Assinale a alternativa que faz um comentário equivocado sobr...
Observe o trecho do conto “O Alienista”, de Machado de Assis. A questão se refere a este texto.
(...) “Uma vez desonerado da administração, o alienista procedeu a uma vasta classificação dos seus enfermos. Dividiu-os primeiramente em duas classes principais: os furiosos e os mansos; daí passou às subclasses, monomanias, delírios, alucinações diversas. Isto feito, começou um estudo acurado e contínuo; analisava os hábitos de cada louco, as horas de acesso, as aversões, as simpatias, as palavras, os gestos, as tendências; inquiria da vida dos enfermos, profissões, costumes, circunstâncias da revelação mórbida, acidentes da infância e da mocidade, doenças de outra espécie, antecedentes na família, uma devassa, enfim, como a não faria o mais atilado corregedor. Mal dormia e mal comia; e ainda comendo, era como se trabalhasse, porque ora interrogava um texto antigo, ora ruminava uma questão, e ia muitas vezes de um cabo a outro do jantar sem dizer uma só palavra a D. Evarista.
- A Casa Verde é um cárcere privado, disse um médico sem clínica.
Nunca uma opinião pegou e grassou tão rapidamente. Cárcere privado: eis o que se repetia de norte a sul e de leste a oeste de Itaguaí, – a medo, é verdade, porque durante a semana que se seguiu à captura do pobre Mateus, vinte e tantas pessoas, duas ou três de consideração – foram recolhidas à Casa Verde. O alienista dizia que só eram admitidos os casos patológicos, mas pouca gente lhe dava crédito. Sucediam-se as versões populares. Vingança, cobiça de dinheiro, castigo de Deus, monomania do próprio médico, plano secreto do Rio de Janeiro com o fim de destruir em Itaguaí qualquer germe de prosperidade que viesse a brotar, arvorecer, florir, com desdouro e míngua daquela cidade, mil outras explicações, que não explicavam nada, tal era o produto diário da imaginação pública.
Daí em diante foi uma coleta desenfreada. Um homem não podia dar nascença ou curso à mais simples
mentira do mundo, ainda daquelas que aproveitam ao inventor ou divulgador, que não fosse logo metido na Casa
Verde. Tudo era loucura. Os cultores de enigmas, os fabricantes de charadas, de anagramas, os maldizentes, os
curiosos da vida alheia, os que põem todo o seu cuidado na tafularia, um ou outro almotacé enfunado, ninguém
escapava aos emissários do alienista. Ele respeitava as namoradas e não poupava as namoradeiras, dizendo que as
primeiras cediam a um impulso natural e as segundas a um vício. Se um homem era avaro ou pródigo, ia do mesmo
modo para a Casa Verde; daí a alegação de que não havia regra para a completa sanidade mental. (...)
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O segundo paragrafo é predominantemente marcado por oraçoes subordinadas podendo ser percebidas pelas conjunçoes de adição (e) e as de alternativa(ora, ora).
Orações coordenadas são orações que estão ligadas uma à outra apenas pelo sentido, sendo sintaticamente independentes. Ligam-se através de conjunções ou de vírgulas, podendo ser entendidas separadamente, sem que se perca o sentido individual de cada oração.
Exemplo de orações coordenadas:
O aluno acordou cedo e começou a estudar.
Sentido individual de cada oração:
O aluno acordou cedo.
O aluno começou a estudar.
Assim, a classificação em oração coordenada surge apenas quando um determinado período é composto, sendo formado por duas ou mais orações.
https://www.normaculta.com.br/oracoes-coordenadas/
A linguagem do texto é marcada, predominantemente, pela informalidade?
Eu me recuso a aceitar este gabarito. Percebo que algumas provas antigas de concurso possuem como resposta alternativa correta que é o contrário do enunciado.
Nesta questão em tela, equivocado são as alternativas a, b e c. O correto que seria a letra D.
Onde o examinador viu a informalidade? Machado de Assis valorizava a formalidade mais do que tudo, sendo um dos pioneiros a defender um bom português na escrita redacional.
Onde o examinador viu expressões metafóricas nesse texto?
Onde o examinador viu a predominância da oralidade? Eu vi apenas uma frase: - A Casa Verde é um cárcere privado, disse um médico sem clínica.
O correto que seria a letra D ao invés de equivocado. Destaquei as conjunções coordenativas:
Segundo parágrafo: Mal dormia e mal comia; e ainda comendo, era como se trabalhasse, porque ora interrogava um texto antigo, ora ruminava uma questão, e ia muitas vezes de um cabo a outro do jantar sem dizer uma só palavra a D. Evarista.
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