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Q2004500 Educação Física
Um professor de Educação Física, como um educador profissional, pode caracterizar-se como objeto na medida em que, mesmo definindo objetivos, conteúdos e métodos para suas aulas, não percebe que essas aulas, muitas vezes, podem forjar alguns padrões de comportamento desejáveis apenas para determinados seguimentos da sociedade que determinam os rumos da escola. (...) (BARBOSA, CLÁUDIO Luís de Alvarenga. Educação Física e Didática. Um diálogo possível e necessário. 2ª ed. Vozes. S. Paulo. P. 16/7).
Julgue as considerações feitas por Luckesi, sobre o conteúdo em análise, com o código V (verdadeiro) ou F (falso). Após seu julgamento, marque a alternativa correta.
I. Mesmo que esse professor “tenha uma didática”, isso não significa que ele perceba os condicionantes sociais e políticos da educação.
II. Nesse caso, essa didática apenas reproduz um determinado modelo de sociedade, na medida em que prepara os alunos para se encaixarem harmonicamente nesse modelo.
III. Uma didática que se caracterize pela hipertrofia de técnicas, pela negligência na reflexão sobre a relação entre teoria e prática e pelo reducionismo dos fundamentos da prática educacional “tem muito pequeno papel na formação de um educador comprometido com um projeto pedagógico, tradutor e executor de um projeto histórico de desenvolvimento do povo”.
IV. Um professor de Educação Física, como um educador profissional, pode voltar seu foco didático, adaptando-o com adequação às técnicas de trabalho, sem comprometer o curso do projeto histórico, tampouco prejudicar o desenvolvimento e formação dos alunos.
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Segundo Luckesi (1984, p. 24), o educador “como objeto sofre a ação do tempo e dos movimentos sociais, sem assumir a consciência e o papel de interferidor nesse processo”. No caso de um professor de educação física, enquanto um educador profissional, ele pode caracterizar-se como objeto, na medida em que, mesmo definindo objetivos, conteúdos e métodos para suas aulas, não percebe que essas aulas, muitas vezes, podem estar forjando alguns padrões de comportamentos desejáveis apenas para determinados seguimentos da sociedade, que determinam os rumos da escola. Ou seja, mesmo que esse professor “tenha uma didática”, isso não significa que ele perceba os condicionantes sociais e políticos da educação. E nesse caso, essa didática apenas reproduz um determinado modelo de sociedade, na medida em que prepara os alunos para se encaixarem harmonicamente nesse modelo. Dessa forma, uma didática que se caracterize pela hipertrofia de técnicas, pela negligência da relação teoria-prática e pelo reducionismo dos fundamentos da prática educacional, “tem muito pequeno papel na formação de um educador comprometido com um projeto pedagógico, tradutor e executor de um projeto histórico de desenvolvimento do povo” (ibid., p. 29). 

Entretanto, esse educador torna-se um “construtor” da história na medida em que seu agir pedagógico seja consciente. Mas consciente de quê? Partindo do princípio de que consciência é o “atributo pelo qual o homem pode conhecer e julgar sua própria realidade” (FERREIRA, 2002, p. 177), no agir pedagógico consciente o professor percebe que sua ação docente nem sempre é livre de condicionantes externos. Portanto, o sentido de educador como sujeito da história é forjado pela percepção que esse educador tenha de que seu pensar, seu agir e seu falar na prática docente, muitas vezes, apenas “atende” aos interesses de quem o formou professor: em última instância, o Estado. A ação pedagógica não pode ser entendida como se fosse uma ação neutra. Ser sujeito da história pressupõe o entendimento de que o educador não exerce sua atividade isento de explícitas opções, mesmo que disso ele não tenha consciência (LUCKESI, 1984).Nesse sentido, seja qual for a perspectiva adotada para a educação física como disciplina escolar, essa só pode ser esboçada “no âmago da discussão de um projeto de educação escolarizada, projeto que, do início ao fim, é um projeto político. É um projeto político porque expressa uma intervenção em uma dada direção, buscando a manutenção ou a mudança de rota” (SOARES; TAFFAREL; ESCOBAR, 2000, p. 211).  

(LUCKESI, Cipriano C. O papel da didática na formação do educador. In: CANDAU, Vera (org.). A didática em questão. Petrópolis: Vozes, 1984. p. 23-30. )

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