De acordo com o contexto: “Para ser aceita, em primeiro lug...
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Ano: 2018
Banca:
Itame
Órgão:
Prefeitura de Firminópolis - GO
Prova:
Itame - 2018 - Prefeitura de Firminópolis - GO - Agente Administrativo - Classe III |
Q2000899
Português
Texto associado
A armadilha da aceitação
Aline Valek
Existe um lugar quentinho e cômodo chamado
aceitação. Olhando de longe, parece agradável. Mais
do que isso, é absolutamente tentador: os que ali
repousam parecem confortáveis, acolhidos, até mesmo
com um senso de poder, como se estivessem tirando
um cochilo plácido debaixo das asas de um dragão.
“Elas estão por cima”, é o que se pensa de
quem encontrou seu espacinho sob a aba da aceitação.
Porém, é preciso batalhar para ter um espaço ali. Esse
dragão não aceita qualquer um; e sua aceitação, como
tudo nesta vida, tem um preço
Para ser aceita, em primeiro lugar, você não
pode querer destruir esse dragão. Óbvio. Você não
pode atacá-lo, você não pode ridicularizá-lo, você não
pode falar para outras pessoas o quanto seus dentes
são perigosos, você não pode sequer fazer perguntas
constrangedoras a ele.(...)
A melhor coisa que você pode fazer para
conseguir aceitação é atacar as pessoas que querem
destruir o generoso distribuidor deste privilégio. Uma
boa forma de fazer isso é ridicularizando-as, e pode
ser bem divertido fingir que esse dragão sequer existe,
embora ele seja algo tão monstruosamente gigante que
é quase como se sua existência estivesse sendo
esfregada em nossas caras. (...)
Reproduzir esse discurso é bem simples: basta
que a mensagem principal seja deixar tudo como está
– e há várias formas de se dizer isso, das mais
rudimentares e manjadas às mais elaboradas e
inovadoras. Não dá pra reclamar de falta de opção.
Pode ter certeza que o dragão da aceitação
dará cambalhotas de felicidade. Nada o agrada mais
do que ver gente impedindo que as coisas mudem.
Uma vez aceita, você estará cercada de outras
pessoas tão legais quanto você, todas acolhidas nesse
lugar quentinho chamado aceitação. Ali, você irá acomodar a sua visão de mundo, como quem coloca
óculos escuros para relaxar a vista, e irá assistir numa
boa as pessoas se dando mal lá fora.
É claro que elas só estão se dando tão mal por
causa do tal dragão; mas se você não pode derrotá-lo,
una-se a ele, não é o que dizem? (...)
Você pode tentar agradar ao dragão, você
pode caprichar na reprodução e perpetuação do
discurso que o mantém acocorado sobre este mundo,
você pode até se estirar no chão para se fazer de tapete
de boas-vindas, mas nada disso irá adiantar,
especialmente porque esse discurso só foi feito para
destruir você.
E aí é que a aceitação se revela como uma
armadilha. Tudo o que você faz para ser aceita por
aquilo que esmaga as outras sem dó só serve para
deixar você mais perto da boca cheia de dentes que
ainda vai te mastigar e te cuspir para fora. Pode
demorar, mas vai. Porque só tem uma coisa que esse
dragão realmente aceito: dominar e oprimir.
Então, se ele sorrir para você, não se engane:
ele não está te aceitando. Está apenas mostrando os
dentes que vai usar para fazer você em pedaços
depois.
De acordo com o contexto: “Para ser aceita, em
primeiro lugar, você não pode querer destruir esse
dragão.” A palavra dragão assume um sentido
figurado de uma: