“A despeito do impacto profundo destas ideias na sociedade ...
Texto 2
Sonho, memória e o reencontro de Freud com o cérebro (fragmento adaptado)
“Para que serve sonhar? No início do século XX esta pergunta ancestral pareceu subitamente ao alcance da Razão, com a publicação de ‘A interpretação dos sonhos’. Neste livro Freud fundou uma nova e ambiciosa psicologia, repleta de novas ideias sobre a mente humana e seus sonhos. A despeito do impacto profundo destas ideias na sociedade ocidental, sua formulação e desenvolvimento não se deram sobre uma base empírica e quantitativa, marcando um divórcio progressivo de método e discurso entre a psicanálise e a biologia. Como resultado, pouca ou nenhuma influência é atualmente atribuída a Freud no que diz respeito à investigação científica do fenômeno onírico.
O fosso não poderia ser mais profundo. Predomina nas ciências exatas a noção de que a contribuição da psicanálise para o entendimento dos sonhos resume-se a um amontoado de observações isoladas, teorias não testáveis, imperativos ideológicos e argumentos de autoridade. Por outro lado, as diferentes vertentes da psicanálise ocupam-se pouco ou nada do estudo experimental e quantitativo dos sonhos, voltando-se exclusivamente para os símbolos e jamais para seu substrato material, o sistema nervoso.
Na contramão deste divórcio, pretendo aqui demonstrar que os avanços da psicologia experimental e da neurociência convergiram nos últimos anos para dois importantes insights psicanalíticos. O primeiro consiste na observação concreta de que os sonhos, muito frequentemente, contêm elementos da experiência do dia anterior, denominados ‘restos do dia’. O segundo é o reconhecimento de que estes ‘restos’ incluem atividades mnemônicas e cognitivas da vigília, persistindo nos sonhos na medida de sua importância para o sonhador. Assim, ainda que de maneira difusa, a psicanálise prevê que a consolidação de memórias e o aprendizado sejam importantes funções oníricas. [...]”
(Sidarta Ribeiro. Disponível em: http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext
&pid=S1516-44462003000600013&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 02/04/2022)
Essa passagem foi retirada do primeiro parágrafo do texto 2. Sua reescritura sem perda do significado original e sem desvio em relação à norma padrão do português é:
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“A despeito do impacto profundo destas ideias na sociedade ocidental, sua formulação e desenvolvimento não se deram sobre uma base empírica e quantitativa, marcando um divórcio progressivo de método e discurso entre a psicanálise e a biologia."
A) Incorreta.
Além do impacto profundo destas ideias na sociedade ocidental, sua formulação e desenvolvimento, não se deram sobre uma base empírica e quantitativa, marcando um divórcio progressivo de método e discurso entre a psicanálise e a biologia;
Alterou um conector concessivo por uma aditivo. A vírgula após desenvolvimento separa sujeito do predicado.
B) Incorreta.
A vírgula após desenvolvimento separa sujeito do predicado.
C) Incorreta.
O impacto destas ideias na sociedade ocidental foi profundo, mas sua formulação e desenvolvimento não se deram sobre uma base empírica e quantitativa, marcando um divórcio progressivo de método, e discurso entre a psicanálise e a biologia;
Foi inserido uma conjunção adversativa e na original era de concessão. Há bancas que aceitam essa troca e há outras que não. Não se coloca vírgula entre coordenação de adição.
D) Incorreta.
Não se pode dar uma pausa com ponto final a oração reduzida, pois possui relação sintática com a oração anterior. Deve ter dupla vírgula isolando a conjunção de conclusão “assim".
E) Correta.
A mudança está ótima. Oração intercalada com dupla vírgula corretamente. A oração é de concessão igualmente a original.
Gabarito: E
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Comentários
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A) "A despeito de" indica concessão e "Além de" indica adição - Incorreta
B) A vírgula após “desenvolvimento” separa sujeito e predicado. - Incorreta
C) Uso equivocado da vírgula antes do “e” - Incorreta
D) O advérbio “assim” deveria vir entre vírgulas - Incorreta
E) CORRETA
Gabarito na alternativa E
Solicita-se escorreita grafia da passagem:
Ainda que a banca solicite manutenção de sentido, pode o aluno resolver a questão apenas observando a adequação gramatical. Os erros estão destacados abaixo:
A) Além do impacto profundo destas ideias na sociedade ocidental, sua formulação e desenvolvimento, não se deram sobre uma base empírica e quantitativa, marcando um divórcio progressivo de método e discurso entre a psicanálise e a biologia;
Incorreta. A vírgula entre as palavras destacadas separa indevidamente o sujeito (sua formulação e desenvolvimento) de seu respectivo verbo (se deram);
B) Mesmo com o impacto profundo destas ideias na sociedade ocidental, sua formulação e desenvolvimento, não se deram sobre uma base empírica e quantitativa, marcando um divórcio progressivo de método e discurso entre a psicanálise e a biologia;
Incorreta. A vírgula entre as palavras destacadas separa indevidamente o sujeito (sua formulação e desenvolvimento) de seu respectivo verbo (se deram);
C) O impacto destas ideias na sociedade ocidental foi profundo, mas sua formulação e desenvolvimento não se deram sobre uma base empírica e quantitativa, marcando um divórcio progressivo de método, e discurso entre a psicanálise e a biologia;
Incorreta. A vírgula entre os termos destacados separa indevidamente os dois núcleos do complemento do nome "divórcio";
D) A despeito do impacto profundo destas ideias na sociedade ocidental, sua formulação e desenvolvimento não se deram sobre uma base empírica e quantitativa. Marcando assim, um divórcio progressivo de método e discurso entre a psicanálise e a biologia;
Incorreta. Temos dois problemas: a forma verbal "marcando" está semanticamente e sintaticamente ligada ao período anterior, servindo a este como oração reduzida e não podendo ser separada por ponto final sob pena de prejuízo à coesão; o termo "assim" é conjunção conclusiva que deveria estar isolada por vírgulas ou livre delas - a presença de apenas uma vírgula causa prejuízo a correção e a coesão textual;
E) A formulação e desenvolvimento dessas ideias, não obstante seu impacto profundo na sociedade ocidental, não se deram sobre uma base empírica e quantitativa, fato que marcou um divórcio progressivo de método e discurso entre a psicanálise e a biologia.
Correta. Presente estrutura é a única gramaticalmente adequada.
A letra E é a única que não possui desvio gramatical.
Todas opções, EXCETO A ALTERNATIVA E, apresentam termo catafórico DESTAS, quando deveriam usar o anafórico DESSAS.
Uma rara questão de pontuação!
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