do tema. Vamos desenvolvê-la para ensiná-la? 

(SAYÃO, Rosely. Folha de S. Paulo. Em: 22 de setembro de 2015.) 

Em “Mas são os mais novos que levam a pior nessa história.” (4º§) O conectivo “mas”, que introduz a oração, permite a mesma compreensão e coesão textual adequada quanto ao sentido visto em seu emprego em: 
Alternativas

Gabarito comentado

Confira o gabarito comentado por um dos nossos professores

Alternativa Correta: D - É fato que tenta trabalhar em casa, mas não consegue devido a vários fatores pertinentes a tal situação.

Vamos entender o porquê da alternativa correta e explicar a razão pelas quais as demais estão incorretas.

O conectivo "mas" é uma conjunção adversativa. Sua função principal é estabelecer uma relação de contraste ou oposição entre duas orações. No contexto da questão, buscamos uma alternativa onde o "mas" tenha essa mesma função adversativa, garantindo compreensão e coesão textual adequadas.

Alternativa D: "É fato que tenta trabalhar em casa, mas não consegue devido a vários fatores pertinentes a tal situação."

Nesta frase, o "mas" estabelece um contraste entre a tentativa de trabalhar em casa e a dificuldade em conseguir isso, devido a diversos fatores. Essa relação de oposição é clara, assim como no trecho mencionado na questão ("Mas são os mais novos que levam a pior nessa história."). Portanto, a alternativa D é a correta.

Justificando as Alternativas Incorretas:

Alternativa A: "Mais um conhecido, mas importância tem que os demais."

Esta frase apresenta problemas de coesão e clareza. O uso do "mas" aqui não estabelece uma relação de contraste clara entre as partes da oração. Além disso, a construção da frase é confusa, dificultando a interpretação correta do sentido.

Alternativa B: "Entretanto, é preciso conquistar, mas do que apenas desejar; é o que dizem."

Nesta frase, o "mas" está sendo usado de forma incorreta. A expressão "mais do que" deveria ser empregada, pois indica uma comparação e não uma oposição. Portanto, o uso de "mas" não se justifica neste contexto.

Alternativa C: "Sabe-se que o doutor não só recomendou que fizesse repouso mas também retornasse após dez dias."

Aqui, o "mas" está sendo empregado com valor aditivo, formando a locução "mas também", que indica adição e não oposição. Assim, o uso do "mas" nesta frase não corresponde ao sentido adversativo pedido na questão.

Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!

Clique para visualizar este gabarito

Visualize o gabarito desta questão clicando no botão abaixo

Comentários

Veja os comentários dos nossos alunos

A palvra "mas" foi empregada com o sentido de oposição ao que foi dito anteriormente.

Conjunção adversativa "mas".

tente substituir por: porém, contudo, entretanto, todavia...

D) É fato que tenta trabalhar em casa, mas não consegue devido a vários fatores pertinentes a tal situação. 

D) É fato que tenta trabalhar em casa, mas não consegue devido a vários fatores pertinentes a tal situação. 

 Pais e professores têm reclamado de comportamentos provocativos desrespeitosos, desafiadores e desobedientes dos mais novos. Entretanto, se pudéssemos nos dedicar por alguns momentos à auto-observação, constataríamos essas características também em nós, adultos. 

 Mas são os mais novos que levam a pior nessa história

Contraste - Adversativa

só tentar substituir

Clique para visualizar este comentário

Visualize os comentários desta questão clicando no botão abaixo