Sobre o trecho: “Era inútil censurá-los ou repreendê-los” (l...
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Ano: 2025
Banca:
CPCON
Órgão:
Prefeitura de Nazarezinho - PB
Provas:
CPCON - 2025 - Prefeitura de Nazarezinho - PB - Assessor Jurídico
|
CPCON - 2025 - Prefeitura de Nazarezinho - PB - Assistente Social |
CPCON - 2025 - Prefeitura de Nazarezinho - PB - Enfermeiro |
CPCON - 2025 - Prefeitura de Nazarezinho - PB - Fiscal de Tributos |
CPCON - 2025 - Prefeitura de Nazarezinho - PB - Fisioterapeuta |
CPCON - 2025 - Prefeitura de Nazarezinho - PB - Médico |
CPCON - 2025 - Prefeitura de Nazarezinho - PB - Médico Veterinário |
CPCON - 2025 - Prefeitura de Nazarezinho - PB - Nutricionista |
CPCON - 2025 - Prefeitura de Nazarezinho - PB - Odontólogo |
CPCON - 2025 - Prefeitura de Nazarezinho - PB - Psicólogo |
Q3219842
Não definido
Texto associado
Texto I
O velho interrompeu subitamente a discussão e saiu sisudo, decepcionado antes com Emilie que com meus irmãos. Era inútil
censurá-los ou repreendê-los. Emilie colocava-se sempre ao lado deles; eram pérolas que flutuavam entre o céu e a terra, sempre
visíveis e reluzentes aos seus olhos, e ao alcance de suas mãos. Essa conivência de Emilie com os filhos me revoltava, e fazia com que
às vezes me distanciasse dela, mesmo sabendo que eu também era idolatrado. Tornava-me um filho arredio, por não ser um estragaalbarda, por não ser vítima ou agressor, por rechaçar a estupidez, a brutalidade no trato com os outros. No meu íntimo, creio que deixei a
família e a cidade também por não suportar a convivência estúpida com os serviçais. Lembro Dorner dizer que o privilégio aqui no
norte não decorre apenas da posse de riquezas.
— Aqui reina uma forma estranha de escravidão — opinava Dorner. — A humilhação e a ameaça são o açoite; a comida e a
integração ilusória à família do senhor são as correntes e golilhas.
Havia alguma verdade nesta sentença. Eu notava um esforço da parte de Emilie para manter acesa a chama de uma relação
cordial com Anastácia Socorro. Às vezes bordavam e costuravam juntas, na sala; e ambas conversavam sobre um passado e lugar
distantes, e essas conversas atraíam minha atenção. Permanecia horas ao lado das duas mulheres, magnetizado pelo desenho dourado
gravado no corpo vítreo do narguilé, nas contas de cor carmesim que formavam volutas ou caracóis semi-imersos no líquido nacarado,
e no bico de madeira que terminava num orifício delicado, como se fossem lábios preparados para um beijo. Mirando e admirando
aquele objeto adormecido durante o dia, escutava as vozes, de variada entonação, a evocar temas tão distintos que as aproximavam.
Anastácia impressionava-se com a parreira sobre o pátio pequeno, o telhado de folhas, suspenso, de onde brotavam cachos de uvas
minúsculas, quase brancas e transparentes, e que nunca cresciam; ela fazia careta quando degustava as frutinhas azedas, sem entender a
origem dos cachos enormes de graúdas moscatéis que entupiam a geladeira, o pomar das delícias, junto com as maçãs, peras e figos que
meu pai trazia do sul, bem como as caixas de raha com amêndoas, os saquinhos de miski, as latas de tâmaras e de “tambac”, o tabaco
persa para o narguilé. As frutas e guloseimas eram proibidas às empregadas, e, cada vez que na minha presença Emilie flagrava
Anastácia engolindo às pressas uma tâmara com caroço, ou mastigando um bombom de goma, eu me interpunha entre ambas e mentia
à minha mãe, dizendo-lhe: fui eu que lhe ofereci o que sobrou da caixa de tâmaras que comi; assim, evitava um escândalo, uma punição
ou uma advertência, além de deixar Emilie reconfortada, radiante de alegria, pois para fazê-la feliz bastava que um filho devorasse
quantidades imensas de alimentos, como se o conceito de felicidade estivesse muito próximo ao ato de mastigar e ingerir sem fim. A
lavadeira me agradecia perfumando minhas roupas; depois de esfregá-las e enxaguá-las, ela salpicava seiva de alfazema nas camisas,
lenços e meias, e, quando eu punha as mãos nos bolsos das calças, encontrava as ervas de cheiro: o benjoim e a canela.
HATOUM, Milton. Relatos de um certo Oriente. São Paulo: Companhia das Letras, 2008, p.46-47.
Sobre o trecho: “Era inútil censurá-los ou repreendê-los” (linhas 1 e 2), analise as assertivas.
I- Os termos em destaque são recursos de coesão referencial e retomam “irmãos”.
II- Os termos em destaque são recursos anafóricos, que retomam o termo “irmãos”, dito posteriormente.
III- Os termos em destaque são recursos de coesão por recorrência e se classificam como pronomes pessoais do caso reto.
IV- Os termos em destaque são recursos de coesão referencial anafóricos e são classificados em pronomes pessoais do caso oblíquo.
É CORRETO o que se afirma apenas em:
I- Os termos em destaque são recursos de coesão referencial e retomam “irmãos”.
II- Os termos em destaque são recursos anafóricos, que retomam o termo “irmãos”, dito posteriormente.
III- Os termos em destaque são recursos de coesão por recorrência e se classificam como pronomes pessoais do caso reto.
IV- Os termos em destaque são recursos de coesão referencial anafóricos e são classificados em pronomes pessoais do caso oblíquo.
É CORRETO o que se afirma apenas em: