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Q2648863 Português

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“Se daqui a um minuto posso estar vivo ou morto, daqui a um minuto, qualquer que seja a minha condição aparente, serei o ringue de uma briga entre a vida e a morte. A todo momento, sou apenas um ângulo, reto, agudo ou obtuso, entre a vida e a morte. A vida nos quer, a morte nos quer. Somos o resultado da tensão ocasionada pelas duas forças que nos puxam. Esse equilíbrio, antes de tudo, não é estável. Amplo, diverso e elástico é o campo de forças da vida, assim como elástico, diverso e amplo é o campo de forças da morte. Ficamos facilmente deprimidos ou exaltados em razão das oscilações de intensidade desses dois campos magnéticos, sendo o tédio o relativo equilíbrio entre os dois. Às vezes é mais intensa a pressão da vida; outras vezes é mais intensa a pressão da morte. Não se diz com isso que a exaltação seja a morte e a depressão seja a vida. De modo algum. Há exaltações e exultações que se polarizam na morte, assim como há sistemas de depressão que gravitam em torno da vida. O estranho, do ponto de vista biológico, é que somos medularmente solidários com ambos os estados de imantação mais intensa, os da vida e os da morte. Dizendo mais claro: não aproveitamos apenas a vida, mas usufruímos também as experiências da morte, desde que estas não nos matem. Tudo dependerá da resistência, não da nossa vontade, do nosso mistério: se o mergulhador descer um pouco mais, a desigualdade de pressões lhe será fatal; se o centro de gravidade da torre de Pisa se deslocar mais um pouco, ela ruirá; enquanto não ruir, a torre usufruirá de sua perigosa inclinação, do mesmo modo que os mergulhadores vivem um estado de euforia nos estágios submarinos que precedem a profundidade mortal. Mas a morte pode sobrevir, não só de doenças, mas também de acidentes, de uma organização das circunstâncias que se chama acaso. Pois acho eu que a morte, por doença ou acidente, é sempre a mesma; quando ela se apodera de nós, seja por uma queda de pressão, seja por uma queda de elevador, é que se rompeu o equilíbrio: o centro de gravidade de um sistema se deslocou o mínimo necessário; o mergulhador foi longe demais na sua ousadia pesada, mas eufórica”. (Encenação da morte, Paulo Mendes Campos, com adaptações).

Em relação à interpretação do texto, pode-se afirmar que o seu autor faz uma reflexão sobre:

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