“O Atlas dos Manguezais do Brasil reforça que eles também i...
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Ano: 2024
Banca:
Instituto Referência
Órgão:
Prefeitura de Rio Bonito - RJ
Provas:
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|
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Q2499046
Português
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O que são os manguezais e por que é importante
conservá-los
Os manguezais estão na lista dos mais produtivos
ecossistemas do mundo, de acordo com
especialistas. Segundo a Convenção de Ramsar (Convenção
sobre as Áreas Úmidas de Importância
Internacional), os ecossistemas de mangue são únicos, raros e
extremamente ricos em biodiversidade. Com espécies da
flora, fauna e até solo exclusivos, esse ambiente, quando
gerenciado de forma sustentável, tem um papel importante
na mitigação das mudanças climáticas, na proteção de zonas
costeiras e na subsistência de milhões de pessoas.
Entretanto, segundo a Unesco, as áreas úmidas estão
desaparecendo três a cinco vezes mais rápido do que as outras
florestas no mundo, trazendo sérios impactos ecológicos e
socioeconômicos. O órgão estima que a cobertura de mangue
global foi reduzida à metade da área original nos últimos 40
anos.
O que são os manguezais
A bióloga Marta Vannucci, uma das pioneiras em
estudos oceanográficos no Brasil e responsável por mais de
100 publicações científicas sobre os mangues, descreve as
florestas desse ecossistema como “grandiosas, únicas e
maravilhosas”. “Não há, como nas outras florestas, chão sobre
o qual andar. Durante a maré cheia, a floresta está inundada e,
quando a maré recua, deixa atrás de si um emaranhado
caótico de raízes de todo tipo, recobertos por mucilagem,
liquens e algas que crescem também sobre os galhos e
emergem do lodo, onde é possível afundar-se até os joelhos,
se houver espaço suficiente para apoiar os pés”, escreve ela.
Trata-se de um lugar que funciona como uma
transição do meio marinho para o terrestre, comumente
encontrado em regiões tropicais e subtropicais onde a vida é
controlada pelo ritmo das marés.
Por serem donos de características tão específicas, os
manguezais abrigam espécies únicas, como algumas
adaptadas para ambientes com água salobra (onde
a salinidade é maior que nos rios e menor que no mar).
Árvores típicas do ecossistema, os mangues
propriamente ditos chamam atenção por suas raízes, que
ficam expostas acima do solo lodoso e formam redes
complexas capazes de sustentar os altos troncos e as copas
cheias.
Onde encontramos ecossistemas de mangue
Os manguezais colonizam os litorais de 123 nações e
territórios pelo mundo, segundo a Unesco. Entretanto, eles
ainda são considerados ecossistemas raros, já que
representam menos de 1% das florestas tropicais e menos de
0,4% das superfícies florestais do planeta.
Ainda que espalhados por todo o mundo, apenas um
punhado de países abriga mais de 70% dos manguezais do
planeta.
Só no Brasil, de acordo com o levantamento do Atlas
dos Manguezais do Brasil, lançado pelo Instituto Chico Mendes
de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em 2018, existem
aproximadamente 14 mil km² de florestas de mangue ao longo
do litoral. Isso coloca o país como o segundo com a maior
extensão de manguezais no mundo, com 12% do total, atrás
apenas da Indonésia.
Por que os manguezais são importantes
Com toda essa biodiversidade, os manguezais
também são responsáveis por inúmeros serviços
ecossistêmicos, que beneficiam tanto os seres humanos
quanto as demais espécies que os habitam. A importância dos
manguezais vai desde a proteção de costas e controle
climático até a reprodução de espécies.
“O emaranhado de raízes e o solo rico em nutrientes
formam um excelente berçário para muitos animais,
principalmente marinhos, que vivem nas raízes submersas
quando jovens e seguem para o mar aberto depois de
adultos”, explica Aburto.
“Por exemplo, entre as espécies de interesse
comercial, a tainha, o linguado, a sardinha e o mero são
altamente dependentes do manguezal para a manutenção de
suas populações", diz Monica Tognella, da Ufes.
Outro serviço prestado é a redução
da vulnerabilidade de zonas costeiras a perigos naturais. “[O
manguezal] impede a erosão das costas e protege qualquer
infraestrutura, sejam casas, hotéis, ou outros
empreendimentos, porque consegue barrar a força das ondas
e de tempestades”, diz Aburto.
Segundo a Unesco, uma faixa de 500 metros de
mangues consegue diminuir a altura das ondas que chegam ao
litoral em 50 a 99%.
Em relação ao controle climático, os manguezais
também são importantes sequestradores de carbono. “Eles
sequestram CO2 da atmosfera 50 vezes mais rápido do que
qualquer outra árvore, e o armazenam no solo em uma
quantidade que pode ser até cinco vezes maior do que
qualquer outra floresta”, diz Aburto. Dados da Unesco
mostram que um hectare de bosque de mangues é capaz de
armazenar 3.754 toneladas de carbono, o equivalente ao emitido por 2.650 carros em um ano. “É por isso que os
manguezais têm sido considerados os grandes super-heróis
que podem nos ajudar a combater as mudanças climáticas”,
afirma o explorador.
O Atlas dos Manguezais do Brasil reforça que
eles também impactam na sobrevivência humana no dia a dia.
O documento informa que, aproximadamente 120 milhões de
pessoas em todo o mundo vivem a pelo menos 10 quilômetros
de distância de áreas significativas de mangue, se beneficiando
deles de diversas formas, como com a pesca e extração de
produtos florestais, a obtenção de água potável e a proteção
contra erosão e eventos climáticos extremos. O Atlas também
menciona que os manguezais são importantes para a
recreação e o turismo, além de serem importantes para
religiões populares.
Ameaças aos manguezais
A União Internacional para a Conservação da
Natureza (IUCN, na sigla em inglês) alerta para os danos aos
manguezais causados por extração predatória de lenha e
alimentos (caranguejos, lagostas, peixes, camarões,
etc.); retirada da vegetação nativa para culturas agrícolas –
como arroz, cana-de-açúcar, palmeiras (extração de óleo de
palma); e construção de estradas, imóveis e grandes
empreendimentos turísticos. “A agricultura e a criação de
animais, principalmente a cultura de camarão, são os
principais problemas, porque entram em conflito com as áreas
de manguezais, causando o desmatamento”, explica Aburto.
Segundo o IUCN, nos últimos 20 anos, o mundo
perdeu 36% dos seus manguezais. Só no Brasil, de acordo com
o Atlas, 25% das florestas de mangue foram destruídas desde
o começo do século 20. A situação é particularmente grave nas
regiões Nordeste e Sudeste do Brasil, que apresentam um alto
nível de fragmentação – estimativas recentes sugerem que
cerca de 40% do que um dia foi uma extensão contínua de
manguezais já não existe mais.
Como ajudar na conservação de manguezais
“O primeiro passo é saber mais sobre eles”, diz
Aburto. Segundo ele, por ser um ambiente que ocorre em
poucas áreas do planeta, há quem não saiba da sua existência,
o que dificulta ações coletivas de conservação. “Muitas
pessoas consomem produtos que vêm ou dependem dos
manguezais, mas nunca ouviram falar desse ecossistema.
Como se protege algo que não se conhece?”
Para a professora Monica Tognella, “devemos
construir um diálogo entre os estudos científicos que mostram
como os ambientes intactos são mais benéficos do que a
retirada dos bosques de mangue, influenciando esforços
coletivos para a conservação."
Outras ações possíveis para proteger os manguezais,
segundo os especialistas, estão ligadas ao consumo
consciente. “Saber da onde vem e como são produzidos os
alimentos que consumimos, por exemplo, é um meio de
proteger esses ecossistemas, considerando que a produção de
camarão e óleo de palma para alimentação é uma das
principais causas do desmatamento dos mangues”, diz Aburto.
“Exigir produções mais sustentáveis e que empreendimentos, como grandes hotéis, não destruam áreas de mangue também
são ações que cidadãos comuns podem se comprometer.”
“Compartilhar e se informar sobre o valor dos
manguezais para os humanos e o meio ambiente", diz Aburto,
"é uma forma de promover, cada vez mais, sua proteção e o
uso sustentável."
Adaptado de: https://www.nationalgeographicbrasil.com/meio-
ambiente/2022/07/o-que-sao-os-manguezais-e-por-que-e-
importante-conserva-los Acesso em: 25/03/24
“O Atlas dos Manguezais do Brasil reforça que
eles também impactam na sobrevivência humana no dia a
dia.” A expressão em destaque deixou de ser ligada por hífen
no último Acordo Ortográfico de Língua Portuguesa. O mesmo
não ocorreu com o termo grifado em “arroz, cana-de-açúcar,
palmeiras”, que continua sendo escrito com hífen. Isso se
justifica porque emprega-se o hífen: