A ruptura das relações diplomáticas entre o Brasil e a Grã-B...

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Q2347183 História
A ruptura das relações diplomáticas entre o Brasil e a Grã-Bretanha em 1863, provocada pelo incidente capitaneado pelo ministro britânico William Dougal Christie, revelou questões complexas. Dado o contexto, identifique a afirmação correta:
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O gabarito correto para a questão é a alternativa B. Esta alternativa destaca que o rompimento das relações diplomáticas entre o Brasil e a Grã-Bretanha não se deu por um incidente isolado. Na verdade, foi uma estratégia mais ampla, que envolveu tanto o Foreign Office (o ministério dos negócios estrangeiros britânico) quanto a British and Foreign Anti-Slavery Society (BFASS), uma sociedade que lutava contra a escravidão. Juntos, esses grupos exerceram pressão sobre o Brasil para que medidas antiescravistas fossem adotadas. Tais medidas estariam alinhadas com um plano mais antigo, que havia sido concebido na década de 1840 por David Turnbull.

Portanto, essa alternativa revela uma manobra política e diplomática com o objetivo de influenciar a política interna brasileira, em particular em relação à questão da escravidão. Essa pressão externa se enquadra em um contexto histórico no qual o Reino Unido já havia abolido a escravidão em seu império e buscava promover o antiescravismo globalmente. A resposta correta evidencia a complexidade das relações internacionais e as influências entre países em períodos de mudanças significativas nas políticas sociais, como foi o movimento abolicionista.

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Letra (B).

"No ano de 1861, o diplomata britânico William Dougal Christie reclamou sobre o desrespeito do Estado brasileiro a uma lei de 1831 que determinava a libertação de todos os negros que chegassem ao Brasil. No ano seguinte, sem obter resposta satisfatória, o navio britânico Prince of Wales naufragou no Rio Grande do Sul e teve a sua mercadoria tomada por terceiros.

Aproveitando do incidente, Christie exigiu que o governo imperial brasileiro indenizasse a Inglaterra pelo prejuízo e que um oficial inglês acompanhasse toda a investigação do caso. Em 1862, quando o caso do navio ainda era discutido, um grupo de oficiais da marinha inglesa foi preso por cometer uma estrondosa arruaça no Rio de Janeiro.

Mediante o novo incidente, apesar da soltura imediata dos oficiais, William Christie exigiu que a indenização das cargas fosse paga, os oficiais brasileiros envolvidos na detenção fossem exonerados e que houvesse a realização de um pedido de desculpas oficial do Governo Imperial Brasileiro. Não aceitado tais imposições, o diplomata inglês exigiu que embarcações inglesas apreendessem cinco navios brasileiros que estavam ancorados na Baia de Guanabara.

Visando solucionar o caso, Dom Pedro II convocou o rei da Bélgica, Leopoldo I, para arbitrar a questão e devolveu o dinheiro referente ao roubo das cargas. Com isso, o monarca belga decidiu em favor dos brasileiros e determinou que o tal pedido de desculpas fosse dado pelos ingleses. Sem obter resposta da Inglaterra, o Brasil acabou rompendo relações com a Coroa Britânica. O problema só chegou ao fim em 1865, quando os ingleses reconheceram seu comportamento intransigente."

https://brasilescola.uol.com.br/historiab/a-questao-christie.htm

A ação inglesa foi entendida também como uma postura arrogante, em face do poderio econômico e militar do maior Império da época. Mas o governo de D. Pedro II não aceitou a intimidação. Por outro lado, havia um sentimento nacionalista de alguns setores da sociedade brasileira, configurando-se como um sentimento anti-inglês, que estava ligado, entre outras coisas, ao combate da Inglaterra pelo fim do tráfico de escravos no Atlântico e pelo fim da escravidão no Brasil.

O Brasil não vinha cumprindo os acordos estabelecidos com a Inglaterra pelo fim do tráfico negreiro e nem as próprias leis que haviam sido criadas no país, como a Lei Regencial, de 1831, e a Lei Eusébio de Queirós, de 1850. A força econômica da escravatura no Império, em decorrência de ser a base da força de trabalho da economia agrícola e uma fonte de grandes ganhos comerciais, impedia que o tráfico de escravos fosse abolido do Brasil.

A Inglaterra, por sua vez, tinha interesses econômicos por trás do aparente sentimento humanitário contra a escravidão. Uma economia baseada no trabalho escravo não proporcionava a criação de mercados consumidores. Os ingleses tinham interesse em aumentar a importação de seus produtos industrializados, tanto para o Brasil quanto para a África, onde os britânicos ampliavam sua dominação. A Tarifa Alves Branco, de 1844, já havia contribuído para estremecer os laços entre os dois países, já que afetou negativamente a entrada das mercadorias inglesas no Brasil e melhorou a situação financeira do governo imperial.

A Questão Christie foi o ponto máximo do desgaste entre os dois países. Para resolver a Questão, D. Pedro II pediu que o rei da Bélgica, Leopoldo I, fosse o árbitro da questão. Ao mesmo tempo, o Brasil pagou a indenização que a Inglaterra havia pedido pelas mercadorias no navio naufragado.

Leopoldo I decidiu, em 1863, a favor do Brasil e exigiu que a Inglaterra pedisse formalmente desculpas pelas ações de seu Embaixador. O Império britânico recusou-se a pedir desculpas. D. Pedro II decidiu por cortar as relações diplomáticas com os ingleses. Apenas em 1865, a Inglaterra realizou o pedido de desculpas, reatando os laços diplomáticos. Mas não devolveram o dinheiro da indenização.

Thomas Fowell Buxton, um dos líderes abolicionistas mais reconheci

-

dos e ativos naquele momento, vinha elaborando desde meados dos anos

1830 um projeto de colonização da África. A ideia consistia em estabelecer

fazendas no continente africano para que servissem de modelo de desen

-

volvimento e desencorajassem os habitantes de participar do tráfico de es

-

cravos. Segundo Buxton, era necessário atuar para conter o tráfico de escra

-

vos, pois somente assim a escravidão poderia ser efetivamente eliminada. A

instituição criada por Buxton, a Society for the Extinction of the Slave Trade

and for the Civilization of Africa, organizou uma expedição ao rio Níger com

o objetivo de implantar as fazendas, mas os integrantes da expedição foram

assolados provavelmente pela malária, e o projeto de Buxton tornou-se uma

tragédia. A Sociedade teve uma vida efêmera e foi dissolvida em 1843.

Outro grupo de abolicionistas, liderado por Joseph Sturge, um quacre

de Birmingham, também vinha se organizando desde meados da década de

1830 para criar uma nova entidade, capaz de encabeçar a internacionaliza

-

ção do movimento abolicionista. Depois de várias reuniões no início do ano,

surge em abril de 1839 a British and Foreign Anti-Slavery Society (BFASS),

que existe até hoje ainda que com outro nome e, assim,

é considerada a mais

longeva instituição defensora dos direitos humanos

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