O autor do texto filia-se à Escola Literária
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Ano: 2021
Banca:
CETREDE
Órgão:
Prefeitura de Icapuí - CE
Prova:
CETREDE - 2021 - Prefeitura de Icapuí - CE - Professor PEB II - Língua Portuguesa |
Q1999133
Literatura
Texto associado
A lenda do rei capenga
Em certo reino um rei havia
De nobre estirpe secular
Que começou, um belo dia,
Do pé direito capengar.
Um calo enorme era o motivo
Que dava ao rei um tal cacoete:
Calo feroz, duro, agressivo,
Plantado sobre o real joanete.
Mas essa causa assim plebeia
Ficava mal de publicar;
E toda a corte teve a ideia
De andar coxeando, a capengar.
Príncipes, duques e marqueses,
Viscondes, condes e barões
Andavam, coxos e corteses,
Com mil mesuras a capengar.
Desde a nobreza solarenga
Ao camponês da rude grei,
Tudo no reino era capenga
Para “engrossar” o velho rei.
E o rei sorria, satisfeito,
Por ser benquisto e popular;
Não era mais nenhum defeito,
Naquele reino, o capengar.
Mas eis que, um dia, um tipo surge,
Em passo firme, andando bem
O povo, unânime, se insurge,
E a corte a fúria não contém.
Possessa, diz toda a cidade:
‒ Castigo dê –se -lhe, exemplar!
Crime é de lesa-majestade
Viver, aqui, sem capengar.
É preso o infame; e logo o júri
Se reúne ali dos cidadãos,
Para que o crime, enfim, se apure,
E o vil, da lei, caia nas mãos.
E clama o júri: ‒ o reino insulta!
O nosso rei tenta aviltar!
E ruge e freme a turbamulta,
De um lado a outro, a capengar.
Mas fala o réu: ‒ Por Jesus Cristo,
Não me mandeis para as galés!
Se ando direito é só por isto:
Eu sou capenga dos dois pés.
Bastos Tigre
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