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Q984751 Português
Leia o texto para responder à questão.

“Tire suas próprias conclusões” 

Essa é a frase que mais tenho ouvido recentemente. Passada a euforia de uma notícia qualificada como “bomba”, logo os atores de uma das partes corriam a público para disponibilizar a íntegra daquilo que antes foi veiculado em partes.

É preciso saber de tudo e entender de tudo. É preciso tirar as próprias conclusões para não depender de ninguém, e é esse o grande e contraditório imperativo dos nossos tempos. É uma ordem a uma experimentação libertária, e uma quase contradição do termo. O imperativo que liberta também aprisiona: você só passa a ser, ou a pertencer, se tiver uma conclusão. Sobre qualquer coisa.

Nas últimas décadas psicanalistas se debruçaram sobre as mudanças nos arranjos produtivos e sociais de cada período histórico para compreender e nomear as formas de sofrimento decorrentes delas. A revolução industrial, a divisão social do trabalho, a urbanização desenfreada e as guerras, por exemplo, fizeram explodir o número de sujeitos impacientes, irritadiços e perturbados com a velocidade das transformações e suas consequentes perdas de referências simbólicas.
Pensando sobre o imperativo “Leia/Veja/Assista” e “Tire suas próprias conclusões”, começo a desconfiar de que estamos diante de uma nova forma de sofrimento relacionado a um mal-estar ainda não nomeado.
Afinal, que tipo de sujeito está surgindo de nossa nova organização social? O que a vida em rede diz sobre as formas como nos relacionamos com o mundo? Que tipos de valores surgem dali? E, finalmente, que tipo de sofrimento essa vida em rede tem causado?
Vou arriscar e sair correndo, já sob o risco de percorrer um campo que não é meu: estamos vendo surgir o sujeito preso à ideia da obrigação de ter algo a dizer. Ao longo dos séculos essa angústia era comum aos chamados formadores de opinião e artistas, responsáveis por reinterpretar o mundo. Hoje basta ter um celular com conexão 3G para ser chamado a opinar sobre qualquer coisa. Pensamos estar pensando mesmo quando estamos apenas terceirizando convicções ao compartilhar aquilo que não escrevemos.
É uma nova versão de um conflito descrito por Clarice Lispector a respeito da insuficiência da linguagem. Algo como: “Não só não consigo dizer o que penso como o que penso passa a ser o que digo”. Se vivesse nas redes que atribuem a ela frases que jamais disse, o “dizer” e o “pensar” teriam a interlocução de um outro verbo: “compartilhar”.

(Matheus Pichonelli, Carta Capital. 18.03.2016. www.cartacapital.com.br. Adaptado)



Da menção ao conflito descrito por Clarice Lispector, no último parágrafo, deduz-se o seguinte:
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Comentários

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gab: D

“Não só não consigo dizer o que penso como o que penso passa a ser o que digo”.

Não conseguimos expressar com exatidão o que pensamos, às vezes, nem com a clareza necessária. Por conta da insuficiência da linguagem, acabamos nos iludindo na crença de que o que dizemos equivale aos nossos pensamentos. Seria a incomunicabilidade do ser que foi atravessado pela linguagem.

Bons estudos.

deveria ter seguido o raciocinio da dilma: não acho que quem ganhar ou quem perder, nem quem ganhar nem perder, vai ganhar ou perder, vai todo mundo perder

Concordo com o Samuel, mas isso não é 100% verdade. As pessoas pensam de um jeito mas não têm coragem de dizer,muitas vezes, pra não ofender o outro. As pesquisas de intenções de voto mostraram que, por exemplo, o antigo eleitor do lula,teria vergonha de dizer que votaria de novo no Pt e fala que votaria no Bolsonaro, mesmo querendo votar no Pt. Acontece também confusão de pensamentos e falta de achar uma maneira exata de se expressar.

Pensa nesses ditados populares, muitos estão errados, mas vc não consegue achar um argumento objetivo pra ''deslegitimar'' eles por não considerar que eles não estão totalmente certos nem errados.

O nosso cérebro é um buraco gigante cheio de paranoia

 Não acho que quem ganhar ou quem perder, nem quem ganhar nem perder, vai ganhar ou perder, vai todo mundo perder, tipo isso tlgd...????????? #Erro!

Que viagem é essa mermão

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