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Q635981 Português

                            As enchentes de minha infância

                                                                              Rubem Braga

      Sim, nossa casa era muito bonita, verde, com uma tamareira junto à varanda, mas eu invejava os que moravam do outro lado da rua, onde as casas dão fundos para o rio. Como a casa dos Martins, como a casa dos Leão, que depois foi dos Medeiros, depois de nossa tia, casa com varanda fresquinha dando para o rio.

      Quando começavam as chuvas a gente ia toda manhã lá no quintal deles ver até onde chegara a enchente. As águas barrentas subiam primeiro até a altura da cerca dos fundos, depois às bananeiras, vinham subindo o quintal, entravam pelo porão. Mais de uma vez, no meio da noite, o volume do rio cresceu tanto que a família defronte teve medo.

      Então vinham todos dormir em nossa casa. Isso para nós era uma festa, aquela faina de arrumar camas nas salas, aquela intimidade improvisada e alegre. Parecia que as pessoas ficavam todas contentes, riam muito; como se fazia café e se tomava café tarde da noite! E às vezes o rio atravessava a rua, entrava pelo nosso porão, e me lembro que nós, os meninos, torcíamos para ele subir mais e mais. Sim, éramos a favor da enchente, ficávamos tristes de manhãzinha quando, mal saltando da cama, íamos correndo para ver que o rio baixara um palmo – aquilo era uma traição, uma fraqueza do Itapemirim. Às vezes chegava alguém a cavalo, dizia que lá, para cima do Castelo, tinha caído chuva muita, anunciava águas nas cabeceiras, então dormíamos sonhando que a enchente ia outra vez crescer, queríamos sempre que aquela fosse a maior de todas as enchentes.

(BRAGA, Rubem. As enchentes de minha infância. In: Ai de ti, Copacabana. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1962, p. 157) 

Há a presença do discurso indireto em:
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Gabarito E

 

Discurso direto - primeira pessoa - eu, me, mim, comigo, nós, nos, conosco, meu, minha, nosso, nossa.

Discurso indireto - terceira pessoa - ele, se, si, consigo, o, a, lhe, seu, sua.

 

Às vezes chegava alguém a cavalo, dizia (ELE) que lá, para cima do Castelo, tinha caído chuva muita.

O discurso indireto se caracteriza pela reprodução das falas das personagens, em terceira pessoa, com auxílio de verbos discendi (dizer, responder, perguntar, retrucar), pela subordinação, por meio da conjunção integrante “que”.

a) Eu invejava (primeira pessoa) os que moravam do outro lado da rua, onde as casas dão fundos para o rio.

b) Quando começavam as chuvas a gente (primeira pessoa; equivale a “nós”) ia toda manhã lá no quintal deles ver até onde chegara a enchente.

c) Então vinham todos dormir em nossa (primeira pessoa; equivale a “nós”)  casa.

d) Parecia que as pessoas ficavam todas contentes, riam muito; como se fazia café e se tomava café tarde da noite! (o verbo parecer tem como sujeito a oração que vem depois dele; porém, podemos perceber o autor fala em primeira pessoa, se incluindo nas ações. Além disso, o ponto de exclamação denuncia o discurso direto, que se caracteriza por essa pontuação, para expressar a emoção da fala). No discurso indireto, o verbo é que iria expressar a emoção daquela fala (falou, gritou, sussurrou, esbravejou, confessou, admitiu...)

e) Às vezes chegava alguém (terceira pessoa) a cavalo, dizia (ele: terceira pessoa) que lá, para cima do Castelo, tinha caído chuva muita.

Gabarito letra E.

discurso direto é caracterizado por ser uma transcrição exata da fala das personagens, sem participação do narrador.

discurso indireto é caracterizado por ser uma intervenção do narrador no discurso ao utilizar as suas próprias palavras para reproduzir as falas das personagens.

Exemplo de discurso direto:

A aluna afirmou:
- Preciso estudar muito para o teste.

Exemplo de discurso indireto:

A aluna afirmara que precisava estudar muito para o teste.

Passagem do discurso direto para discurso indireto

Mudança das pessoas do discurso:

A 1.ª pessoa no discurso direto passa para a 3.ª pessoa no discurso indireto.

Os pronomes eu, me, mim, comigo no discurso direto passas para ele, ela, se, si, consigo, o, a, lhe no discurso indireto.

Os pronomes nós, nos, conosco no discurso direto passam para eles, elas, os, as, lhes no discurso indireto.

Os pronomes meu, meus, minha, minhas, nosso, nossos, nossa, nossas no discurso direto passam para seu, seus, sua e suas no discurso indireto.

 

Fonte: https://www.normaculta.com.br/discurso-direto-e-indireto/

 

Achei interessante essa explicação..espero ter ajudado em algo

Plavras chave do discurso indireto:

Disse que,

perguntou se,

Fica a dica!

Professor Felipe Luccas Rosas (Estratégia Concursos)

O discurso indireto é o discurso do fofoqueiro. É só pensar numa pessoa fofocando. :)

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