Considerando-se o contexto, afirma-se corretamente:

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Q938031 Português

      Há pouco, em belo artigo, anunciou-se num jornal “a morte da voz humana”. Nenhum exagero no título. Um software que “aperfeiçoa” a afinação dos cantores está criando padrões de perfeição inatingíveis para humanos, oferecendo a recompensa sem esforço e tornando dispensáveis a vocação, o talento e o mérito na música popular. “É como se Ronaldinho Gaúcho usasse uma chuteira que acertasse o gol por si. Treinar pra quê?”

      O grito de protesto foi dado por quem tem toda a autoridade para fazê-lo: João Marcello Bôscoli, músico, produtor e diretor de gravadora. Como se não bastasse, é filho de Elis Regina e do compositor Ronaldo Bôscoli, um dos criadores da bossa nova, e enteado do pianista César Camargo Mariano, com quem Elis se casou ao se separar de Bôscoli. Nunca houve gente mais exigente em música.

      Para João Marcello, pior até do que dar afinação a quem não tem, o programa faz com a voz o que outro já fez com a figura humana. Assim como um software de retoque fotográfico “gerou um padrão estético em que poros, rugas de expressão e outras características se tornaram defeitos”, o software de afinação passa o rodo e “corrige” tudo o que considera imperfeito num cantor: afinação, respiração, pausas, volume, alcance − sem se importar se pertencem à sua expressão e emoção.

      Ele vai mais longe: “Hoje em dia, tomamos remédio quando sentimos tristeza, dopamos as crianças quando estão agitadas, passamos horas no computador quando nossa vida nos parece desinteressante” etc. − e “usamos softwares de afinação quando temos um cantor desafinado”.

      O filho da cantora mais afinada do Brasil defende os desafinados no que eles têm de mais precioso: sua falível condição humana, essencial à obra de arte.


(Adaptado de: CASTRO, Ruy. A arte de querer bem: crônicas. Rio de Janeiro: Sextante, 2018. Edição digital) 

Considerando-se o contexto, afirma-se corretamente:
Alternativas

Comentários

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Gabarito - A

 

 

a) No segmento sem se importar se pertencem à sua expressão e emoção, a crase pode ser suprimida sem prejuízo da correção.

 

 

→  Correto.

 

 

Casos de crase facultativa:

 

 

- Diante de nomes próprios femininos. Ex.: Sérgio entregou o livro à Isabela.

 

- Diante de pronome possessivo feminino. Ex.: Sérgio entregou o livro à sua mãe.

 

- Depois da preposição até. Ex.: Sérgio foi até à ávore.

 

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b) No segmento sua falível condição humana, essencial à obra de arte, o sinal de crase pode ser suprimido sem prejuízo da correção.

 

 

→  Errado, a crase, nesse caso, é obrigatória, pois o termo "essencial" rege a preposição A.

 

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c) O segmento sublinhado em Para João Marcello, pior até do que dar afinação a quem não tem exprime noção de finalidade

 

 

→  Errado, o "para" nessa oração está expressando uma ideia conformativa, e poderia ser substituído por "segundo" ou "consoante". Ex.: Segundo João Marcelo [...].

 

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d) Na frase É como se Ronaldinho Gaúcho usasse uma chuteira que acertasse o gol por si, o pronome sublinhado retoma “Ronaldinho Gaúcho”.

 

 

→  Errado, o pronome sublinhado está retomando o termo "chuteira".

 

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e) Sem prejuízo da correção, o segmento Nenhum exagero no título pode ser reescrito do seguinte modo: Não houve quaisquer exagero no título. 

 

 

→  Errado, o termo "quaisquer" deve concordar com "exagero", ficando "qualquer".

 

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Na alternativa (A) o que é facultativo é o artigo.


Nessa oração a crase é obrigatória:

Ele sempre reza preces às suas divindades.

Correta, A


Uso facultativo da crase -> pronomes possessivos feminino (sua / minha).


Uso proibido da crase -> pronomes demonstrativos (esta / essa).

Letra A. Pode pq ela é facultativa.

Sergio Farias, uma correção na alternativa B

 O termo essencial pede a preposição A, mas a crase se torna obrigatória pelo artigo A que neste caso é obrigatório antes de obra de arte

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