Um verbo flexionado no plural por força de expressão, mas qu...
Leia o texto para responder às questões de números 01 a 10.
Vida de clichê
___O jornalista Humberto Werneck lançou seu O pai dos burros – Dicionário de lugares-comuns e frases feitas. Dono de um dos grandes textos da imprensa brasileira, ele passou quase 40 anos colecionando os clichês que sujam as páginas de jornais, revistas, livros. Aquelas palavras que, de tanto ouvi-las, são as primeiras a aparecer na nossa cabeça, na ponta dos nossos dedos. Foram ditas muitas vezes antes, não causarão nenhuma reação inesperada. Não provocarão nada, nem de bom, nem de ruim.
___Por que então os clichês são tão populares? Porque são seguros, é o que disseram gente brilhante como H.L. Mencken e Hannah Arendt. Ao repetir uma ideia velha, o que foi dito e redito por tantos antes de nós, nada sai do nosso controle. Também nada acontece. Uma nova ideia é sempre um risco, não sabemos aonde ela vai nos levar. E, na falta de ousadia, o que nos sobra é medo.
___Li todas as 208 páginas, os 4.640 clichês, para conhecer as palavras das quais deveria fugir. Desde então, adquiri um incômodo que não sai de mim. Ao colecionar lugares-comuns, Werneck espera nos instigar a pensar antes de sair escrevendo – ou falando. Caso o jogo de palavras venha muito fácil, é porque já foi dito tantas vezes que abriu um escaninho no nosso cérebro. Basta apertar uma tecla invisível e sai de lá pronto. Não custa nada, nem mesmo um esforço mínimo. “O tempo é o senhor da razão”, “a esperança é a última que morre”, “nunca antes na história deste país”...
___Clichês são letra morta. Palavras que nasceram luminosas e morreram pela repetição, já que a morte de uma palavra é o seu esvaziamento de sentido. Agarrar-se aos lugares-comuns para não ousar arriscar-se ao novo é matar a possibilidade antes de ela existir. Parece-me que os lugares-comuns vão muito além das palavras. A gente pode transformar nossa vida inteira num clichê. Não basta apenas pensar antes de escrever, na tentativa de criar algo nosso. É preciso pensar para viver algo nosso – antes de repetir a vida de outros.
(Eliane Brum. A menina quebrada e outras colunas de Eliane Brum.
Porto Alegre, Arquipélago Editorial, 2013, Adaptado)
Um verbo flexionado no plural por força de expressão, mas que, segundo a norma-padrão da língua, deve manter-se no singular, está em:
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Comentários
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C - ... o que disseram gente brilhante como H.L. Mencken e Hannah Arendt." (2º parágrafo)
O termo "gente" é um coletivo que, segundo a norma-padrão, deve ser tratado como singular. Portanto, o correto seria dizer "o que disse gente brilhante". A forma "disseram" está flexionada no plural por força da expressão, mas a norma padrão recomenda o singular.
Análise das demais alternativas:
A - ... os clichês que sujam as páginas de jornais, revistas, livros." (1º parágrafo)
Aqui, "clichês" e "páginas" estão corretamente no plural.
B - "Por que então os clichês são tão populares?" (2º parágrafo)
Os termos "clichês" e "populares" estão corretamente no plural.
D - "Palavras que nasceram luminosas..." (4º parágrafo)
"Palavras" está corretamente no plural e não há erro de concordância.
E - "... os lugares-comuns vão muito além das palavras." (4º parágrafo)
"Locais-comuns" e "palavras" estão corretamente no plural.
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