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Q690940 Português
Inacessibilidade como expressão de luxo
Uma crescente minoria adere a um contramovimento comportamental que prega o monotasking como a solução para uma vida mais linear
Capacidade de foco e contemplação é uma característica pouco presente nesta geração, que cresceu em um contexto multitasking e tem como comportamento vigente a ausência de linearidade. Isso é um reflexo da internet: navegar entre abas, abertas às dezenas, é tão natural quanto monitorar o cotidiano através de fotos, check-ins e updates.
É um constante esforço coletivo em marcar presença e sentir-se presente. O abuso dessas ferramentas de registro gera dependência e promove o desfoque, mesmo que não intencionalmente.
Todos sabemos disso. Mas todos seguimos fazendo isso.
Porém essas interrupções têm sido evitadas por uma crescente minoria, convencida de que criatividade e atenção são irmãs siamesas. Hoje observa-se um contramovimento comportamental que prega o monotasking como a solução para uma vida com mais memórias, saúde e dedicação. O presente passa a ser revalorizado pelo agora, e não pelo registro que deixou. Nessa lógica, filmar sua música favorita durante um show faz tão pouco sentido quanto fotografar sua comida.
O não registro, a contemplação, o detox digital e o monotasking entram em cena para propor uma revalorização do momento.
Mas como conseguir focar vivendo em um mundo onde janelas têm abas? Singelas soluções têm surgido. Tabless thursday é uma proposta da revista The Atlantic que sugere a quinta-feira como o dia em que você só poderá abrir uma aba do seu navegador
Na internet, serviços do tipo “leia depois” têm se popularizado. Eles contribuem com o monotasking ao permitir que se deixe para mais tarde aquilo que tira a atenção do agora.
[...]
Quando só a urgência é capaz de captar a atenção, é hora de rever se o FOMO (sigla para Fear Of Missing Out, que é o medo de estar por fora, de não aproveitar o que você poderia estar aproveitando, o que gera ansiedade) ainda é capaz de assustar. Estamos em todos os lugares parcialmente e em nenhum lugar totalmente. Em um tempo de realidades infinitas e possíveis, a onipresença cede espaço para o foco. As melhores coisas acontecem apenas uma vez.
BIZ, Eduardo. Inacessibilidade como expressão de luxo. Ponto
Eletrônico. Disponível em: . Acesso em: 15 fev. 2016 (Adaptação).
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Comentários

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Gabarito: C.

 

Já vi em uma outra prova da Fundep que eles assumem a conjunção "posto que" com sentido explicativo, sendo que, na verdade, ela possui semântica concessiva.

POSTO QUE é uma locução conjuntiva de valor concessivo e também, modernamente, de valor explicativo ou causal.

A banca não sabe que posto que” não pode ser usado como causal? Já é a segunda questão que vejo isso.

c) A internet é o “lugar” de infinitas e possíveis realidades, posto que se é quase onisciente quando se está “navegando”.

c) A internet é o “lugar” de infinitas e possíveis realidades, pois se é quase onisciente quando se está “navegando”.

A alternativa D não poderia ser resposta também?

B) A ausência de linearidade, comportamento da atual geração, envolve a capacidade de focar e de contemplar.

Temos o trecho do texto:

"Capacidade de foco e contemplação é uma característica pouco presente nesta geração, que cresceu em um contexto multitasking".

Esse trecho indica que o contexto da atual geração é multitasking, portanto ausente de linearidade. Essa característica envolve (no sentido de cobrir, tapar) a capacidade de foco e contemplação.

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