Considere o trecho “[...] não havia nenhuma sineta, [...]” (...
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Ano: 2024
Banca:
Instituto Consulplan
Órgão:
PRODABEL - MG
Provas:
Instituto Consulplan - 2024 - PRODABEL - MG - Analista de Recursos Estratégicos - Gestão Administrativa
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Instituto Consulplan - 2024 - PRODABEL - MG - Analista de Recursos Estratégicos - Mapeamento Urbano |
Instituto Consulplan - 2024 - PRODABEL - MG - Analista de Tecnologia da Informação - TIC |
Q2536310
Português
Texto associado
K. parou de falar e olhou para o juiz, que não disse nada. Enquanto o fazia, pensou ter visto o juiz emitir um sinal, com um
movimento dos olhos, a alguém na multidão. K. sorriu e disse:
– E agora o juiz, bem a meu lado, está fazendo algum sinal secreto para alguém do meio dos senhores. Parece haver alguém
dentre os senhores recebendo instruções de algum superior. Não sei se o sinal é para causar vaias ou aplausos, mas me absterei
de tentar adivinhar seu significado cedo demais. Realmente não me importa, e dou ao meritíssimo minha irrestrita e pública
permissão para parar de fazer sinais secretos a seu subordinado pago aí embaixo e, em vez disso, dar suas ordens com palavras;
que ele diga logo: “Vaiem agora!” e da próxima vez “Aplaudam agora!”.
Com embaraço ou impaciência, o juiz balançava-se para a frente e para trás em seu assento. O homem atrás dele, com
quem estivera falando, inclinou-se para a frente novamente, para lhe dar algumas palavras de encorajamento ou algum
conselho específico. Abaixo, no salão, as pessoas conversavam em voz baixa, porém animadamente. As duas facções pareceram
antes ter opiniões fortemente opostas, mas agora começavam a se misturar; alguns indivíduos apontavam para K., outros para
o juiz. O ar da sala estava carregado e extremamente opressivo; os que se sentavam mais para trás mal podiam ser vistos. Devia
ser especialmente difícil para os visitantes que estavam na galeria, já que eram forçados a perguntar, em voz baixa, aos
participantes da assembleia o que exatamente estava acontecendo, lançando olhares tímidos para o juiz. As respostas que
recebiam eram igualmente baixas, dadas por trás da proteção de mãos sobre a boca.
– Quase acabei de dizer tudo o que queria – prosseguiu K. e, já que não havia nenhuma sineta, bateu na mesa com o
punho, de uma forma que assustou o juiz e seu conselheiro e os fez parar de olhar um para o outro. – Nada disso tem a ver
comigo, e posso, então, fazer uma avaliação calma da situação; presumindo que este suposto tribunal tenha alguma
importância, será bastante vantajoso para os senhores ouvir o que tenho a dizer. Se quiserem discutir o que digo, por gentileza,
só o façam depois, não tenho tempo a perder e logo irei embora.
Fez-se silêncio imediato, o que mostrava o controle de K. sobre a multidão. Não houve nenhuma exclamação entre as pessoas,
como houvera de início; ninguém nem mesmo aplaudiu, mas, se é que já não estavam convencidas, elas pareciam quase estar.
(KAFKA, Franz. O processo. Belo Horizonte/MG. Editora Pé da Letra, 2018. Tradução por Lívia Bono.)
Considere o trecho “[...] não havia nenhuma sineta, [...]” (4º§). É correto afirmar que, nele, o verbo “haver” é usado no sentido de: