Em “As que estudam à tarde, devido ao cansaço, (...)” (4º§)...

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Q1623975 Português

Você prefere seu açaí com granola, banana ou trabalho infantil?


         A árvore da fruta, de tronco fino e flexível, passa com frequência dos 20 metros de altura e faz parte da paisagem e dos quintais de boa parte dos ribeirinhos do Pará. É difícil encontrar quem não saiba fazer uma peconha, como é chamado o laço usado para subir nas palmeiras e que batiza quem ganha a vida colhendo açaí, os peconheiros. O trabalho exige destreza, e o aprendizado começa na infância.

        O Pará é o maior produtor de açaí do mundo. Vendemos, principalmente, para os EUA, Europa, Austrália e Japão. E grande parte da colheita é feita por menores de idade como Alessandro, em alguns casos em situações de trabalho análogo à escravidão.

        As crianças são especialmente valorizadas nesse mercado. Elas são leves, o que reduz acidentes com a quebra dos galhos. Para otimizar o trabalho, muitos peconheiros se arriscam pulando de uma palmeira para a outra. Assim não precisam perder tempo descendo e subindo de árvore em árvore. Quanto mais frutas colhidas no menor tempo, maior o lucro. [...]

       A participação de crianças e adolescentes na colheita do açaí prejudica outro ponto fundamental do desenvolvimento dos jovens: o desempenho escolar. Conversei com nove crianças e adolescentes entre nove e 14 anos que começaram a trabalhar subindo nos açaizais ainda com 11 ou 12 anos. Em comum: todas estão atrasadas na escola, e a maioria tem dificuldade para ler e escrever. Quem estuda de manhã falta às aulas devido ao horário da colheita, que se confunde com o da escola. As que estudam à tarde, devido ao cansaço, tem um rendimento menor ou até mesmo dormem em sala de aula. De acordo com o último Censo do IBGE, Abaetetuba, um dos centros de produção da fruta, está entre as cidades do Pará com maior número de crianças com até 10 anos fora da escola.

         Com 14 anos, Emerson, já um peconheiro experiente, repete pela quinta vez a terceira série. Pedi para olhar o seu caderno. O que deveriam ser palavras eram apenas riscos, que ele faz para fingir que está copiando as atividades que a professora passa no quadro. Emerson não sabe ler e escrever. Professora aposentada e coordenadora local da Cáritas, instituição de caridade da Igreja Católica, na região, Isabel Silva Ferreira explica que é comum encontrar professores que ignoram as faltas dos alunos. Muitos deles, diz, são, assim como Emerson e a família de Jacira, beneficiários do Bolsa Família e, se não comprovarem frequência escolar, acabam excluídos do programa.

[...]

      Apesar de já existir uma versão da fruta desenvolvida pela Embrapa que pode ser plantada em terra firme e cresce no máximo até três metros, um bom pedaço da produção de açaí paraense ainda depende dos peconheiros e seus facões nas alturas.

       Em novembro de 2018, uma força-tarefa do Ministério do Trabalho em conjunto com o Ministério Público do Trabalho, Defensoria Pública da União e Polícia Rodoviária Federal resgatou 18 trabalhadores em condições análogas à escravidão, entre eles dois adolescentes de 15 anos, na Ilha do Marajó, outro ponto de produção de açaí. Eles dormiam numa estrutura de madeira, sem paredes e com um teto improvisado com lona preta e folhas das palmeiras de açaí, não tinham água potável, banheiros e nenhum equipamento de proteção. Fiscalizações do tipo, infelizmente, são raras. A última havia acontecido em 2011, quando sete trabalhadores foram resgatados.

       No fim de 2018, um trabalho de conscientização começou a ser feito pelo Ministério Público do Trabalho do Pará e Amapá a fim de prevenir tragédias na colheita do açaí. O projeto pretende mapear as grandes empresas do Brasil que utilizam açaí e seus derivados, extraídos nos estados, e tentar negociar medidas que possam prevenir e sanear o trabalho infantil e o trabalho escravo na colheita da fruta.

(BARBOSA, Leandro. Você prefere seu açaí com granola, banana

ou trabalho infantil? Disponível em http://abet-trabalho.org.br/

voce-prefere-seu-acai-com-granola-banana-ou-trabalho-infantil/

Acesso em: 08/01/2020. Com adaptações.)

