É preciso corrigir a redação da seguinte frase:
Certo autor famoso dividiu um livro seu em duas partes: na primeira, contos realistas, na segunda, contos fantásticos. Resultado: tem-se a frustrada impressão de que ficou cada uma das partes amputada da outra, quando na realidade os dois mundos convivem. Por que chamar de invisível ou fantástico a esse mundo de que faz parte a caneta esferográfica com que vou abrindo caminho pelo papel como um esquiador sobre o gelo? Este é o mundo que se vê... e no entanto pertence ao mesmo mundo espiritual que está movendo a minha mão.
Um dia, num poema, ante esse frêmito que às vezes agita quase imperceptivelmente a relva do chão, eu anotei: são os cavalos do vento que estão pastando.
Invisíveis? Disse Ambrosio Bierce que, da mesma forma que há infrassons e ultrassons inaudíveis ao ouvido humano, existem cores no espectro solar que a nossa vista é incapaz de distinguir. Ele disse isso num conto seu, para explicar os estragos e as estrepolias de um monstro que "ninguém não viu".
Mas deixemos de horrores e de monstros - coisas de velhas e crianças - e acreditemos na cor dos seres por enquanto invisíveis para nós, como é chamado invisível este oceano de ar dentro do qual vivemos. Há muitas cores que não vêm nos dicionários. Há, por exemplo, a indefinível cor que têm todos os retratos, os figurinos da última estação, a voz das velhas damas, os primeiros sapatos, certas tabuletas, certas ruazinhas laterais: ? a cor do tempo...
(Adaptado de Mário Quintana, Na volta da esquina)
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Para responder adequadamente à questão, é crucial compreender o tema central, que é a crítica à divisão rígida entre o real e o fantástico. Mário Quintana sugere que essas duas esferas estão mais conectadas do que comumente se acredita.
A alternativa correta é a Alternativa D: "Por mais que se insista, a maioria das pessoas prefere acreditar que o real e o imaginário não se convergem, mas se afastam."
Justificativa para a Alternativa D: Esta alternativa é a correta porque reflete a ideia principal do texto: a crítica à crença comum de que o real e o imaginário são completamente separados. Quintana questiona essa separação, sugerindo que ambos coexistem e interagem.
Análise das Alternativas Incorretas:
A - "O autor não concorda, por julgá-la simplória, com a divisão que se costuma estabelecer entre o que é real e o que é fantástico."
Embora seja parcialmente verdadeira, essa alternativa não expressa a ideia de permeabilidade ou interação entre os dois mundos, que é fundamental no texto.
B - "Entre a realidade e a fantasia, argumenta o autor, nota-se muito mais permeabilidade do que se costuma admitir."
Esta alternativa está próxima do tema, mas não captura a crítica à persistente crença na separação, que é a essência da alternativa correta.
C - "O senso comum costuma optar pelas divisões mecânicas, ignorando quão complexa é a relação entre o real e o imaginário."
Ainda que mencione a complexidade, não enfatiza adequadamente a crítica à separação rígida, que é a ideia destacada por Quintana.
E - "Nem todos os povos do mundo consagram essa drástica divisão, aceita por nós, entre o que é material e o que é espiritual."
Essa alternativa desvia do foco central do texto, que é mais sobre a interação entre o real e o imaginário do que sobre práticas culturais de diferentes povos.
Estratégia para Resolução: Ao lidar com questões de interpretação de texto, busque identificar o tema principal e a intenção do autor. Veja o que está sendo criticado ou questionado e procure alternativas que abordem essa crítica.
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Comentários
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Porém fica a pergunta, por que o verbo convergir é não pronominal?
Simples, porque é um VERBO INTRANSITIVO!
Outros exemplos: PROLIFERAR e SOBRESSAIR
O aluno sobressaiu entre os demais.
Devemos combater o mosquito da dengue, caso contrário ele pode proliferar.
arthur Nobre Borges , você está absolutamente equivocado. A regra do "agem", "igem" e "ugem" só funciona com formação de substantivo com estas terminações. "Convergem" é verbo conjugado na terceira pessoa do plural no presente do indicativo. O erro é fazer do verbo "convergir", como disse acertadamente o colega Paulo, um verbo pronominal.
Uma salva de palmas ao PAULO SAMPAIO.
Fui pesquisando e encontrei isso daqui também (no site ciberdúvidas):
[Gostaria de saber se é possível utilizar o verbo convergir sem complemento:
"... à medida que as atitudes e os objetivos convergem."
Embora o verbo convergir se construa normalmente com preposição (“para”, “em” ou “sobre”) e respectivo complemento, pode ocorrer a supressão deste, porque perceptível pelo contexto, ou pode o verbo não apresentar complemento, se os elementos do sujeito (plural ou composto) convergirem um no outro, como, por exemplo, "Os nossos interesses convergem. ( = são convergentes)."]
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