Considerando que a omissão ou uso incorreto da vírgula pode...
Desmatamento e caça ilegal podem causar novas epidemias no Brasil, diz estudo da Fiocruz
(Lucas Rocha, da CNN em São Paulo.)
Conhecido por sua grande biodiversidade de animais e vegetais, o Brasil também abriga uma variedade significativa de agentes capazes de causar doenças, tecnicamente chamados de “patógenos”, como vírus e parasitas.
Antes mesmo da emergência do coronavírus no final de 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem alertado sobre os riscos do surgimento de doenças com potencial de se espalhar pelo mundo e afetar grandes populações em todos os países.
Ao levantarem essa possibilidade, cientistas brasileiros investigaram características do país que podem favorecer o contato dos seres humanos com microrganismos que podem apresentar riscos para a saúde.
Um estudo liderado por pesquisadoras do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), no Rio de Janeiro, aponta recentes aumentos nas vulnerabilidades sociais e ecológicas do país, amplificados pelos atuais cenários políticos e econômicos.
Os achados, publicados na revista científica Science Advances, indicam uma propensão dessa megadiversidade atuar como incubadora de possível pandemia provocada por doenças infecciosas de circulação animal que podem ser transmitidas para os seres humanos – as chamadas zoonoses.
“A partir de um modelo de avaliação que identifica diferentes interações entre os elementos que investigamos, conseguimos observar mais amplamente os processos que moldam o surgimento de zoonoses em cada estado brasileiro”, aponta Gisele Winck, primeira autora do artigo e pesquisadora do Laboratório de Biologia e Parasitologia de Mamíferos Silvestres Reservatórios do IOC, em comunicado.
De acordo com os especialistas, três principais componentes de risco estão em foco na avaliação: vulnerabilidade, exposição e capacidade de enfrentamento.
Dentro dos grupos principais, são observadas variáveis mais específicas como a quantidade de espécies de mamíferos silvestres, perda de vegetação natural, mudanças nos padrões de uso da terra, bem-estar social, conectividade geográfica de cidades e aspectos econômicos.
De acordo com o estudo, os resultados colocam em evidência o desmatamento e a caça de animais silvestres como fatores de grande relevância para o aparecimento de novas e antigas infecções.
O estudo aponta, ainda, que todo o território brasileiro está suscetível a emergências ocasionadas por zoonoses, com uma maior probabilidade em áreas sob influência da Floresta Amazônica.
Na análise, os especialistas traçam um comparativo entre
os estados do Maranhão e do Ceará, na região Nordeste.
O Maranhão, que possui cerca de 34% do seu território coberto pela floresta tropical, é classificado como área com alto risco para surtos de zoonose. Enquanto o Ceará, estado vizinho, onde a Caatinga prevalece, apresenta baixo risco no surgimento de novas doenças.
“A Floresta Amazônica é uma região com alta diversidade de mamíferos selvagens e que vem sofrendo grande perda da cobertura florestal. Muitas espécies estão ficando sem habitat devido ao desmatamento, gerando desequilíbrio na dinâmica local”, diz Cecília Siliansky de Andreazzi, uma das autoras do artigo e, também, pesquisadora do Laboratório de Biologia e Parasitologia de Mamíferos Silvestres Reservatórios.
Risco de “transbordamento”
O contágio por infecções de origem animal acontece por meio de um fenômeno conhecido como “spillover”. O “transbordamento”, em tradução literal, é quando os agentes causadores de doença que circulavam restritamente em um grupo animal “saltam” e passam a infectar outras espécies, incluindo humanos.
A expansão das atividades humanas para regiões de matas e florestas, naturalmente habitadas por animais silvestres, é um aspecto que favorece ainda mais esse cenário, de acordo com as pesquisadoras.
No entanto, o estudo ressalta que para uma zoonose se tornar epidêmica é necessário o alinhamento de diferentes fatores ecológicos, epidemiológicos e comportamentais, incluindo a mobilidade humana como um fator de importância.
No Brasil, a dependência socioeconômica de cidades menores com capitais e grandes metrópoles aumenta o potencial epidêmico das zoonoses, uma vez que habitantes de regiões interioranas precisam realizar deslocamentos frequentes em busca de bens e serviços.
“O fluxo humano é crucial no espalhamento de zoonoses, principalmente em infecções cuja transmissão ocorre de pessoa para pessoa após o salto de espécies, como é o caso da Covid-19. A partir do momento em que esses patógenos alcançam cidades super espalhadoras, como São Paulo e Manaus, a transmissão é amplificada e exportada para diversas outras regiões”, diz Cecília.
A carne de caça é outra via crítica para o “transbordamento” de doenças. Em uma análise de rede, foram relacionadas espécies que são frequentemente caçadas de modo ilegal no Brasil com agentes que potencialmente causariam danos graves à saúde pública. Como resultado, foram encontrados 63 mamíferos que interagem com 173 parasitas propícios a causar pelo menos 76 diferentes doenças.
“A infecção pode ocorrer em diversas etapas: ao adentrar a floresta, quando o caçador fica exposto a mosquitos, carrapatos e diversos outros vetores de patógenos; no ato da caça, ao sofrer um corte ou arranhão que entre em contato com fluidos animais; no preparo da carne, quando há o contato direto com vísceras, que também são comumente oferecidas como alimentos crus para cães e gatos de estimação; e no consumo final da carne, caso não seja bem armazenada ou cozida”, explica Gisele.
Como a atividade ainda é essencial para populações tradicionais que utilizam a carne de caça para subsistência, os especialistas fazem um recorte de situação no artigo e recomendam a implementação de ações pontuais de garantia da segurança sanitária nesses grupos.
“É algo que precisa ser bastante discutido e avaliado. A caça é autorizada apenas para os povos tradicionais, porém ela continua ocorrendo fora desses grupos e serve como fator de interação entre pessoas e animais silvestres reservatórios de patógenos. Infelizmente, todos acabam sendo tratados erroneamente como iguais. É preciso diferenciar populações que dependem desse consumo como fonte de proteína daqueles que atuam no tráfico de animal silvestre ou caça esportiva”, lembrou Cecília.
Vigilância
O estudo aponta o investimento em ações do Sistema Único de Saúde (SUS) como a principal forma de mitigar os efeitos do surgimento de uma zoonose.
De acordo com o artigo, a contenção de zoonoses ocorrerá efetivamente com a promoção de políticas públicas de saúde que apoiem abordagens preditivas e preventivas que sigam o conceito de Saúde Única (One Health), que considera a saúde humana, animal e ambiental para a manutenção do bem-estar no planeta.
Entre as ações preconizadas, estão a implementação de sistemas de monitoramento eficazes integrados com vigilância epidemiológica de potenciais doenças zoonóticas, políticas mais amplas e inovadoras que mitiguem a degradação ambiental, fiscalização do tráfico de animais silvestres e novas abordagens para a conservação da biodiversidade.
“O que define se o surgimento de uma zoonose será um surto local, epidemia ou pandemia é como iremos lidar com a situação. Temos que pensar em como faremos um monitoramento eficiente de um país grande e diverso como o nosso”, afirma Gisele.
Lições da Covid-19
O estudo teve origem em uma carta publicada em setembro de 2020 na revista The Lancet. Na época, os autores do texto apontavam retrocessos em políticas sociais e ambientais do Brasil, que podiam contribuir para a ocorrência de infecções causadas por microrganismos de origem animal. Os especialistas defendiam, ainda, a criação de um sistema integrado de vigilância de doenças silvestres.
“Após a publicação da carta, iniciamos uma reflexão
mais aprofundada e detalhada sobre o potencial risco de
emergências de zoonoses no Brasil. Esse artigo é fruto de
muita pesquisa e discussão entre os pesquisadores desse
grupo, visto que são assuntos complexos e que demandam
uma busca por informação em variadas fontes”, disse Gisele.
A pesquisa foi realizada por um grupo de especialistas composto por profissionais de diferentes áreas, que atuam em saúde pública e conservação do meio ambiente. A publicação faz parte do projeto SinBiose do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Participam do trabalho pesquisadores da Vice-Presidência de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, do Laboratório de Virologia Comparada e Ambiental do IOC, da Fiocruz Ceará, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e da Universidade Estadual do Ceará (UECE). O estudo também contou com a colaboração de especialistas da Faculdade Maurício de Nassau, da União Internacional para a Conservação da Natureza, da Universidade de Aveiro e da Universidade de Coimbra.
(CNN. Desmatamento e caça ilegal podem causar novas epidemias no
Brasil, diz estudo da Fiocruz. 29/06/2022. Disponível em:
https://www.cnnbrasil.com.br/. Acesso em: 04/01/2023.)
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Alternativa correta: A - “No Brasil, a dependência socioeconômica de cidades menores com capitais e grandes metrópoles aumenta o potencial epidêmico das zoonoses [...]” (17º§) / A dependência socioeconômica de cidades menores com capitais e grandes metrópoles, no Brasil, aumenta o potencial epidêmico das zoonoses.
A questão aborda a pontuação, mais especificamente o uso correto da vírgula, e como sua omissão ou uso incorreto pode alterar o sentido de uma frase. Para resolver a questão, é necessário um conhecimento sólido sobre as regras de pontuação da língua portuguesa, especialmente em relação ao uso da vírgula.
