As normas de concordância verbal estão plenamente observadas...
Ou muito me engano, ou era esse mesmo o nome de um brinquedo do meu tempo de criança. Terá conseguido sobreviver à onda das engenhocas eletrônicas de hoje? Lembrome bem dele: uma caixa de madeira, bonita, com tampa de encaixe corrediça; dentro, um grande número de pecinhas também de madeira, coloridas, de diferentes formas e dimensões. Em algumas delas estavam desenhados um relógio, uma janela, tijolinhos... O conjunto possibilitava (e mesmo inspirava) diversos tipos de edificação: castelos, torres, pontes, edifícios, estações etc.
Não se tratava exatamente de uma prova de habilidade motora: não era grande a dificuldade de erguer um pequeno muro ou de dar sustentação a uma torre. Tratava-se, antes, de usar a imaginação, construir e preencher espaços, compor cenários, como quem arma a ambientação de um palco onde se desenvolverá uma história. Havia, implícita, a par da necessidade de tudo ter que parar em pé, a preocupação estética: insistir no critério da simetria ou permitir variações de padrão? Fantasiar formas ou ater-se à imitação das já bastante conhecidas? Não exagero ao dizer que tudo isso fazia de cada um de nós, para além de um pequeno engenheiro, um pequeno arquiteto, um escultor mirim, um precoce cenógrafo, um artista plástico pesquisando linguagem...
De qualquer modo, esse brinquedo não me levou, na idade adulta, à engenharia, nem ao ramo de construções, nem me fez artista plástico. Ficou na memória, perdido entre outros brinquedos que dispensavam baterias, tomadas elétricas, manuais de instrução e termo de garantia. Sem dúvida havia algum encanto no trenzinho elétrico, que corria obediente pelos trilhos. A meninada ficava olhando, olhando, a princípio interessada, mas logo alguém perguntava: ? Vamos brincar? Ser espectador era pouco: o corpo precisava entrar no jogo. Nem que fosse para habitar, imaginariamente, a torre de um castelo colorido, erguido há pouco com as mãos de um pequeno engenheiro que se entretinha facilmente com suas peças de madeira.
(Oduvaldo Monteiro, inédito)
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Comentários
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a) Reservavam-se aos meninos daqueles tempos um prazer simples, que lhes ofereciam os brinquedos sem sofisticação. INCORRETA, a partícula "SE" nesse caso age como Índice de Indeterminação do Sujeito, por essa simples e óbvia razão ele fica na 3ª pessoa do singular. O certo seria "Reserva-se...";
b) Armava-se, com aquela caixa de pecinhas coloridas, igrejas, torres, cidades, todo tipo de cenário criado pela imaginação. INCORRETA, nesse caso o "SE" não é Índice de Indeterminação do Sujeito, mas sim conjução integrante do verbo, ou seja, esse verbo essa em sua forma prenominal. É certo que ele é Transitivo Direto, contudo ele não está concordando com o resto do enunciado. O certo seria "Armavam-se ..."
c) Não se tratavam nem de exibir habilidades, nem de demonstrar técnica especial: erguia-se paredes com facilidade. INCORRETO, nesse caso existe uma confusão com relação à disposição dos verbos, uns estão no plural e outros no singular, se não houvesse nenhuma ligação entre eles seria compreenssivo essa diferença, mas não é bem assim que ocorre. Creio que o correto seria "Não se Tratava...";
d) Os meninos haveriam de ter, implícita, uma preocupação estética, sem que isso redundasse em obsessões artísticas. CORRETA, nesse período o verbo HAVER não é IMPESSOAL, pois tem sentido de TER e não de EXISTIR;
e) Atribuem-se aos brinquedos eletrônicos de hoje um tipo de sedução que os jogos antigos estavam longe de poder oferecer. INCORRETA, mas uma vez o índice de indeterminação do sujeito não permite esse tipo de flexão.
Valeu galera bons estudos!
Comentário objetivo:
a) Reservavam-se RESERVOU-SE aos meninos daqueles tempos um prazer simples, que lhes ofereciam os brinquedos sem sofisticação.
b) Armava-se ARMAVAM-SE, com aquela caixa de pecinhas coloridas, igrejas, torres, cidades, todo tipo de cenário criado pela imaginação.
c) Não se tratavam TRATAVA nem de exibir habilidades, nem de demonstrar técnica especial: erguia-se ERGUIAM-SE paredes com facilidade.
d) Os meninos haveriam de ter, implícita, uma preocupação estética, sem que isso redundasse em obsessões artísticas. PERFEITO!!!
e) Atribuem-se ATRIBUI-SE aos brinquedos eletrônicos de hoje um tipo de sedução que os jogos antigos estavam longe de poder oferecer.
Alternativa (E) : Atribuem-se aos brinquedos eletrônicos de hoje um tipo de sedução que
os jogos antigos estavam longe de poder oferecer. INCORRETA , o "SE" nesse caso não é indice de indeterminação do sujeito, e sim , particula apassivador, pois refere-se a "um tipo de sedução"
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