Sobre o sinônimo da palavra sublinhada em “Só confiarei em ...
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Gab: C.
Posição do ''só''
Por Thaís Nicoleti
A palavra “só” pode ser um adjetivo ou um advérbio. Essa distinção nos permite saber quando se pode usar o plural e quando o termo fica invariável.
Com o sentido de “sozinho”, “só” é adjetivo, portanto concorda com o nome a que se refere (“ele está só”, “eles estão sós”, “isso, por si só, explica”, “essas coisas, por si sós, explicam”).
Quando o sentido for o mesmo de “apenas” ou “somente”, estaremos diante do advérbio “só” – termo invariável. Assim: “Eles só sairão amanhã cedo”, “Elas só queriam entender a questão”.
Feita essa distinção, passemos a outro problema. O advérbio “só” tem valor restritivo, o que torna relevante a posição em que se encontra na frase. Observemos as seguintes construções:
1. Eles só trarão os documentos amanhã (mas não os assinarão).
2. Eles trarão só os documentos amanhã (não as fotos).
3. Eles trarão os documentos só amanhã (não hoje).
A posição do “só” (considerado um “advérbio impróprio” ou uma “palavra denotativa de exclusão”) evidencia o termo que é modificado por ele. Em (1), incide sobre o verbo (só trarão, não farão outra ação); em (2), incide sobre o substantivo (só os documentos, não outro objeto); em (3), incide sobre o advérbio (só amanhã, não outro dia).
Na linguagem oral, é comum que a distinção se dê pela entonação dada à frase pelo falante, que acentua a pronúncia do termo que pretende destacar. A frase (1) costuma ser entendida como a frase (3), dada a tendência à acentuação da palavra final da frase.
Na linguagem escrita, o ideal é escolher com critério a posição do advérbio.
Vejamos o que ocorreu no seguinte fragmento:
“Niemeyer virou fetiche internacional, depois de ser fetiche no Brasil por diversas décadas, onde governantes parecem só se lembrar dele na hora de encomendar novas obras.”
O trecho “governantes parecem só se lembrar dele na hora de encomendar novas obras” sugere que Niemeyer não seja lembrado em outros momentos (considerando a tendência a enfatizar o elemento final da frase), mas tudo indica que a ideia não seja essa – aliás, muito pelo contrário. Niemeyer ésempre lembrado na hora de encomendar obras públicas, parece é que os governantes se lembram só dele, não de outros arquitetos.
O contexto acaba conduzindo o leitor à interpretação desejada, mas a posição do “só” na frase em questão não favorece a interpretação desejada. O ideal seria “parecem se lembrar só dele na hora...”.
Abaixo, o texto reformulado (observe também que o termo “onde” deve vir imediatamente depois do elemento a que se refere, ou seja, o “Brasil”):
Niemeyer virou fetiche internacional depois de, por diversas décadas, ser fetiche no Brasil, onde governantes parecem se lembrar só dele na hora de encomendar novas obras.
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