Justificativa da alternativa correta:
A alternativa A está correta porque a frase reescrita mantém o sentido original e está de acordo com a norma padrão da língua portuguesa. A vírgula foi utilizada corretamente para isolar o adjunto adverbial "no Brasil". Em frases mais longas, principalmente quando o adjunto adverbial está deslocado, o uso da vírgula é necessário para garantir clareza e evitar ambiguidades.
Análise das alternativas incorretas:
Alternativa B: “Como a atividade ainda é essencial para populações tradicionais que utilizam a carne de caça para subsistência, os especialistas fazem um recorte de situação no artigo [...]” (21º§) / Como a atividade ainda é essencial para populações tradicionais que utilizam a carne de caça para subsistência os especialistas fazem um recorte de situação no artigo.
Essa alternativa está incorreta porque omite a vírgula necessária após "subsistência". A vírgula é essencial para separar a oração subordinada adverbial da principal, garantindo a correta interpretação da frase.
Alternativa C: “A partir de um modelo de avaliação que identifica diferentes interações entre os elementos que investigamos, conseguimos observar mais amplamente os processos [...]” (6º§) / A partir de um modelo de avaliação que, identifica diferentes interações entre os elementos que investigamos, conseguimos observar mais amplamente os processos.
Essa alternativa está incorreta porque introduz uma vírgula desnecessária após "avaliação que". A vírgula quebra a fluidez da frase e cria uma pausa desnecessária, o que não está de acordo com a norma padrão.
Alternativa D: “A partir do momento em que esses patógenos alcançam cidades super espalhadoras, como São Paulo e Manaus, a transmissão é amplificada e exportada para diversas outras regiões [...]” (18º§) / A partir do momento em que esses patógenos alcançam cidades super espalhadoras como São Paulo e Manaus a transmissão é amplificada e exportada para diversas outras regiões.
Essa alternativa está incorreta porque omite as vírgulas após "espalhadoras" e "Manaus". Essas vírgulas são necessárias para delimitar o aposto "como São Paulo e Manaus", que especifica as "cidades super espalhadoras". Sem as vírgulas, a frase perde clareza.
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Comentários
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Essa era pra não zerar a prova!
dica: Uma vírgula separa, duas vírgulas isolam.
bobinho, mas no nervosismo da prova isso pode ser útil.
Força colegas!
“No Brasil, a dependência socioeconômica de cidades menores com capitais e grandes metrópoles aumenta o potencial epidêmico das zoonoses [...]” (17º§) / A dependência socioeconômica de cidades menores com capitais e grandes metrópoles, no Brasil, aumenta o potencial epidêmico das zoonoses.
CERTO, adj adverbial de lugar deslocado, apenas, não alterou o sentido.
“Como a atividade ainda é essencial para populações tradicionais que utilizam a carne de caça para subsistência, os especialistas fazem um recorte de situação no artigo [...]” (21º§) / Como a atividade ainda é essencial para populações tradicionais que utilizam a carne de caça para subsistência os especialistas fazem um recorte de situação no artigo.
eliminei, pois (populações tradicionais sujeito) a carne de caça.. (obj direto) (os especialista) sujeito de outra oração.
“A partir de um modelo de avaliação que identifica diferentes interações entre os elementos que investigamos, conseguimos observar mais amplamente os processos (restritiva) [...]” (6º§) / A partir de um modelo de avaliação que, identifica diferentes interações entre os elementos que investigamos, conseguimos observar mais amplamente os processos. (explicativa)
Restritiva: não é qualquer modelo, mas sim aquele que identifica diferentes interações.
Explicativas, com vírgulas, acrescentam informações e qualidades ao termo anterior. (modelo)
muda o sentido
Ex:
Meu aluno, que mora no interior, estuda on-line.
Observe que, por ser uma informação acessória, uma explicação, uma ampliação de sentido.
Se retirarmos a vírgula, teremos uma oração restritiva e o sentido vai mudar:
Ex: Meu aluno que mora no interior estuda on-line.
Agora temos vários alunos e somente um deles estuda online, aquele aluno específico que mora no interior.
bons estudos, qualquer erro só avisar!
ótima explicação Renan, só faltou mencionarf o erro da letra D
Concordo com a Juliana. E que prova difícil, viu! Ai depois de suar a camisa para passar em um concurso assim, o cara, ao tomar posse e entrar em exercício, descobre que quem ganha mais sao os cargos de recrutamento amplo os quais nunca passaram por um concurso e sao protegidos de algum político s.a.f.a.d.o, ou superior com mesma ma indole.
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