A partir da leitura do texto, infere-se, a respeito das vari...

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Q2399204 Português

As questões (01) e (02) referem-se ao texto a seguir.


A gente é a língua que a gente fala


Às vezes a gente não se dá conta, mas o mal-estar fica ali, triangulando entre cérebro, estômago e boca: quer dizer que falamos errado? O idioma que aprendemos no berço não passa de uma versão bastarda de certa língua para sempre estrangeira?

Me refiro ao estrago que a brigada de guardiães da “norma curta” faz à nossa autoestima cultural e à qualidade do ensino de português em nossas escolas.

Para as patrulhas da norma-padrão, armadas de canetas vermelhas, o português brasileiro é um coitado sem modos e cheio de vícios que não consegue largar, por mais cascudos que a gente aplique em sua cabeça dura.

Usar “a gente” no lugar de “nós”, como fiz na primeira linha da coluna e voltei a fazer na frase anterior, é um dos sinais da suposta deterioração da língua que esses puristas extemporâneos (século 21, oi!) gostam de apontar.

Na vida real, a gente adora falar “a gente”. Sim, a gente briga, diz tanta coisa que não quer dizer, mas “a gente” é uma coisa que a gente quase sempre quer dizer. Porque a gente não tem cara de babaca — ou tem?

Verdade que, quando está escrevendo, a gente costuma se policiar. Ninguém quer perder ponto na prova, caramba. Às vezes escapa um “a gente” escrito, mas não era pra escapar. A gente sabe que no fundo está errado, que isso de “a gente” é um troço informal, tipo uma gíria, que não cabe na norma culta, certo?

Errado. Ou melhor, a carga de informalidade de “a gente” é obviamente maior que a de “nós”. O que não faz sentido é tentar expulsar da norma culta tudo o que é informal, como se só coubesse nela o livresco, o empertigado, o que fica distante da fala e se mete arranhando por ouvidos e almas.

Isso revela imensa ignorância sobre o que é uma língua e em especial sobre o português brasileiro, dono de uma história que merece respeito.


(Sérgio Rodrigues. https://www1.folha.uol.com.br/colunas/)

A partir da leitura do texto, infere-se, a respeito das variedades linguísticas, que:


I- A língua modifica-se naturalmente com o tempo.

II- É preciso considerar as diferenças entre o português europeu e o português brasileiro.

III- A relação entre norma culta e informalidade da língua deve ser considerada em termos de graus e não como dicotomias distintas.

IV- A norma culta é um modelo do bem falar e escrever que tem como referência a forma como falam e escrevem as pessoas cultas na época atual.


Estão corretas apenas as afirmativas

Alternativas