Leia o texto para responder à questão A reabilitação do or...
A reabilitação do orgulho Nem pecado nem falha de caráter. Pesquisas mostram que o sentimento de altivez só faz bem
Verônica Mambrini
Os dias de falsa modéstia estão contados. O orgulho está saindo do limbo reservado aos vícios de comportamento considerados pecado ou falha de caráter graças a uma série de estudos psicológicos que acabam de sair do forno. Eles mostram que, ao contrário do que sempre se pregou, é bom se orgulhar de si mesmo e de suas conquistas e expor aos outros com altivez. Encontraram também uma função social para ele. Tradicionalmente tido como uma emoção muito individualista, o orgulho tem sido avaliado como um sentimento de importante componente agregador e um protetor natural do amor próprio.
Nas últimas semanas, o exemplo mais evidente é o do artista plástico Max, vencedor da nona edição do Big Brother Brasil, exibido pela Rede Globo. Um dos gestos característicos do novo milionário no reality show era bater o punho fechado no peito. "Desde adolescente digo que tenho orgulho de ser quem eu sou", diz. "Minha autoestima sempre foi muito grande." Um estudo de 2008, feito pelos pesquisadores Jessica L. Tracy, da Universidade da Columbia Britânica, no Canadá, e David Matsumo, da Universidade de São Francisco, nos EUA, demonstrou que os gestos associados ao orgulho são parecidos em praticamente todas as culturas. Os especialistas compararam as expressões faciais de atletas dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2004. Competidores de 37 países, incluindo cegos, exibiram feições muito semelhantes no momento da vitória.
Outra descoberta da professora Jessica, junto com o psicólogo Richard W. Robins, da Universidade da Califórnia, é que há dois tipos de orgulho: um é a soberba, em que a pessoa se sente superior aos outros. O outro é o autêntico, que está ligado às realizações pessoais, motivado pela sensação de dever cumprido, de ser capaz de realizar bem as tarefas. A redatora Cíntia Costa usa esse sentimento a seu favor. Quando decidiu se casar, há pouco mais de um ano, começou o blog Planejando meu Casamento, com as dicas para fazer as núpcias desejadas sem se endividar. "Muitas noivas não queriam mais casar porque não tinham dinheiro para a festa", lembra. "Lendo o blog, elas recuperaram a confiança". Outra característica do orgulho bom, afirmam os estudos, é a capacidade de inspirar e motivar outras pessoas que estão à sua volta.
O único lugar em que Cíntia é mais moderada é no trabalho. "Comemoro as vitórias em equipe e escolho com cuidado o que vou falar." As precauções de Cíntia no ambiente profissional fazem sentido - a psicóloga especializada em seleção e recrutamento Ana Carolina Maffra, da consultoria Equipe Certa, reforça que é preferível falar de resultados obtidos em um trabalho específico a desfilar qualidades que você acredita ter. "Mas é bom ter orgulho de fazer algo benfeito, da profissão, da empresa", reforça Ana Carolina. "Isso indica autoestima."
Outra pesquisa da Universidade da Columbia Britânica, feita pela pesquisadora Jessica L. Tracy e pelo psicólogo Azim Shariff, mostrou que, nos testes, os participantes deram mais valor a um entregador de pizzas orgulhoso do que a um executivo abatido. As expressões de orgulho transmitem aos outros a impressão de sucesso, o que melhora o status social no grupo. O fotógrafo André de Menezes Trigueiro sabe do poder que exerce sobre as pessoas ao redor. "Ouço bastante que contagio os outros quando estou falando de um assunto que gosto", diz. "Não me inibo em ser o centro das atenções." André gosta de mostrar suas criações para os amigos e se considera feliz com seu trabalho. A professora de psicologia social da Universidade de São Paulo Sueli Damergian acredita que uma das coisas que diferenciam o orgulho positivo do negativo é a postura que se tem com o outro. "O orgulho positivo implicaria ser capaz de reconhecer o valor das coisas que se fez, sem se sentir superior ou com maiores direitos do que os outros", afirma Sueli.
Em outro estudo, Lisa Williams e David DeSteno, psicólogos da Northeastern University, nos Estados Unidos, convidaram 62 estudantes para um teste de QI. Depois, cumprimentaram alguns como se tivessem obtido os resultados mais altos. Na sequência, todos foram convidados a realizar mais uma série de tarefas intelectuais. Os que foram elogiados, se mostraram mais orgulhosos e confiantes. A surpresa é que esse grupo foi também o mais gentil. Para os psicólogos, o resultado indica que as pessoas se sentem mais fortes quando superam problemas. A professora Sueli alerta, contudo, para as implicações éticas desse sentimento. "O orgulho é o oposto da vergonha, ele tem uma implicação moral", afirma. Em outras palavras: orgulho é bom e todo mundo gosta - só não vale deixá-lo virar arrogância.
Revista IstoÉ, ano 32, n. 2058, de 22 de abril de 2009. p.60-61
“Ana Carolina Maffra, da consultoria Equipe Certa, reforça que é preferível falar de resultados obtidos em um trabalho específico a desfilar qualidades que você acredita ter.”
Os dois elementos destacados no fragmento acima se classificam, respectivamente, em
- Gabarito Comentado (1)
- Aulas (11)
- Comentários (11)
- Estatísticas
- Cadernos
- Criar anotações
- Notificar Erro
Gabarito comentado
Confira o gabarito comentado por um dos nossos professores
Alternativa correta: E - conjunção integrante e pronome relativo
Vamos entender o porquê desta ser a alternativa correta e analisar as demais opções.
No fragmento "Ana Carolina Maffra, da consultoria Equipe Certa, reforça que é preferível falar de resultados obtidos em um trabalho específico a desfilar qualidades que você acredita ter.", temos duas ocorrências da palavra "que".
Para resolver essa questão, é necessário compreender a função sintática de cada "que" no contexto da frase.
1º "que": Ana Carolina Maffra, da consultoria Equipe Certa, reforça que é preferível falar de resultados obtidos em um trabalho específico a desfilar qualidades que você acredita ter.
Nesse caso, o "que" introduz uma oração subordinada substantiva completa, que é dependente da principal, e tem a função de conjunção integrante. Portanto, este "que" é uma conjunção integrante.
2º "que": a desfilar qualidades que você acredita ter.
Aqui, a palavra "que" retoma o substantivo "qualidades" e tem a função de pronome relativo, pois conecta a oração principal à oração subordinada adjetiva. Este "que" é, portanto, um pronome relativo.
Assim, a alternativa correta é a letra E.
Vamos agora analisar por que as outras alternativas estão incorretas:
A - pronome relativo e pronome relativo: A primeira ocorrência do "que" é uma conjunção integrante, não um pronome relativo. Portanto, essa alternativa está incorreta.
B - pronome relativo e conjunção integrante: A segunda ocorrência do "que" é um pronome relativo, mas a primeira é uma conjunção integrante. Portanto, essa alternativa está incorreta.
C - partícula expletiva e pronome relativo: Nenhuma das ocorrências do "que" é uma partícula expletiva. Portanto, essa alternativa está incorreta.
D - conjunção integrante e partícula expletiva: A segunda ocorrência do "que" é um pronome relativo, não uma partícula expletiva. Portanto, essa alternativa está incorreta.
Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!
Clique para visualizar este gabarito
Visualize o gabarito desta questão clicando no botão abaixo
Comentários
Veja os comentários dos nossos alunos
gabarito letra E
“Ana Carolina Maffra, da consultoria Equipe Certa, reforça que [ISSO] é preferível falar de resultados obtidos em um trabalho específico a desfilar qualidades que [a qual / as quais] você acredita ter.”
..reforça que é preferível... e ... qualidades que você acredita...
No 1º caso: Verbo Transitivo Direto: reforça o quê? O que não substitui termo anterior...sendo uma conjunção integrante.
No 2º caso: antes do que vem um substantivo, sendo o que um pronome relativo, que pode ser substituído por as quais.
ALTERNATIVA E
“Ana Carolina Maffra, da consultoria Equipe Certa, reforça que é preferível falar de resultados obtidos em um trabalho específico a desfilar qualidades que você acredita ter.”
“Ana Carolina Maffra, da consultoria Equipe Certa, reforça que
REFORÇA ISSO (CONJUNÇÃO INTEGRANTE)
específico a desfilar qualidades que você acredita ter.
QUALIDADES AS QUAIS
Gabarito letra E
"[...] reforça que é preferível falar de resultados obtidos em um trabalho específico [...]" (reforça o quê?) --> Nesse caso, a palavra "QUE" introduz uma oração subordinada substantiva objetiva direta, caso específico no qual é uma conjunção integrante.
“Ana Carolina Maffra, da consultoria Equipe Certa, reforça que é preferível falar de resultados obtidos em um trabalho específico a desfilar qualidades que você acredita ter.”
Orações Subordinadas Substantivas. São 6 as orações subordinadas substantivas, que são iniciadas por uma conjunção subordinativa integrante (que, se)
Orações Subordinadas Adjetivas. As orações subordinadas adjetivas são sempre iniciadas por um pronome relativo. São 2 as orações subordinadas adjetivas: restritivas e explicativas.
Clique para visualizar este comentário
Visualize os comentários desta questão clicando no botão abaixo