É correto afirmar que o último parágrafo descreve, de forma...

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Q1140372 Português

      Há povos que gostam de apelidos. Brasileiros, hispanos e norte-americanos estão entre os principais. Quase ninguém imagina que Bill Clinton seja, na verdade, William Jefferson Clinton. Difícil supor que um Pepe mexicano seja José e um Pancho tivesse chegado ao batistério como Francisco. Bem, qual estrangeiro suporá Chico como apelido de Francisco? Em eras pré-politicamente corretas, abundavam os “japas”, os “chinas”, os “gordos” e os “carecas”. Hoje, tudo implica risco.

      Além do apelido, existem apostos que qualificam mais do que uma simples alcunha. Por vezes, são qualificativos positivos: Alexandre, o Grande; Luís XIV, o Rei-Sol; Luís XV, o Bem-Amado; e, no campo republicano, Simon Bolívar, o Libertador. Podem ser eufemismos para defeitos, como a indecisão crônica de Filipe II da Espanha. A história oficial o registra como Filipe, “o Prudente”. Há as diferenças nacionais. A única rainha do Antigo Regime português é conhecida na terrinha como D. Maria I, a Pia. No Brasil, por vários motivos, ela é “a Louca”.

      Os qualificativos para famosos são uma maneira de defesa dos fracos. Não posso derrubar presidente, não tenho a fama de um craque, não tenho o dinheiro de fulano: tasco-lhe um apelido como a vingança do bagre diante do hipopótamo. Rio um pouco, divulgo diante do meu limitado grupo igualmente ressentido e me sinto vingado. Apelidar de forma negativa é, quase sempre, reconhecer minha inferioridade.

      Fazer graça com a característica alheia pode revelar o mico interno de cada um de nós. Nosso macaquinho é inferior aos grandes símios. Em choques, apenas temos a possibilidade de subir rapidamente em galhos mais finos do que os rivais poderosos poderiam. Escalar e gritar: orangotango bobo, gorila vacilão, chimpanzé flácido! Lá de cima, protegido pela nossa fraqueza-força, rimos do maior. Apelidar é defender-se e tentar, ao menos na fala, vencer quem parece superior a nossas forças. Classificar o outro de tonto traz alívio; por exclusão, eu não sou.


(Leandro Karnal, O nome que eu desejo e o apelido que eu tenho. O Estado de S. Paulo, 03 de julho de 2019. Adaptado)

É correto afirmar que o último parágrafo descreve, de forma figurada, situação que encontra paralelo na frase:
Alternativas

Gabarito comentado

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A questão requer Interpretação e Compreensão Textual; conhecimentos sobre Aspectos Semânticos -  Conotação e Denotação: linguagem figurada e não figurada.


No enunciado, a expressão-chave é de forma figurada. O objetivo desta questão é analisar dentre as alternativas a que compara conotativamente, ou seja, usando uma linguagem figurada a situação a qual o último parágrafo descreve.

O último parágrafo aborda a questão de as pessoas, que se sentem inferiorizadas, apelidarem os mais fortes e poderosos com nomes de cunho negativo para, assim, sentirem-se vingados e vencidos.


ALTERNATIVA (A) INCORRETA – Em primeiro lugar, a frase não apresenta linguagem figurada, pois está escrita de forma objetiva, no seu sentido real. Em segundo lugar, o último parágrafo não é paralelo a essa frase presente no 1º parágrafo.


ALTERNATIVA (B) INCORRETA – A frase não está escrita na linguagem figurada devido ter sido expressa de forma objetiva, no seu sentido real. Além disso, o último parágrafo não é paralelo a essa frase presente no 2º parágrafo.


ALTERNATIVA (C) INCORRETA – A frase não está escrita na linguagem figurada devido ter sido expressa de forma objetiva, no seu sentido real. Além disso, o último parágrafo não é paralelo a essa frase presente no 2º parágrafo.


ALTERNATIVA (D) CORRETA – O último parágrafo se compara a essa frase presente no 3º parágrafo a qual se utiliza de uma linguagem figurada, ou seja, uma linguagem expressa de forma subjetiva. Na frase: “... tasco-lhe um apelido como a vingança do bagre diante do hipopótamo.", pode-se notar a presença da conjunção comparativa como, isso comprova um paralelo entre essa frase e o último parágrafo


ALTERNATIVA (E) INCORRETA – A frase não está escrita na linguagem figurada devido ter sido expressa de forma objetiva, no seu sentido real. Além disso, o último parágrafo não é paralelo a essa frase presente no 1º parágrafo.


GABARITO DA PROFESSORA: ALTERNATIVA (D)

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Comentários

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Assertiva D

... tasco-lhe um apelido como a vingança do bagre diante do hipopótamo.

GABARITO: LETRA D

?  Fazer graça com a característica alheia pode revelar o mico interno de cada um de nós. Nosso macaquinho é inferior aos grandes símios. Em choques, apenas temos a possibilidade de subir rapidamente em galhos mais finos do que os rivais poderosos poderiam. Escalar e gritar: orangotango bobo, gorila vacilão, chimpanzé flácido! Lá de cima, protegido pela nossa fraqueza-força, rimos do maior. Apelidar é defender-se e tentar, ao menos na fala, vencer quem parece superior a nossas forças. Classificar o outro de tonto traz alívio; por exclusão, eu não sou.

? Ou seja, ideia de um animal que é menor denegrindo um animal maior para disfarçar essa inferioridade (=analogia com o ato de apelidar alguém ? ... tasco-lhe um apelido como a vingança do bagre diante do hipopótamo).

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? FORÇA, GUERREIROS(AS)!! 

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