Para publicar em periódicos da metrópole, deve-se escrever
seguindo os géneros da metrópole, citar a literatura da metrópole
e tornar-se parte do discurso lá produzido. Para um cientista
social, isso significa tanto descrever sua própria sociedade como
se fosse a metrópole, suprimindo sua especificidade histórica, ou
descrevê-la em termos comparativos, situando sua especificidade
nos parâmetros da metrópole. Esse “metrocentrismo” da
imaginação sociológica é mais evidente nas teorias da
"globalização". De todos os tópicos sociológicos, é nesse que as
relações entre metrópole e periferia são mais nítidas. Ainda
assim, a abundante literatura sociológica feita no Norte
frequentemente projeta características da modernidade ou pósmodernidade da metrópole para outros espaços. Uma estratégia
de resistência à essa situação, é a busca por sistemas indígenas
de conhecimento, entendidos como contextos para produção de
um conhecimento que esteve originalmente fora do sistema eurocentrado e que talvez ainda possa estabelecer uma base para
autonomia.
CONNELL, Raewyn. A iminente revolução na teoria social. Revista Brasileira de
Ciências Sociais, São Paulo, v.27, n. 80, 2012. (Adaptado)
As afirmativas a seguir apresentam interpretações coerentes do
texto, à exceção de uma. Assinale-a.

Question

Para publicar em periódicos da metrópole, deve-se escrever
seguindo os géneros da metrópole, citar a literatura da metrópole
e tornar-se parte do discurso lá produzido. Para um cientista
social, isso significa tanto descrever sua própria sociedade como
se fosse a metrópole, suprimindo sua especificidade histórica, ou
descrevê-la em termos comparativos, situando sua especificidade
nos parâmetros da metrópole. Esse “metrocentrismo” da
imaginação sociológica é mais evidente nas teorias da
"globalização". De todos os tópicos sociológicos, é nesse que as
relações entre metrópole e periferia são mais nítidas. Ainda
assim, a abundante literatura sociológica feita no Norte
frequentemente projeta características da modernidade ou pósmodernidade da metrópole para outros espaços. Uma estratégia
de resistência à essa situação, é a busca por sistemas indígenas
de conhecimento, entendidos como contextos para produção de
um conhecimento que esteve originalmente fora do sistema eurocentrado e que talvez ainda possa estabelecer uma base para
autonomia.
CONNELL, Raewyn. A iminente revolução na teoria social. Revista Brasileira de
Ciências Sociais, São Paulo, v.27, n. 80, 2012. (Adaptado)
As afirmativas a seguir apresentam interpretações coerentes do
texto, à exceção de uma. Assinale-a. Alternativa A: O autor critica a dimensão geopolítica da produção de
conhecimento sociológico. Ou Alternativa B: O autor rompe com o referencial analítico apoiado por
antagonismos que perpetuam as primazias geográficas. Ou Alternativa C: O autor identifica o pluralismo epistemológico que questiona
a hegemonia de determinadas regiões globais. Ou Alternativa D: O autor enfatiza o limite da interpretação de eventos
internacionais a partir de determinadas categorias
sociológicas.

Qconcursos · Accepted Answer

Alternativa [B] O autor rompe com o referencial analítico apoiado por
antagonismos que perpetuam as primazias geográficas. A alternativa correta é a alternativa B.

A questão aborda a crítica ao "metrocentrismo" na produção de conhecimento sociológico, um termo que se refere à tendência de centralizar e priorizar as perspectivas e paradigmas de países ou regiões economicamente dominantes (geralmente referidos como "metrópoles") em detrimento das periferias. Além disso, o texto de Connell destaca a importância de considerar sistemas indígenas de conhecimento como uma forma de resistência à hegemonia eurocêntrica.

Vamos analisar as alternativas para entender por que a alternativa B é a incorreta:

A - O autor critica a dimensão geopolítica da produção de conhecimento sociológico.
Essa alternativa está correta. O texto de Connell critica como a produção de conhecimento sociológico é influenciada pela geopolítica, enfatizando a relação desbalanceada entre metrópole e periferia.

B - O autor rompe com o referencial analítico apoiado por antagonismos que perpetuam as primazias geográficas.
Essa alternativa está incorreta. O autor não rompe com o referencial analítico, pelo contrário, ele enfatiza a importância de considerar esses antagonismos para entender e criticar a produção de conhecimento. Connell sugere que esses antagonismos devem ser examinados e superados, mas não ignora sua existência.

C - O autor identifica o pluralismo epistemológico que questiona a hegemonia de determinadas regiões globais.
Essa alternativa está correta. O texto menciona a busca por sistemas indígenas de conhecimento como uma maneira de questionar a hegemonia das metrópoles, indicando um reconhecimento do pluralismo epistemológico.

D - O autor enfatiza o limite da interpretação de eventos internacionais a partir de determinadas categorias sociológicas.
Essa alternativa está correta. O texto destaca que as categorias sociológicas desenvolvidas nas metrópoles nem sempre são adequadas para interpretar eventos em outras partes do mundo, sublinhando os limites dessas interpretações.

Em resumo, a alternativa B não está de acordo com o texto porque sugere que o autor rompe com o referencial analítico, quando na verdade ele critica e propõe uma resistência a ele, mas não o rompe completamente.

Espero que essa explicação tenha esclarecido suas dúvidas! Se precisar de mais ajuda, estarei à disposição.

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