Leia o trecho a seguir, adaptado da resposta de uma entrevi...
Em um país onde negros são assassinados com frequência ao andarem por suas comunidades ou carregarem um guarda-chuva e mulheres transexuais são espancadas, violentadas e destinadas a prostituição, se unir por uma causa é a solução que mulheres negras e mulheres transexuais encontraram para ganhar força. É triste observar grupos que nos ignoram e excluem de pautas que nos interessam ou se quer ouvem nosso sofrimento, nos diminuindo a uma questão biológica. Sei que homens fazem coisas terríveis para essas mulheres e que o sofrimento pode gerar raiva e angústia, mas também sei que generalizar não é a solução, pois conheci feministas radicais que foram duríssimas comigo e me humilharam.
Adaptado de: https://contrapontodigital.pucsp.br/noticias/
De acordo com o conceito de interseccionalidade, assinale a afirmativa que interpreta corretamente a resposta da entrevistada.
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Alternativa correta: A
A questão trata do conceito de interseccionalidade, que é essencial para entender como diferentes formas de opressão e discriminação se sobrepõem e interagem. Esse conceito foi desenvolvido para analisar como questões de raça, gênero, classe, sexualidade e outras identidades sociais podem influenciar experiências individuais e coletivas.
Vamos agora justificar cada uma das alternativas:
Alternativa A: Avalia setores do movimento feminista como discriminatórios por desconsiderarem as diversidades de opressões sofridas por mulheres.
Essa é a alternativa correta. A entrevistada menciona como certos setores do movimento feminista ignoram as lutas específicas de mulheres negras e transexuais, destacando que o movimento, em alguns casos, não leva em conta as diversas formas de opressão que essas mulheres sofrem. Isso está alinhado com o conceito de interseccionalidade, que busca justamente integrar todas essas diversas experiências de opressão e discriminação.
Alternativa B: Considera o feminismo como um impedimento para alcançar os direitos civis das mulheres negras e transexuais.
Essa alternativa está incorreta. A entrevistada não afirma que o feminismo é um impedimento, mas sim que certos setores do movimento feminista não abordam adequadamente as questões específicas de mulheres negras e transexuais. Ela destaca a necessidade de união e inclusão, não a rejeição total do feminismo.
Alternativa C: Correlaciona raça, classe e gênero ao citar o rompimento de mulheres negras e transexuais com o movimento feminista.
Esta alternativa também está incorreta. A entrevistada aborda a interseccionalidade ao falar das opressões múltiplas que enfrentam, mas não menciona um rompimento total com o movimento feminista. Pelo contrário, ela defende a união dessas mulheres para ganhar força, criticando setores específicos do feminismo que são excludentes.
Alternativa D: Assente a representação ameaçadora da participação de mulheres negras e transexuais no movimento feminista, justificada pelo fator biológico.
Essa alternativa está incorreta. A entrevistada critica a redução das questões de mulheres negras e transexuais a meras questões biológicas, mas não fala sobre uma representação ameaçadora. Ela está mais preocupada com a exclusão e a falta de reconhecimento das opressões múltiplas que essas mulheres enfrentam.
Portanto, a alternativa que melhor aborda o conceito de interseccionalidade e interpreta corretamente a resposta da entrevistada é a Alternativa A. A interseccionalidade é fundamental para entender como diferentes formas de opressão interagem e para criar movimentos sociais que sejam mais inclusivos e justos.
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Gabarito: A
A correção da afirmativa pode ser demonstrada pelos trechos:
"...conheci feministas radicais que foram duríssimas comigo e me humilharam."
"...É triste observar grupos que nos ignoram e excluem de pautas que nos interessam ou se quer ouvem nosso sofrimento, nos diminuindo a uma questão biológica."
Por que a "C" está errada?
a "C" esta errada por que não cita no texto que teve um rompimento com o movimento feminista
- Sobre a questão, é importante considerarmos que quando falamos dos movimentos sociais se faz necessário que estes olhem para cada causa com um olhar crítico, analítico e diverso, isto porque quando generalizamos uma causa, não conseguimos ver e proteger a peculiaridade de cada um, mas apenas uma parte da minoria, é como aquele ditado "colocamos tudo no mesmo saco" todavia, este olhar generalizado na verdade não protege ele discrimina! é antidemocrático.
- Por exemplo: O feminismo universal que conhecemos, ele é padrão da mulher branca, classe média, ele generaliza a proteção das mulheres, mas deixa de lado aquelas que além de ter o peso da discriminação sexual, também carregam o fardo da discriminação econômica e também racial. Esta mistura de preconceitos que se interligam chamamos de interseccionalidade.
- As mulheres sofrem de maneiras diferente, a mulher preta e pobre está na base da estrutura, ou seja o preconceito que ela sofre é totalmente diferente da questão da mulher branca, neste sentido que o texto da questão fala sobre interseccionalidade e exclusão.
- Ligando o texto com a mulher trans, devemos citar SIMONE DE BEAUVOIR "ninguém nasce mulher, torna-se mulher" desse modo, o feminismo não incluir a mulher trans no movimento faz com que ele deixe de representar o "SER MULHER " e ajuda a oprimir as mulheres trans dando força ao opressor.
- Dados do IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mostram que 54% da população brasileira é negra. Dados do Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada de 2016, mostram que mulheres brancas recebem 70% a mais que mulheres negras. Entender o Brasil é inter-relacionar questões, informações, dados de gênero, etnia e também de classe social. A professora Eunice Prudente cita a obra de Angela Davis, Mulheres, Raça e Classe, que aborda o racismo, o movimento antiescravagista, feminismo e outros vários temas
- fonte: livro "Quem tem medo do Feminismo Negro?", Djamila Ribeiro, pág 45-47.
- https://jornal.usp.br/radio-usp/dados-do-ibge-mostram-que-54-da-populacao-brasileira-e-negra/
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