No discurso do autor, os termos “enfiteuse e pignoratício” s...
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Com base no mesmo assunto
Ano: 2022
Banca:
FAUEL
Órgão:
Prefeitura de Apucarana - PR
Provas:
FAUEL - 2022 - Prefeitura de Apucarana - PR - Técnico em Contabilidade
|
FAUEL - 2022 - Prefeitura de Apucarana - PR - Técnico Agrícola |
Q1928248
Português
Texto associado
Leia atentamente o texto a seguir, escrito por Paulo
Mendes Campos, para responder as próximas questões.
“Homem perfeitamente infeliz tem saúde de ferro; seus
males físicos são apenas dois: dor de cabeça (não toma
comprimido porque ataca o coração) e azia (não toma
bicarbonato porque vicia o organismo). Banho frio por
princípio, mesmo no inverno, e meia hora de ginástica
diária. O homem perfeitamente infeliz julga-se ameaçado: ao norte, pela queda do cabelo; ao sul, pela desvalorização da moeda; a leste, pelo acúmulo de matéria
graxa; a oeste, pela depravação dos costumes. Não
empresta dinheiro; não deve nada a ninguém; toma
notas minuciosas de todas as suas despesas; nunca
pagou nada para os outros; e tem manifesto orgulho
disso tudo. Iniciar oração com o pronome oblíquo é
para ele um crime contra o idioma pátrio, embora seja
esta toda a sua ciência a respeito de gramática. A força
de vontade do homem perfeitamente infeliz é tremenda:
deixou de fumar há onze anos, três meses, cinco dias.
Racista, embora só o confesse aos mais íntimos; admite vagamente todas as religiões; não pratica nenhum
culto, mas considera o catolicismo um freio. Acha-se
(e infelizmente é verdade) insubstituível em seu trabalho; sem ele, o escritório não anda. Ver televisão é o
seu recreio mental mais importante; resolver problemas
de palavras cruzadas desenvolve o raciocínio e enriquece o vocabulário – uma de suas teses preferidas.
O homem perfeitamente infeliz sabe o que é enfiteuse
e pignoratício. O homem perfeitamente infeliz ama os
seus de um amor incômodo ou francamente insuportável. Sua glória é poder afirmar, diante de alguém em
desgraça: ‘Bem que eu te avisei!’. E o mal profundo
do homem perfeitamente infeliz é julgar-se um homem
perfeitamente feliz”. (A arte de ser infeliz, por Paulo Mendes Campos, com adaptações).
No discurso do autor, os termos “enfiteuse e pignoratício” surgem como exemplos de: