O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se de m...

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Q395042 Português
                          Da utilidade dos prefácios

         Li outro dia em algum lugar que os prefácios são textos inúteis, já que em 100% dos casos o prefaciador é convocado com o compromisso exclusivo de falar bem do autor e da obra em questão. Garantido o tom elogioso, o prefácio ainda aponta características evidentes do texto que virá, que o leitor poderia ter muito prazer em descobrir sozinho. Nos casos mais graves, o prefácio adianta elementos da história a ser narrada (quando se trata de ficção), ou antecipa estrofes inteiras (quando poesia), ou elenca os argumentos de base a serem desenvolvidos (quando estudos ou ensaios). Quer dizer: mais do que inútil, o prefácio seria um estraga-prazeres.
        Pois vou na contramão dessa crítica mal-humorada aos prefácios e prefaciadores, embora concorde que muitas vezes ela proceda - o que não justifica a generalização devastadora. Meu argumento é simples e pessoal: em muitos livros que li, a melhor coisa era o prefácio - fosse pelo estilo do prefaciador, muito melhor do que o do autor da obra, fosse pela consistência das ideias defendidas, muito mais sólidas do que as expostas no texto principal. Há casos célebres de bibliografias que indicam apenas o prefácio de uma obra, ficando claro que o restante é desnecessário. E ninguém controla a possibilidade, por exemplo, de o prefaciador ser muito mais espirituoso e inteligente do que o amigo cujo texto ele apresenta. Mas como argumento final vou glosar uma observação de Machado de Assis: quando o prefácio e o texto principal são ruins, o primeiro sempre terá sobre o segundo a vantagem de ser bem mais curto.
        Há muito tempo me deparei com o prefácio que um grande poeta, dos maiores do Brasil, escreveu para um livrinho de poemas bem fraquinhos de uma jovem, linda e famosa modelo. Pois o velho poeta tratava a moça como se fosse uma Cecília Meireles (que, aliás, além de grande escritora era também linda). Não havia dúvida: o poeta, embevecido, estava mesmo era prefaciando o poder de sedução da jovem, linda e nada talentosa poetisa. Mas ele conseguiu inventar tantas qualidades para os poemas da moça que o prefácio acabou sendo, sozinho, mais uma prova da imaginação de um grande gênio poético.

                                                                                (Aderbal Siqueira Justo, inédito)


O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se de modo a concordar com o elemento sublinhado na frase:
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Comentários

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Letra C
O verbo ganhar se flexiona para concordar com páginas.

a) As características a que (dever) atender um prefácio podem torná-lo um estraga-prazeres

ERRADO. O sujeito é `um prefácio`, logo o verbo deve se flexionar de acordo com o sujeito da oração. Logo, seria: ` um prefácio deve atender às características `

b) Há casos em que o prefácio se (revelar) um componente inteiramente inútil de um livro. 

ERRADO. Sujeito: Prefácio. Mesmo caso do item anterior.

c) Às vezes, numa bibliografia (ganhar) mais destaque as páginas de um prefácio do que o texto principal de um livro.

CORRETO. numa bibliografia: adjunto adverbial. Ordem: As páginas de um prefácio ganham mais destaque do que um texto...

O termo `Páginas`: núcleo do sujeito.

d) Não é incomum que se (recorrer) a frases de Machado de Assis para glosá-las, dada a graça que há nelas. 

ERRADO. Recorrer : VTI, pede a preposição `a`. Frases: nucleo do OI. O verbo tem que concordar com o sujeito não com o OI.

e) O autor confessa o que a muitos (parecer) impensável: é possível gostar mais de um prefácio do que do restante da obra.

ERRADO. Sujeito: gostar mais de um prefacio do que do restante da obra. Logo, o verbo parecer deve concordar com o sujeito. EX.: Gostar mais de um prefacio do que do restante da obra parece impensável.


GABARITO: C

As páginas GANHAM destaque...

A enunciado da questão quer saber se a palavra sublinhada é o "núcleo do sujeito" do verbo entre parênteses, já que o verbo  deverá concordar com ele. 

a) As características a que (dever) atender um prefácio podem torná-lo um estraga-prazeres. errado 

o que deve atender? um prefácio deve atender ás características 

  b) Há casos em que o prefácio se (revelar) um componente inteiramente inútil de um livro. errado 

o que se revela? o prefácio (sujeito) 

  c) Às vezes, numa bibliografia (ganhar) mais destaque as páginas de um prefácio do que o texto principal de um livro. CORRETO

o que ganha mais destaque numa bibliografia? AS PÁGINAS...

  d) Não é incomum que se (recorrer) a frases de Machado de Assis para glosá-las, dada a graça que há nelas.errrado

O termo "FRASES" não pode ser núcleo do sujeito porque está preposicionada (o "a" que a antecede).  

Observa-se que  o sujeito é oracional (uma oração é o sujeito) NÃO É INCOMUM ISSO --> ISSO NÃO É INCOMUM.

  e) O autor confessa o que a muitos (parecer) impensável: é possível gostar mais de um prefácio do que do restante da obra.errado 

O termo "muitos" não pode ser sujeito porque está antecedido por preposição. 

Ordem direta: O autor confessa o (= aquilo) que parece indispensável a muitos. 


Uma dica que me ajuda bastante: Sujeito NUNCA é preposicionado. 

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