Em “As que estudam à tarde, devido ao cansaço, (...)” (4º§), registra-se a ocorrência da crase. Também ocorre crase na afirmativa:
Alternativas

Comentários

Veja os comentários dos nossos alunos

GABARITO -A

A) O cliente disse: prefiro isto aquilo.

Usamos crase diante de aquele / aquela / aquilo quando trocarmos por " a este , a esta, a isto ".

Isto a isto

__________________________________

B) Ontem, ele ficou cara a cara comigo.

Não há crase diante de palavra repetida

___________________________-_____

C) Aquela é a pessoa a quem me referi.

Não há crase diante de " quem ".

__________________________________

D) Marco Antônio chegou a casa de madrugada

A crase diante de " casa" só acontece quando ela é determinada.

de madrugada não determina a casa.

ex: Fui à casa dos meus pais .

____________________________________

Fonte: José Maria.

Bons estudos!

Discorrendo em linhas concisas, Celso Pedro Luft, nas primeiras páginas de Decifrando a Crase, ensina que se usa o acento grave no "a" em duas circunstâncias apenas:

1ª) para sinalizar a crase, isto é, para indicar que o "a" vale por dois: à = a + a;

2ª) para sinalizar preposição "a" em expressões de circunstância com substantivo feminino singular, indicando que não se deve confundir com o artigo "a" (p.ex. escrever à mão, cortar à faca, etc.)

Pode-se, às vezes, substituir o termo feminino por um masculino a fim de verificar se genuína ou não a ocorrência da crase. Se ocorrer “ao(s)”, marca-se; se ocorrer apenas “o(s)” e "a(s)" artigos, ou “a(s)” preposição”, deve-se evitar. Ex.: “Cortam-se as frutas e as verduras”. Marca-se ou não o fenômeno crásico? Certamente não, visto que se diz cortaram os legumes, os vegetais, etc. Outro exemplo: “Todos se dirigiram a mansão dele”. Marca-se ou não o fenômeno crásico? Certamente sim, pois é dito se dirigiram ao banco, ao boteco, ao armazém. Portanto: à mansão dele.

Inspecionemos as alternativas:

a) O cliente disse: prefiro isto aquilo.

Correto. O verbo "preferir", quando coteja, compara dois elementos, é transitivo direto e indireto e rege preposição "a", esta que deve se fundir com o "a" do pronome "aquilo". Assim: prefere isso a + aquilo = àquilo;

b) Ontem, ele ficou cara a cara comigo.

Incorreto. Atentem para a reles lição que só repisa as palavras "não se usa crase diante de palavras repetidas". Além de ser deletéria aos estudos, está errada. Apenas não ocorre crase entre palavras repetidas quando se forma locução: gota a gota, pouco a pouco, face a face, etc. No entanto, inexistindo locução, marcar-se-á normalmente: graças às graças do palhaço, todos rimos/Mulheres às mulheres se referiram. Há que se reprovar essas generalizações que em nada contribuem para o estudo e o prejudicam enormemente;

c) Aquela é a pessoa a quem me referi.

Incorreto. Não se marca a crase diante de pronomes indefinidos (quem), à exceção de uns poucos. Ex.: Disse à outra mulher que viria rápido.

d) Marco Antônio chegou a casa de madrugada.

Incorreto. Só se marca o fenômeno crásico diante da palavra "casa" (quando apresentar o sentido de residência) se esta estiver determinada por um adjunto: cheguei à casa dos meus pais, da minha namorada, dos amigos, etc.

Letra A

Sr. Shelking seu comentário é simplesmente espetacular. Obrigada pela ajuda!

Crase diante de palavras repetidas.

É preciso declarar guerra à guerra.

Comparou sua boca à boca de outras pessoas.

É necessário Dar mais vida à vida .

Em que há crase devido à regência dos verbos transitivos direto e indireto declarar, dar, comparar.

Gabarito: A.

Atentemo-nos à regência do verbo preferir, quem prefere, prefere uma coisa a outra, logo, existente uma preposição que irá se contrair com o a do pronome demonstrativo aquilo, pois crase é a fusão de duas vogais idênticas.

Fonte: Meus resumos da gramática do prof. Fernando Pestana.

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