Tendo o texto acima como referência inicial, julgue (C ou E)...
A despeito da importância econômica que desempenhavam, comerciantes e mercadores reinóis enfrentavam, no Brasil, grande dificuldade para alcançar representação política.
"Do outro lado do rio Beberibe, entretanto, o Recife crescia e com ele uma nova elite de mercadores reinóis e uma miríade de grupos sociais livres que permaneceria à margem das querelas políticas da elite açucareira."
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-90742009000100009&script=sci_arttext A partir do século XVII o termo "reinóis" era usado popularmente no Brasil para designar os portugueses nascidos em Portugal e os distinguir daqueles nascidos no Brasil. Dentro do Brasil podiam-se diferenciar os cidadãos em nível regional, por exemplo os pernambucanos dos baianos, no entanto a nível nacional e a nível internacional eram todos conhecidos como portugueses. Os escravos davam o nome de "mazombo" aos filhos de portugueses nascidos no Brasil, e mais tarde a qualquer europeu.
Gabarito: Certo.
Três grandes grupos conformavam a população colonial, consoante Ilmar Mattos, em O tempo saquarema: i) Os colonizadores, que definiam os interesses da metrópole, ii) Os colonos, que implementavam, na colônia, as diretrizes da metrópole. iii) Os colonizados, que eram submetidos à exploração dos dois grupos anteriores. Os comerciantes e mercadores reinóis, de origem portuguesa e radicados na Colônia, contrapunham-se aos colonos, que eram os denominados “homens bons” ou, na acepção depreciativa dos reinóis, os mazombos. Os comerciantes e mercadores articulavam a economia colonial, visto que por suas mãos se agenciava o comércio entre a colônia e a metrópole. Sua relevância na economia coadunava-se com sua busca pela ampliação de sua representação política, a qual se confrontava com a participação dos “homens bons” nas Câmaras Municipais. Exemplo notório desse embate foi a Guerra dos Mascastes, de 1710 a 1711. Confrontaram-se os senhores de terras e de engenhos pernambucanos, concentrados em Olinda, e os comerciantes reinóis de Recife, chamados pejorativamente de mascates. Ademais, saliente-se que os comerciantes tinham difculdade de representação política por serem denegridos socialmente, em um contexto de predominância da nobreza no poder. Há uma verdadeira estrutura social que descrimina o comerciante. Essa visão será alterada com as reformas pombalinas, no século XVII, que pretenderam estimular o comércio na colônia e acabaram por atender aos interesses políticos dos comerciantes locais. Na percepção de João Fragoso, em Na trama das redes; política e negócios no império português, séculos XVI-XVIII, os grupos coloniais não eram forçosamente antônimos, o que não quer dizer que não houvessem embates entre eles. Nesse sentido, o autor advoga a existência de uma rede de diversos atores com acesso diferenciado aos recursos e à informação. Essas diferenças redundaram em teias de alianças, nas quais as redes de atores coloniais se imbricavam, forjando conflitos de interesses e relações de micropoder.
Fonte:Concursos CESPE 7000 Questões Comentadas.
Há um excelente comentário sobre este item no Manual do Candidato, História do Brasil, da FUNAG. Página 59.
"Na primeira questão objetiva de História do Brasil no Teste de Pré-Seleção de 2011, um dos itens asseverava corretamente que era muito difícil aos comerciantes ter acesso a cargos públicos, sinecuras e benesses na América portuguesa ao longo do período colonial. A Guerra dos Mascates é a prova viva de que essa dificuldade permanecia e encontrava resistência entre os “nobres da terra” ainda no início do século XVIII. A mentalidade feudal de que são nobres os que possuem terra e de que o comércio é uma atividade menor e vergonhosa ainda subsistia na alma dos colonos brasileiros mesmo após três séculos de mercantilismo." Manual do Candidato de História do Brasil, p. 59
As Câmaras Municipais eram ocupadas por latifundiários eleitos. Os comerciantes e mercadores não possuíam força política pois, à época, tais atividades eram ocupadas pelas classes mais baixas - um exemplo que talvez ilustre bem é a característica popular da Revolta dos Alfaiates (1798) foi evidenciada justamente pela presença de alfaiates, comerciantes e mercadores neste movimento. Assim, a força política estava nas mãos dos latifundiários (existentes no Brasil Colônia em decorrência da Lei das Sesmarias de 1375).
Lembrem-se dos "homens bons", eles dominavam tudo relativo a política.
Guerra dos Mascates, que se registrou de 1710 a 1711 na Capitania de Pernambuco.
Senhores de engenho possuíam o controle do cenário político local por meio do poder exercido na câmara municipal de Olinda.
Os comerciantes portugueses, pejorativamente chamados de “mascates”, buscaram se livrar da dominação política olindense.