“Transformada em propaganda, a fotografia começa a ser usada...
“Transformada em propaganda, a fotografia começa a ser usada nas reportagens militares. A crença de sua fidelidade é tão grande que Mathew Brandy chega a afirmar: ‘A câmera fotográfica é o olho da história’. Mas a questão é bem mais complexa, como comprova a análise da documentação da guerra da Criméia realizada por Roger Fenton em 1855”. (Fabris, 2008)
Assinale a alternativa que corresponde à repercussão da primeira fotografia publicada de uma guerra, segundo comenta Annateresa Fabris. Essa fotografia provocou nos historiadores:
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Vamos analisar a questão com atenção ao contexto histórico e à análise proposta. A alternativa correta é a opção B - dúvida sobre a veracidade das informações que apresenta.
A questão aborda o impacto das primeiras fotografias de guerra, especificamente as feitas por Roger Fenton durante a Guerra da Criméia, em 1855. A fotografia, naquele momento, era considerada um instrumento de documentação fiel da realidade. No entanto, a análise crítica revela que mesmo as imagens podem ser manipuladas ou interpretadas de maneiras diferentes, levando a dúvidas sobre sua veracidade.
Vamos entender as alternativas:
A - Dificuldade de compreensão do conteúdo da imagem: Esta alternativa não é correta porque o foco das discussões não é a compreensão das imagens em si, mas sim a fé na sua autenticidade e o que elas representam.
B - Dúvida sobre a veracidade das informações que apresenta: Esta é a alternativa correta. Historicamente, a confiança na fotografia como uma representação verdadeira dos eventos foi questionada. Isso se deve ao fato de que as imagens podem ser encenadas ou editadas, como apontado por Fabris em suas análises.
C - Indiferença ao conteúdo da imagem: A indiferença não corresponde à reação histórica dos estudiosos e do público. As fotografias de guerra sempre geraram reações emocionais e políticas significativas.
D - Certeza sobre os acontecimentos na Crimeia em 1855: Pelo contrário, a introdução da fotografia trouxe mais perguntas do que certezas sobre a veracidade dos eventos documentados.
E - Horror e repulsa aos corpos mostrados na imagem: Embora as imagens de guerra possam evocar sentimentos de horror, a questão abordada por Fabris foca na veracidade e interpretação, não nas reações emocionais.
Compreender a relação entre a fotografia e a história é crucial para entender como a imagem pode influenciar a percepção pública sobre eventos históricos. Assim, a análise crítica das fontes visuais se torna uma ferramenta essencial para historiadores e comunicadores.
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Artigo sobre a cobertura da guerra da criméia por Roger Fenton (com fotos).
http://odiplomata.blogs.sapo.pt/a-importancia-da-crimeia-na-genese-do-487525
"É assim que a participação britânica na Guerra da Crimeia (1854-55), com o consequente interesse popular, leva o editor Thomas Agnew a convidar o fotógrafo oficial do Museu Britânico, Roger Fenton, a deslocar-se à frente de batalha, para cobrir "fotojornalisticamente" o acontecimento.
Todavia, a rudimentaridade das tecnologias vai originar um caso paradigmático de desfavor do "proto-fotojornalismo". As fotografias da Guerra da Crimeia obtidas por Fenton, publicadas no The llustrated London News e no Il fotografo, de Milão, em 1855, foram inseridas na imprensa sob a forma de gravuras, apesar dessas fotos constituirem o primeiro indício do privilégio que o fotojornalismo vai conceder à cobertura de conflitos bélicos. De qualquer modo, e de acordo com Marie-Loup Sougez, Roger Fenton foi o primeiro repórter fotográfico.(49)
As fotografias que Fenton obtém na Crimeia não mostram o horror da dor e da morte. (Fig. 6) Os cerca de 300 negativos que restam são antes imagens de soldados e oficiais, por vezes sorridentes, posando para o fotógrafo, ou imagens dos campos de batalha, limpos de cadáveres, embora juncados de balas de canhão.
As fotos da Guerra da Crimeia realizadas por Roger Fenton possuem, de facto, um condicionalismo que ultrapassa o dos limites definidos pelas tecnologias. Sendo uma expedição encomendada pelo empresário Thomas Agnew, com a primeira cobertura "fotojornalística" de guerra nasce a censura prévia ao fotojornalismo.(50) Daí serem imagens que nada revelam da dureza dos combates. Em vez disso, mostram a "falsa guerra", os soldados bem instalados, longe da frente. É ainda a guerra vestida com a sua auréola de heroísmo e de epopeia, como tradicionalmente era representada pela pintura. Por outro lado, porém, há evidentemente que atentar nas limitações técnicas: a "reportagem" de guerra estava limitada ao "teatro das operações" e às consequências das actividades bélicas, pois o fotógrafo era incapaz de se posicionar "na acção".
http://bocc.ubi.pt/pag/sousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1.html
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