A análise de DNA tem revolucionado as ciências forenses de...

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Q861005 Medicina Legal

A análise de DNA tem revolucionado as ciências forenses desde a sua introdução, em meados dos anos 1980, tendo tido seu grande avanço na década de 1990, continuando a revolucionar as perícias laboratoriais em consequências dos adventos tecnológicos constantes. A partir da análise das sentenças abaixo, assinale a alternativa que lista todas as sentenças verdadeiras.


I. O marcador genético usado como padrão ouro nas análises periciais, para gerar os perfis de DNA, são os do tipo SNP (Single Nucleotide Polymorphism, ou Polimorfismo de uma única base), por apresentarem maior poder de discriminação, repetições sequenciais de 3-5 pares de bases e por serem de fácil amplificação no laboratório.

II. A grande revolução da Genética Forense se deu na década de 1990 com o advento da técnica de PCR, que permitiu também a análise de materiais e amostras armazenados, que não continham suficiente quantidade de DNA para serem avaliados pela metodologia vigente na época.

III. A análise de DNA mitocondrial (mtDNA) tem sido de grande auxílio em algumas situações onde não é possível gerar o perfil genético padrão como, por exemplo, amostras degradadas e fios de cabelo sem raíz (ou bulbo).

IV. Vestígios coletados em locais de crime (amostras questionáveis) só podem ser processados para obtenção de perfil de DNA quando houver(em) amostra(s) referência(s) para comparação. Caso contrário, os mesmos devem ficar armazenados.

V. A análise de DNA, por ser uma prova técnica, que utiliza protocolos e kits comerciais validados para identificação humana e baseada em cálculos estatísticos, pode ser considerada infalível e, portanto, como a mais importante das provas, e ser usada como prova única.


Alternativas:

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A questão avalia os conhecimentos do candidato em genética forense.

I. ERRADO. O marcador genético usado como padrão ouro nas análises perícia é do tipo STR (short tandem repeats), e não do tipo SNP (Single nucleotyde polymorphism). Os marcadores STR são trechos de DNA que apresentam variações entre 2 e 7 pares de bases (pb), os quais são constituídos de nucleotídeos que apresentam sequência repetidas em tandem. Cerca de 3% de todo genoma humano é composto por esses seguimentos, que se caracterizam por serem repetições sucessivas sem o propósito de codificação. É através dessas repetições que, analisando o número expresso dessas sequências repetidas, se torna possível a diferenciação entre indivíduos.
O DNA de marcadores STRs tem sido aplicado como marcador padrão para identificação humana em laboratórios forenses durante anos, tornando-se padrão-ouro para a identificação molecular. Embora os SNPs sejam boas opções também, principalmente em materiais degradados, ainda há necessidade de mais pesquisas e aprimoramento das técnicas para que sejam utilizados como rotina nos laboratórios forenses.

II. CERTO. A Reação em cadeia da polimerase - RCP ou Polymerase Chain Reaction - PCR é uma técnica utilizada na biologia molecular para amplificar uma única cópia ou algumas cópias de um segmento de DNA em várias ordens de grandeza, gerando milhares a milhões de cópias de uma determinada sequência de DNA.

III. CERTO. O DNA mitocondrial é uma alternativa valiosa nas amostras degradadas uma vez que está presente em centenas a milhares de cópias por célula, sendo, assim, mais resistente aos fatores ambientais (ao contrário do DNA nuclear, que só existe na forma de uma cópia por célula). Além disso, o DNA nuclear no caso de pelos e cabelos está restrito à região do bulbo, já que as células da haste são anucleadas. Assim, é possível a análise de DNA mitocondrial desse tipo de material.

IV. ERRADO. Os vestígios sem amostra de referência podem ser processados também. Atualmente, temos a possibilidade de que os laboratórios forenses integrantes do Banco de Perfis Genéticos Nacional cadastrem esse perfil no sistema, possibilitando o cruzamento dele com perfis de outros estados, à procura de combinações.

V. ERRADO. Os testes de DNA não são infalíveis, uma vez que são realizados por humanos, sujeitos a erros durante o processamento, como troca de amostras. Assim, apesar de ser uma prova altamente confiável, está sujeita a falhas também.

Gabarito do professor: Alternativa C (apenas as afirmativas II e III estão corretas).

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Comentários

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I - O marcador genético usado como padrão ouro nas análises periciais, para gerar os perfis de DNA, são os do tipo STR (short tandem repeats). Os SNP são usados de forma complementar ou quando o DNA da amostra encontra-se muito fragmentado.

II - CORRETO.

III - CORRETO.

IV - As amostras questionáveis PODEM ser processadas o mais breve possível e os dados armazenamos em bancos genéticos (ex: CODIS). Quando houver amostra(s) referência(s), a comparação poderá ser realizada.

V - A pacificada posição, em todas as esferas do Poder Judiciário, quanto à confiabilidade dos testes de DNA assentam-se na possibilidade do julgador  a quo considerar o resultado como PROVA CONFIÁVEL, mas NÃO INFALÍVEL no esclarecimento da verdade buscada no ato jurisdicional e sua consequente justiça.

Bons estudos.

A questão tenta confundir o item em que diz: "A grande revolução da Genética Forense se deu na década de 1990 com o advento da técnica de PCR, que permitiu também a análise de materiais e amostras armazenados, que não continham suficiente quantidade de DNA para serem avaliados pela metodologia vigente na época.".

Na realidade, a técnica da PCR foi desenvolvido em 1983 por Kary Mullis. Mas a banca utilizou a data que os pesquisadores venceram o Prêmio Nobel de Química em 1993 para confundir.

De toda forma, vai aí algumas datas:

1983 – Criação da técnica por Kary Mullis.

1985 – Apresentação da pesquisa à comunidade científica e publicação na revista “Science”.

1986 – Taq polimerase – a descoberta da bactéria Termus aquaticus e extração de sua DNA polimerase possibilitou o aperfeiçoamento da técnica, que não necessitava de adição de mais DNA polimerase a cada ciclo, pois a mesma suporta temperaturas acima de 100°C.

1987 – Com a patente da PCR por parte da Perkin, desenvolve-se a automação para controle do aumento e redução da temperatura, neste momento surge o Temociclador.

1992 – Primeiro teste diagnóstico desenvolvido para HIV, descartando o problema da janela imunológica estabelecida pelo vírus.

1993 – Karry Mullis recebe o Prêmio Nobel de Química.

2003 – Desenvolvimento da PCR em Tempo Real ou qPCR– técnica de PCR na qual utiliza-se além dos primers (iniciadores de amplificação), as sondas marcadas, possibilitando a quantificação do alvo em estudo.

I. O marcador genético usado como padrão ouro nas análises periciais, para gerar os perfis de DNA, são os do tipo SNP (Single Nucleotide Polymorphism, ou Polimorfismo de uma única base), por apresentarem maior poder de discriminação, repetições sequenciais de 3-5 pares de bases e por serem de fácil amplificação no laboratório.

II. A grande revolução da Genética Forense se deu na década de 1990 com o advento da técnica de PCR, que permitiu também a análise de materiais e amostras armazenados, que não continham suficiente quantidade de DNA para serem avaliados pela metodologia vigente na época.

III. A análise de DNA mitocondrial (mtDNA) tem sido de grande auxílio em algumas situações onde não é possível gerar o perfil genético padrão como, por exemplo, amostras degradadas e fios de cabelo sem raíz (ou bulbo).

IV. Vestígios coletados em locais de crime (amostras questionáveis) só podem ser processados para obtenção de perfil de DNA quando houver(em) amostra(s) referência(s) para comparação. Caso contrário, os mesmos devem ficar armazenados.

V. A análise de DNA, por ser uma prova técnica, que utiliza protocolos e kits comerciais validados para identificação humana e baseada em cálculos estatísticos, pode ser considerada infalível e, portanto, como a mais importante das provas, e ser usada como prova única

erro da Letra A: SNP = SINGLE nucleotide polimorfism, ou seja, representados por apenas 1nt e não 3-5nt como se refere a questão. Aliás, 3-5nt é característico de STR.

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