O texto registra alguns casos de ocorrência da crase. Observ...

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Q1686044 Português
A família humana

   Não acho que tudo tenha piorado nos dias atuais. Nunca fui saudosista. Prefiro a comunicação imediata pela internet a cartas que levavam meses. Gosto mais de trabalhar no computador do que de usar a velha máquina de escrever (que tinha lá seu charme). No whats ou outros, falo instantaneamente com amigos e familiares aqui perto, do outro lado do mundo – os afetos se multiplicam, se consolidam, circulam mais emoções. Nossa qualidade de vida melhorou em muitas coisas, mas serviços essenciais entre nós andam deteriorados, uma vasta parcela da humanidade ainda vive em nível de miséria.
   São as contradições inacreditáveis de um sistema onde cosmólogos investigam espaços insuspeitados, cada dia trazendo revelações intrigantes, mas ainda sofre e morre gente nos corredores de hospitais sobrecarregados, milhões de crianças morrem de fome, outros milhões nunca chegam à escola, ou brincam diante de barracos com barro feito de água e esgoto. 
   Minhas repetições são intencionais, aqui, nos romances, até nos poemas. Retorno a temas sobre os quais eu mesma tenho incertezas. Que envolvem antes de mais nada ética, moralidade, confiança. Decência: pois é neles que eu aposto, nos decentes que olham para o outro – que somos todos nós, do gari ao intelectual, da dona de casa à universitária, dos morenos aos louros de olhos azuis – com atenção e respeito.
   Estudos recentes sobre história das culturas revelam dados sobre tempos em que a parceria predominou sobre a dominação: entre povos, entre grupos, entre pessoas. Mas o mesmo ser humano que busca o amor anseia pela dominação nas relações pessoais, internacionais, de gênero, de idade, de classe.
   E se tentássemos mais parceria? Na verdade não acredito muito nisso, a não ser que a gente dê uma melhorada em si mesmo. É possível que em algumas décadas, ou mais, a miscigenação será generalizada, superados os conflitos raciais às vezes trágicos. Teremos uma miscigenação densa de cores, formas, idiomas e culturas.
   Origem, dinheiro ou tom de pele vão interessar menos do que caráter e lealdade, a produtividade e competência menos do que a visão de mundo e a abertura para o outro, a máquina importará tanto quanto o sonho, a hostilidade não vai esmagar a esperança, e não teremos de dominar o outro tentando construir uma civilização.
    Talvez eu hoje tenha acordado feito uma visionária ingênua: não é inteiramente ruim, isso se chama esperança de que um dia predomine, sim, a família humana. “E aí?”, perguntarão. “Sem conflito, sem cobiça, sem alguma opressão e alguma guerrinha, qual a graça?”
    Aí, não vamos bocejar como anjos entediados, mas crescer mais, e mais, em caráter, sabedoria, harmonia, e – por que não? – algum tipo de felicidade.
(LUFT, Lya. A família humana.Disponível em: https://gauchazh.clicrbs. com.br/colunistas/lya-luft/noticia/2019/06/a-familia-humana-cjx6p12 mq01ro01o9obgwdbq6.html. Acesso em: 06/04/2020.)
O texto registra alguns casos de ocorrência da crase. Observe as orações a seguir. I. Ele foi a Bahia passar o carnaval. II. A noite, ele pegou o caminhão e foi embora. III. Antônio comprou o caminhão e pagou a vista. IV. No mês passado, assisti aquele filme que você falou. V. Meu patrão sempre costumava dizer: prefiro isto aquilo. Quantas delas também devem registrar a ocorrência da crase?
Alternativas

Comentários

Veja os comentários dos nossos alunos

 I. Ele foi à Bahia passar o carnaval. 

Com nomes próprios geográficos, substitui-se o verbo da frase pelo verbo VOLTAR. Se o resultar a expressão voltar da, a crase está confirmada.

Ex.: Ele foi à Bahia.

Ele voltou da Bahia.

II. À noite, ele pegou o caminhão e foi embora. 

Trata-se de uma locução adverbial de tempo.

III. Antônio comprou o caminhão e pagou à vista.

Trata-se de uma locução adverbial de modo.

 IV. No mês passado, assisti àquele filme que você falou.

O verbo assistir no sentido de ver, presenciar é transitivo indireto, por isso rege a preposição a.

 V. Meu patrão sempre costumava dizer: prefiro isto àquilo.

O verbo preferir no sentido de decidir entre uma coisa e outra é transitivo direto e indireto.

Adendo: Acentuamos o “a” que inicia locuções (adverbiais, prepositivas, conjuntivas) com palavra FEMININA: à beça; à beira de; à cata de; à custa de; à deriva; à direita; à distância; à espreita; à esquerda; à exceção de; à feição de; à força; à francesa; à frente (de); à luz (“dar à luz um filho”); à mão; à maneira de; à medida que; à mercê de; à míngua; à minuta; à moda (de); à noite; à paisana; à parte; à pressa; à primeira vista; à procura de; à proporção que; à queima-roupa; à revelia; à risca; à semelhança de; à tarde; à toa; à toda; à última hora

Excelente questão para revisão! Jogue no anki e seja feliz ;)

IV: assisti pede a preposição "a" mas ele antecede de substantivo masculino "filme" "o filme", não entendi!

I. Ele foi À Bahia passar o carnaval. 

Quem vai a e volta da = crase

Quem vai a e volta de - sem crase.

Foi à Bahia e voltou da Bahia.

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II. À noite, ele pegou o caminhão e foi embora. 

 locução adverbial de tempo

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III. Antônio comprou o caminhão e pagou a vista

À vista, com acento indicador de crase, é uma expressão que indica algo que está ao alcance da vista, na presença de alguém ou que é pago no ato da compra.

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IV. No mês passado, assisti Àquele filme que você falou. 

( A este ) filme.

Usamos crase diante de aquele , aquela ,aquilo quando trocamos por a este, a esta, a isto.

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V. Meu patrão sempre costumava dizer: prefiro isto aquilo. 

Prefiro isto àquilo ( a isto )

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Bons estudos!

Se vender a vista (sem crase), vai ficar cego kkkkk

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