Assinale a alternativa em que há um adjetivo destacado:
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Ano: 2024
Banca:
CONTEMAX
Órgão:
Prefeitura de Cubati - PB
Prova:
CONTEMAX - 2024 - Prefeitura de Cubati - PB - Auxiliar de Serviços Gerais |
Q3231994
Português
Texto associado
UM ESPINHO DE MARFIM
Amanhecia o sol e lá estava o unicórnio
pastando no jardim da Princesa. Por entre flores
olhava a janela do quarto onde ele vinha
cumprimentar o dia. Depois esperava vê-la no balcão,
e, quando o pezinho pequeno pisava no primeiro
degrau da escadaria descendo ao jardim, fugia o
unicórnio para o escuro da floresta.
Um dia, indo o Rei de manhã cedo visitar a
filha em seus aposentos, viu o unicórnio na moita de
lírios.
Quero esse animal para mim. E
imediatamente ordenou a caçada.
Durante dias o Rei e seus cavaleiros caçaram
o unicórnio nas florestas e nas campinas. Galopavam
os cavalos, corriam os cães e, quando todos estavam
certos de tê-lo encurralado, perdiam sua pista,
confundindo-se no rastro.
Durante noites o rei e seus cavaleiros
acamparam ao redor de fogueiras, ouvindo no escuro
o relincho cristalino do unicórnio.
Um dia, mais nada. Nenhuma pegada,
nenhum sinal de sua presença. E silêncio nas noites.
Desapontado, o rei ordenou a volta ao castelo.
E logo ao chegar foi ao quarto da filha contar o
acontecido. A princesa penalizada com a derrota do
pai, prometeu que dentro de três luas lhe daria o
unicórnio de presente.
Durante três noites trançou com fios de seus
cabelos uma rede de ouro. De manhã vigiava a moita
de lírios do jardim. E no nascer do quarto dia, quando
o sol encheu com a primeira luz os cálices brancos,
ela lançou a rede aprisionando o unicórnio.
Preso nas malhas de ouro, olhava o unicórnio
aquela que mais amava, agora sua dona, e que dele
nada sabia.
A princesa aproximou-se. Que animal era
aquele de olhos tão mansos retido pela artimanha de
suas tranças? Veludo do pelo, lacre dos cascos, e
desabrochando no meio da testa, espinho de marfim,
o chifre único que apontava ao céu.
Doce língua de unicórnio lambeu a mão que o
retinha. A princesa estremeceu, afrouxou os laços da
rede, o unicórnio ergueu-se nas patas finas.
Quanto tempo demorou a princesa para
conhecer o unicórnio? Quantos dias foram precisos
para amá-lo?
Na maré das horas banhavam-se de orvalho,
corriam com as borboletas, cavalgavam abraçados.
Ou apenas conversavam em silêncio de amor, ela na grama, ele deitado aos seus pés, esquecidos do
prazo.
As três luas porém já se esgotavam. Na noite
antes da data marcada o rei foi ao quarto da filha
lembrar-lhe a promessa. Desconfiado, olhou nos
cantos, farejou o ar. Mas o unicórnio comia lírios tinha
cheiro de flor, e escondido entre os vestidos da
princesa confundia-se com os veludos, confundia-se
com os perfumes.
Amanhã é o dia. Quero sua palavra cumprida,
disse o rei - virei buscar o unicórnio ao cair do sol.
Saído o rei, as lágrimas da princesa
deslizaram no pelo do unicórnio. Era preciso
obedecer ao pai, era preciso manter a promessa.
Salvar o amor era preciso.
Sem saber o que fazer, a princesa pegou o
alaúde, e a noite inteira cantou sua tristeza. A lua
apagou-se. O sol mais uma vez encheu de luz as
corolas. E como no primeiro dia em que haviam se
encontrado a princesa aproximou-se do unicórnio. E
como no segundo dia olhou-o procurando o fundo de
seus olhos. E como no terceiro dia aproximou a
cabeça do seu peito, com suave força, com força de
amor empurrando, cravando o espinho de marfim no
coração, enfim florido.
Quando o rei veio em cobrança da promessa,
foi isso que o sol morrente lhe entregou, a rosa de
sangue e um feixe de lírios.
COLASANTI, Marina.”Um espinho de marfim”. IN:
Um Espinho de Marfim e outras histórias. Porto
Alegre: L&PM. p. 39,1999.
Assinale a alternativa em que há um adjetivo
destacado: